segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Polícia prende suspeitos de invasão à casa de vereador em Uberlândia

Polícia prende suspeitos de invasão à casa de vereador em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Primos alegam inocência e perseguição por parte do vereador de Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)

A Polícia Civil de Uberlândia prendeu temporariamente três pessoas suspeitas de envolvimento na tentativa de roubo registrada na casa do vereador Juliano Modesto (Solidariedade), no último dia 2 de outubro, no Bairro Custódio Pereira. Entre os envolvidos estão dois primos do político que já haviam trabalhado como assessores dele e alegaram que foram incriminados pelo vereador. O trio foi ouvido pela delegada Lia Valechi, na manhã desta segunda-feira (23), e apresentados à imprensa.

A prisão temporária foi decretada em desfavor de Duane Ribeiro da Silva, de 31 anos, Francielen Ribeiro da Silva, 39, Willian Pereira Sousa, 34, e um terceiro homem de 36 anos, conhecido como “Marinho”, que já estava preso no Presídio Jacy de Assis pelo crime de receptação. Outras duas pessoas investigadas, sendo pai e filho, estão foragidas.

De acordo com a delegada, os irmãos Duane e Francielen são primos de Modesto e fica demonstrada certa inimizade entre as partes. “Eles já trabalharam como assessores dele e tinham conhecimento da movimentação financeira que havia, além de a vítima ser desafeto desses suspeitos. Os autores estavam com os rostos cobertos no dia do crime, mas devido ao porte físico e a camiseta utilizada por um deles, o vereador havia reconhecido como sendo o Duane”, comentou Lia. 

Eles já trabalharam como assessores dele e tinham conhecimento da movimentação financeira que havia, além de a vítima ser desafeto desses suspeitos"
Lia Valechi, delegada

As investigações ocorrem desde outubro e apontam que o Willian, amigo de infância de Duane, teria perguntado a um sobrinho do Juliano sobre cofres na casa e que era capaz de cortar a orelha de uma das filhas do vereador por causa de dinheiro. Como os suspeitos sabiam que provavelmente haveria dinheiro na casa, a fim de pagar colaboradores da campanha eleitoral, esquematizaram o assalto.

“A Francielen também é uma das investigadas no crime. Havia uma inimizade grande entre os dois e ela chegou a fazer ameaças pelo Facebook dias antes dizendo que o pior ainda estava por vir. Investigamos se ela foi a mandante da tentativa de roubo”, ressaltou a delegada.

Fato ocorreu no dia das eleições
No boletim registrado pela Polícia Militar (PM) consta que, no domingo das eleições municipais de 2016, dois criminosos armados invadiram a casa do vereador Juliano Ribeiro Modesto no Bairro Custódio Pereira. A versão relatada foi de que o vereador chegou a trocar agressões com os criminosos, que fugiram sem levar nada.

As imagens de videomonitoramento coletadas estão em baixa qualidade, mas a polícia apurou que um indivíduo ficava vigiando a residência do vereador alguns dias antes do crime. Na madrugada do dia 2 de outubro, data das eleições municipais, dois autores adentraram a residência do candidato com revólver e encapuzados. Dois veículos deram cobertura, sendo que pelo menos quatro pessoas participaram do assalto.

Modesto acordou com o barulho e deparou com os criminosos. Durante o assalto, ele tentou fechar a porta de um dos cômodos da casa e chegou a ser agredido pelos suspeitos, conforme relato à polícia. A ação durou cerca de 40 minutos e não foi levado nada da casa. Quando os dois criminosos saíram, Juliano pulou o muro da casa e chegou a sofrer ferimentos, temendo que mais algum ladrão pudesse estar no local.

Primos se defendem
Francielen disse que o caso foi armado para colocar a culpa nela e no irmão, uma vez que os dois têm conhecimento de irregularidades cometidas pelo vereador. Entre elas estariam a compra de votos, pagamentos destinados à boca de urna e um roubo de veículo forjado para receber dinheiro do seguro.

Ele fazia a gente sacar dinheiro nos bancos [...] para pagar os votos comprados".
Duane Ribeiro, ex-assessor

“É armação! Ele não presta, vive armando para as pessoas. Agora nós vamos falar tudo o que sabemos. Nós temos provas, áudios deles [Modesto e assessores] falando que iam me matar, colocar droga na minha bolsa. Ele pagou o povo para roubar o carro para receber do seguro. Nós somos inocentes”, contou.

O ex-assessor parlamentar do primo negou participar do crime e também reforçou as acusações.

“Eu quero que prove se fui eu que estava lá, havia câmeras, é só provar. Três meses antes da campanha ele me exonerou e disse que me daria um cargo de R$ 5 mil depois que fosse eleito. Eu não quis por causa dos rolos que ele me obrigava a fazer. Ele fazia a gente sacar dinheiro nos bancos, principalmente notas de R$ 20, para pagar os votos comprados”, acusou Duane.

"Estou surpreso", diz Modesto
O G1 conversou com o parlamentar pelo telefone que disse estar surpreso com as acusações dos suspeitos e não confirmou se havia alguma inimizade entre ambos. Mas comentou que confia no trabalho da polícia e cabe a ela apurar as denúncias feitas.

Sobre as acusações, estou surpreso e também são necessárias provas. Mas confio no trabalho da Polícia Civil".
Juliano Modesto, vereador

“Se a Justiça decretou as prisões é porque há provas contra eles. Agora sobre as acusações, estou surpreso e também são necessárias provas. Confio no trabalho da Polícia Civil e vou acionar meu jurídico para averiguar os desdobramentos das investigações e depois irei convocar coletiva de imprensa para falar sobre o assunto”, disse.

Investigações
Ainda segundo a delegada Lia Valechi, algumas informações só foram repassadas pelos presos na coletiva de imprensa e não durante as oitivas. "Ainda não foram apresentadas provas que confirmem as denúncias dele, mas logicamente nós continuamos com as investigações. Caso surja evidências, os fatos serão apurados, inclusive se havia dinheiro com destinação à suposta compra de votos e boca de urna", finalizou.

O inquérito será concluído em 10 dias e os suspeitos devem ser indiciados por roubo tentado qualificado pelo emprego da arma de fogo e concurso de pessoas.

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