sábado, 21 de janeiro de 2017

Moradores de comunidade em Maceió sofrem com infestação de bicho-de-pé

Oito crianças da mesma família estão com Bicho de Pé (Foto: Michelle Farias/G1)Oito crianças da mesma família estão com doença do bicho-de-pé na Levada, em Maceió (Foto: Michelle Farias/G1)

Moradores de uma comunidade carente no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, receberam neste sábado (21) um mutirão de saúde organizado por voluntários para acabar com uma praga de bicho-de-pé, infecção causada por pulgas que se alastrou entre os moradores do local, principalmente crianças.

Em um dos barracos na comunidade Sururu de Capote vive uma família com oito crianças. Todas elas estão com a doença em um estágio avançado. Letícia tem dois anos e é a caçula dos irmãos. Ela está com o pé tomado pela infecção, chora muito e reclama de dores.

“Não temos condições de comprar roupas e calçados para todos. Essa doença chegou e pegou todos eles. Eles reclamam de dor, que coça. Um dos meus sobrinhos teve que ficar alguns dias de cama porque não aguentava a andar”, afirma Maria das Neves da Conceição.

Casos mais graves foram encaminhados para o hospital (Foto: Michelle Farias/G1)Casos mais graves foram encaminhados para o hospital (Foto: Michelle Farias/G1)

O mutirão foi organizado por dois voluntários que se sensibilizaram com a situação das crianças. “Quando cheguei aqui e vi os pés dessas crianças, não aguentei. Tinha que fazer alguma coisa. Consegui doações de remédios, pomadas, gases, soro e luvas, para doar para a comunidade”, diz Carlos Jorge da Silva do Instituto Servir.

Ele diz que conseguiu voluntários da área da saúde para fazer os curativos nos pés das pessoas afetadas pela doença. “Temos enfermeiros, biólogos e técnicos de enfermagem que vão retirar as pulgas, aplicar o medicamento e ensinar como essas pessoas devem se tratar”, diz Carlos.

Camila tem 10 anos e está com os pés muito inflamados por causa da doença (Foto: Michelle Farias/G1)Camila tem 10 anos e está com ferimentos
inflamados nos pés (Foto: Michelle Farias/G1)

A bióloga Fernanda Araújo explica que a pulga se prolifera mais rápido na região porque há vários animais e não há saneamento básico.

“A pulga penetra na pele. Quando ela deposita os ovos, aí fica o estágio mais avançado, porque a pele fica com feridas escuras e muito inflamada”, afirma.

Segundo a bióloga, nos casos mais graves, as pessoas podem perder parte dos dedos e apresentar dificuldades de locomoção.

"O tratamento para a doença é retirar a pulga da pele. Isso é feito com pinça ou agulha. Só que todo material deve estar bem esterilizado, para evitar o contágio de outras doenças. Além disso, pomadas e antibióticos para os casos mais graves devem ser utilizados", diz Fernanda.

Aravés das doações, os voluntários fizeram a retirada das pulgas dos pés dos moradores da comunidade. Os casos em que a fêmea da pulga depositou os ovos na pele e os pés estão inflamados e com lesões graves foram encaminhados para o hospital.

"Nós fizemos um cadastro dos moradoes que estão com a doença para fazermos um controle e acompanhamento. Se algum órgão governamental quiser fazer o seu papel e ajudar a comunidade, nós disponibilizamos essa lista. Nós estamos aqui para ajudar", afirma o voluntário Carlos Jorge da Silva.

A prefeitura de Maceió informou que possui um projeto de urbanização da orla lagunar, mas a área onde fica a Sururu de Capote está cedida ao governo do estado para outro projeto de melhorias desde a gestão passada. Mesmo assim, o Município diz que presta serviços essenciais como iluminação e limpeza urbana.

Já a Secretaria de Estado da Infraestrutura afirma que não pode fazer o saneamento da região por causa de um projeto de reurbanização da prefeitura.

Falta de saneamento é uma das causas da proliferação da doença (Foto: Michelle Farias/G1)Falta de saneamento é uma das causas da proliferação da doença (Foto: Michelle Farias/G1)
Local sem saneamento e com vários animais soltos é propício para infestação da doença (Foto: Michelle Farias/G1)Local sem saneamento e com vários animais soltos é propício para infestação da doença (Foto: Michelle Farias/G1)
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