Delegado Pablo Oliva falou sobre casos de refúgio do Amazonas (Foto: Suelen Gonçalves/ G1 AM)Ideologias políticas e motivos religiosos são usados como argumentos por muitos daqueles que pedem refúgio no Amazonas, sobretudo cubanos e venezuelanos. Do total de 1.118 refugiados que entraram no estado até outubro de 2016, 1.036 são de Cuba e Venezuela. Juntos, os dois países somam mais que todas as outras nacionalidades recebidas em 2015, quando 784 pessoas pediram refúgio no estado.
"Cuba e Venezuela são países que comprovadamente tem cidadãos contra a política de governo e por conta disso pedem o refúgio. O refúgio é uma das modalidades de permanência [no país], existem outras e não necessariamente os estrangeiros que estão aqui são refugiados. Existe visto para trabalho, para estudo, motivos religiosos como pastores e padres que vem para fazer ensinamento religioso ou prática de difusão religiosa", disse o delegado da Polícia Federal (PF), Pablo Oliva.
Segundo o delegado, a maioria dos pedidos de refúgio são feitos por homens, adultos e que vem com intenção de trabalhar e se estabelecer no Brasil. Ele cita ainda que são poucos os casos de estrangeiros legalizados no país que cometem crimes.
Procedimento
O titular da Delegacia de Imigração da Polícia Federal do Amazonas, Pablo Oliva, explica que os pedidos de refúgio são feitos ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o responsável pela análise das solicitações.
O solicitante preenche um formulário onde explica o motivo do pedido, dados pessoais, nacionalidade e afins. Os pedidos indeferidos são informados diretamente ao solicitante.
Após a decisão favorável do Conare, os refugiados são estrangeiros regulares e esse acompanhamento da regularidade é feito pela Polícia Federal. A regularidade pode ter temporária ou permanente, dependendo do tipo de pedido.
Requerimento
O G1 teve acesso a um formulário preenchido por um árabe da Palestina que pediu refúgio ao Amazonas. No documento, ele descreve como é a vida na terra natal e o que espera do Brasil.
"Nasci na Terra Santa, o berço da civilização, a terra do nosso senhor Jesus e de várias religiões, onde todos se cumprimentam com palavras de paz como shalom e salam, mas nunca vi esta paz, nunca vivi a paz, pois essa civilização mudou a terra para uma Guerra Santa. Tenho 23 anos e fui um bom filho, bom aluno e boa pessoa, mas, infelizmente isso não é suficiente na Palestina. Escolher ser neutro, evitar problemas e confusões não basta, pois sou perseguido de um lado pela inteligência de Israel que me acusa de participar de passeatas e manifestações [...]. De outro lado, sofria também nas mãos do Hamás por não participar em ações contra a ocupação de Israel [...]. Tomei a decisão de abandonar minha família, meu lar e toda a minha vida na Palestina dando um basta em tanto sofrimento e decidir vir para o Brasil, pois tenho parentes aqui e por ser um país onde não existe preconceito racial, religioso e também por ser um país que defende os direitos humanos".
Em outro trecho, homem cita objetivo de trazer a família e trabalhar no Brasil (Foto: Suelen Gonçalves/ G1 AM)
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