quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Agentes carcerários relatam regalias para detentos em presídios do AM

Agentes terceirizados do sistema prisional do Amazonas denunciaram à Rede Amazônica uma série de regalias concedidas para detentos alojados em presídios do estado. Alguns presos, chamados "representantes", teriam acesso livre aos corredores das cadeias e até dispensa de revistas. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que vai apurar os relatos da categoria.

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REBELIÕES NO AM
Presídios tiveram 60 mortes em 24 h

Alguns agentes se reuniram, na terça-feira (3), para discutir melhorias no sistema prisional. A situação deles piorou após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que resultou na morte de 56 detentos no domingo (1º).

De acordo com um dos agentes, que não quis se identificar, os problemas enfrentados nas unidades já eram de conhecimento dos órgãos de segurança. Eles agora temem o retorno dos trabalhos nas unidades penitenciárias.

Entre as irregularidades foi citada a dispensa de revista para alguns detentos. Tudo com autorização dos diretores das unidades, segundo relata um dos agentes. De acordo com ele, pessoas ligadas aos representantes entravam sem passar pelos procedimentos de revista.

"Nós fazemos de tudo pra revistar os alimentos e os materiais que entram para os internos. Quando chega certo representante, com um bolo inteiro, ou um colchão que não passa pelo raio-x, eles [diretores] mesmo pegam e falam 'esse material aqui não é para ser revistado', porque é do representante 'fulano de tal' e entra assim mesmo dentro do presídio", disse um dos agentes.

Outro agente reforçou a denúncia. "Nas unidades prisionais parece que os internos são os agentes. Todo o momento que os agentes passam, são revistado. E o representante dos internos não pode ser revistado, anda sem algema nos corredores, e a direção é conivente com essa situação", contou.

Outra irregularidade apontada pelos agentes foi o pernoite de visitas nas noites de Natal e Réveillon. "A secretaria liberou para todas as unidades do Amazonas a pernoite dos internos, ou seja, a visita entraria de manhã cedo no dia 24, e sairia às seis da tarde do dia 25. E assim foi na virada do ano. Entraram de manhã e saíram às 17h do dia 1º. Só que dia 1º ocorreu esse sinistro aí na rebelião no fechado", relatou um agente.

Um ofício entregue em novembro do ano passado aos orgãos de segurança, pedia que as autoridades visitassem os presídos para que fossem constatadas as irregularidades. O documento relatava a falta de policiais nas unidades para previnir possíveis motins e rebeliões. Mais de 45 dias já passaram e, segundo os agentes, nenhuma visita foi feita.

"A categoria já notificou junto aos órgãos públicos competentes, mas, até o presente momento, não tivemos resposta e a empresa dá as costas para essa situação, devido o poder público não se manifestar", completou um terceirizado que não quis ser identificado.

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