segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

OAB denuncia venda de drogas no sistema prisional de Juiz de Fora

A Comissão Carcerária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciou a existência de um comércio de drogas e celulares dentro do sistema prisional de Juiz de Fora. De acordo com a comissão, a suspeita recai sobre agentes penitenciários e advogados que levariam os materiais para as unidades, que estão superlotadas. De acordo com o presidente da Comissão, David Hallack, a prisão recente de um agente com drogas vai desencadear uma investigação aprofundada.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Sindicato dos Agentes foram procurados e ainda não enviaram posicionamento sobre o assunto.

Um agente penitenciário foi preso neste mês antes de tentar entrar com drogas no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp). “Portava certas porções de drogas e celulares. Esta prisão vai desencadear uma série de outras operações, então ainda está sob segredo de Justiça. Nós não podemos informar o nome do agente nem outras informações. Podemos afirmar que o fato ocorreu e ele está detido na Nelson Hungria”, disse David Hallack.

Para combater a entrada de drogas e celulares, em 2016, a Secretaria de Estado da Administração Prisional (Seap) instalou scanners nas unidades prisionais da cidade. São dois equipamentos no Ceresp e na portaria de acesso às penitenciarias José Edson Cavalieri e a Ariosvaldo Campos Pires. O equipamento é alugado e tem custo mensal de R$ 24 mil.

No entanto, o representante da OAB alega que a revista no scanner é só para os parentes dos presos. “Segundo informações, estes agentes públicos estariam sob a força de uma liminar que os impediria de passar pelo body scan. Há uma investigação também de determinados advogados que estariam procedendo desta forma, uma vez que os advogados se submetem somente ao detector de metal. Há uma investigação completa neste sentido”, comentou.

Para o presidente da Comissão Carcerária da OAB em Juiz de Fora, há um comércio instalado no presídio e no complexo penitenciário, não só de drogas, como também de celulares.

“Segundo informações, um celular em Juiz de Fora custaria R$ 3 mil. É um valor muito elevado. Um agente ingressando com três aparelhos pode fazer até R$ 9 mil, o que triplicaria o salário. Drogas também tem um valor elevado: um grama de maconha, por exemplo, gira em torno de R$ 100”, explicou.

Hallack destacou que a superlotação das unidades é um fator agravante da situação. "Nós já temos esse problema há muitos anos. No Ceresp, por exemplo, temos a capacidade de 332 e hoje nós estamos com 930. Em uma das penitenciárias, a professor Ariosvaldo Campos Pires, em torno de 900 quando a capacidade seria 400”, ressaltou.

Casos registrados
No ano passado, a Polícia Civil prendeu 13 pessoas em uma operação para apreensão de drogas na zona Leste de Juiz de Fora. Quatro delas comandavam o tráfico de dentro do sistema prisional. Um deles usava celular pra fazer apologia ao Estado Islâmico nas redes sociais de dentro da penitenciária Ariosvaldo Campos Pires

Na semana passada, duas ocorrênciass teriam relação com a presença de drogas e celulares. Na penitenciária José Edson Cavalieri doze detentos ficaram feridos durante um motim. Os presos teriam se revoltado por causa de buscas nas celas.

Durante as buscas, foram localizadas em duas celas 26 buchas de maconha, nove celulares, 13 carregadores de celular, quatro cabos USB, duas baterias e sete chuços (armas artesanais). Dois presos assumiram a propriedade de parte dos materiais.

No Ceresp, segundo a OAB, a briga teria sido após um agente suspeitar de um preso estar consumindo droga. Sete presos tiveram ferimentos leves e foram atendidos pelo setor de saúde da própria unidade.

saiba mais

0 comentários:

Postar um comentário