domingo, 5 de março de 2017

Violência física e psicológica contra a mulher lideram casos em Uberlândia

vítima violência contra a mulher (Foto: Adonias Silva/G1)Vítimas podem estar sofrendo vários tipos de violência até chegar a agressão física (Foto: Adonias Silva/G1)

Os crimes de violência contra a mulher em Uberlândia registraram queda de 16,11% em comparação aos dois últimos anos, conforme levantamento da Polícia Militar (PM), mas as estatísticas ainda preocupam. Em 2015, foram registrados 5.014 casos enquanto que em 2016 foram 4.673. Ainda que a violência física lidere o número de registros, a violência doméstica está longe de se tratar apenas da agressão propriamente dita e, nesse contexto, a violência psicológica também contribui para os números expressivos.

No último diagnóstico divulgado pela Secretaria de Estado de Defesa Social, a 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), com sede em Uberlândia, contabilizou 1.249 casos de violência física contra a mulher no primeiro semestre de 2016 e 1.013 casos de violência psicológica. Em seguida aparecem a violência patrimonial (125), moral (41) e violência sexual (34).

A violência psicológica ocorre quando a vítima sofre algum dano emocional ou tem a autoestima comprometida em casos de constrangimento ilegal, ameaça, perturbação do trabalho, atrito verbal, entre outros. Entende-se por violência patrimonial a retenção, subtração ou destruição de objetos pessoais ou instrumentos de trabalho, por exemplo. Já a violência moral trata-se de qualquer ação que possa configurar calúnia, difamação ou injúria.

Às vezes até chegar às vias de fato, os primeiros sinais de violência já ocorreram".
Camila Perdigão, tenente da PM

De acordo com a coordenadora da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PVD) na cidade, tenente Camila Perdigão, entender as tipificações do crime é importante para estimular as denúncias.

“Às vezes até chegar às vias de fato os primeiros sinais de violência já ocorreram. A mulher precisa ter autonomia. Se ela tem o celular vigiado, não pode conversar com ninguém ou começa a ser perseguida pelo ex-companheiro após o término do relacionamento, tudo isso pode configurar violência. Mas geralmente as denúncias só chegam quando ocorreu a agressão física”, comentou.
     
Patrulha auxilia e instrui vítimas
A PVD trabalha no combate aos crimes domésticos contra as mulheres, oferecendo atendimento especializado às vítimas. Quando a denúncia chega à Polícia Militar, as equipes da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica realizam a visita à família, orientam aquele suposto agressor sobre as punições ao qual está sujeito, com o intuito de evitar que a “perseguição” contra a vítima continue.

Em casos onde a vítima sente receios em oferecer a denúncia, ela é orientada sobre os direitos da mulher e dos atendimentos do Núcleo de Apoio à Mulher que, em parceria com o Município, desenvolve ações preventivas, atendimentos psicológicos e socioassistencial.

Advogada comenta desafios

A demanda de processos dessa natureza é muito grande e há escassez de funcionários capacitados para fazer valer os direitos da mulher"
Hélia Maria, advogada

Para a presidente da comissão da Mulher Advogada da OAB Uberlândia, Hélia Maria Pereira Azevedo, por mais que os números de violência doméstica venham caindo é preciso avançar muito no âmbito jurídico.

“No meu ponto de vista, infelizmente não estamos conseguindo ter nenhum avanço. A demanda de processos dessa natureza é muito grande e há escassez de funcionários capacitados para fazer valer os direitos da mulher. Também é necessário ter severa punição dos autores porque nossas leis estão muito brandas. Enquanto a parte contrária não tiver certeza que vai sofrer punição, ela vai continuar agredindo e matando”, alertou.

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