Construído no fim do século XIX no Centro de Manaus, o Teatro Amazonas completa neste sábado, 31 de dezembro, 120 anos de história, com traços e "pedaços" de todos os cantos do mundo, mas não deixa de simbolizar um dos maiores cartões postais da Amazônia.
Em 1881 iniciou-se a construção. Inicialmente frequentado pela elite da Belle Époque, o Teatro Amazonas já recebeu diversas óperas, shows, peças teatrais e muitos outros eventos que marcaram seus 120 anos.
A história de apresentações teve início no dia 7 de janeiro de 1897, quando foi realizada a apresentação da famosa Companhia Lírica Italiana, que encenou, em avant première, 'La Gioconda', de Amilcare Ponchielli.
Desde então, nomes como o tenor espanhol José Carreras, a banda White Stripes, o ex-integrante da banda Pink Floyd, Roger Waters, o violonista Yamandú Costa, a atriz e cantora Bibi Ferreira, e a grande dama do teatro, Fernanda Montenegro, se apresentaram em solo manauara, deixando suas marcas no teatro, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.
Para o maestro da Orquestra de Violões do Amazonas, Davi Lima, o Teatro Amazonas é um marco cultural que deixou um permanente legado ao estado. "É imponente, você pode perceber pela localização dele. É nele que as coisas acontecem. O Amazonas tem sido uma referência para cultura e uma das referências principais é o Teatro Amazonas", disse, em entrevista ao G1.
Ao recordar grandes momentos, Lima destacou o primeiro concerto regional com apresentação da Orquestra de Violões em 2010. "Nós tivemos um público gigantesco, nós tivemos que fazer récitas. Fizemos duas récitas nesse concerto, porque foi tão bonito ter o cenário, ter dança, citações a artistas regionais, que ficou na história. Essa coisa de que o Teatro é para burguês, isso não existe, o teatro é para todos, independente de situação financeira", disse.
Para alguns, a paixão pelo monumento vai além. A admiração pelo lugar fez o engenheiro elétrico Elim Saraiva marcar na pele o desenho do Teatro Amazonas. “Eu estava com uma ideia de fazer uma tatuagem regional, e não tem uma coisa mais manauara, mais amazonense que o Teatro Amazonas, né? Então a ideia do teatro foi essa, mostrar a área urbana que às vezes a gente deixa meio esquecida", contou.
Para o secretário de cultura Robério Braga, atividade cultural intensa no Teatro Amazonas é fundamental para toda a cidade e contribui para o desenvolvimento artístico da região. "O Teatro é tão importante que Manaus é a única cidade do mundo cujo símbolo é um teatro. Nem Paris, nem São Paulo, nem Londres, nem Rio de Janeiro, Milão, lugar nenhum do mundo é conhecido pelo seu teatro como Manaus, e cada vez mais, não só do ponto de vista arquitetônico, mas, principalmente nos últimos 20 anos, pela programação sua cultural intensa", contou.
A exuberância das características do Teatro é um espetáculo à parte. O salão nobre conta com 12 mil pedaços de madeiras nobres. Pau-brasil, jacarandá, pau-marfim, pinho de riga e carvalho são apenas encaixados, não há prego ou cola.
As paredes são decoradas com telas de linho lonado. Nelas, estão presentes a fauna, a floresta amazônica e imortais da literatura e músicas brasileiras. A principal tela faz alusão a "O Guarany", ópera de Carlos Gomes.
A obra mais importante está no teto e foi a última a ser concluída. Em "O Olimpo dos Artistas", anjos estão sobre a Floresta Amazônica. Trata-se de uma pintura em perspectiva do artista Domenico de Angelis. A obra levou dois anos para ficar pronta.
A cúpula chama a atenção e pode ser vista de vários pontos na área central da cidade. Ela é constituída de 36 mil peças em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida na Casa Koch Frères, em Paris, e possui um mosaico colorido em verde, azul e amarelo, uma menção às cores da bandeira brasileira.
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