Ligações que geram furto de energia representam prejuízo anual de R$ 300 milhões, conforme empresa. Custo é repassado aos consumidores que pagam em dia.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) realizou nesta quinta-feira (27), em Divinópolis, um mutirão de inspeções com o objetivo de eliminar possíveis ligações irregulares, popularmente conhecidas como "gatos".
A empresa estima que existe um prejuízo de R$ 300 milhões com a prática clandestina, valor que é cobrado de quem paga as contas em dia.
O mutirão está ocorrendo ao longo da semana em dez cidades mineiras e a concessionária espera fazer 650 inspeções em medidores de consumo de energia e cerca de 5 mil cortes por inadimplência. O retorno financeiro estimado gira em torno de R$ 10 milhões.
De acordo com o engenheiro eletricista, Luiz Renato Fraga Rios, a verificação do consumo dos imóveis permite descobrir se existe alguma irregularidade no acesso à eletricidade.
"O leiturista que detecta uma possível irregularidade notifica o dono do imóvel e gera a inspeção. O padrão de energia é retirado e enviado a um laboratório credenciado pelo Inmetro. Se for constatada (a irregularidade), é feita uma análise do histórico de consumo. Com isso, pode se cobrar até 36 meses de consumo retroativo", detalhou.
O gerente de Gestão e Controle da Medição e das Perdas da Cemig, Marco Antônio de Almeida, afirmou que é engano pensar que as irregularidades estão restritas aos consumidores de baixa renda. "A prática permeia todas as classes sociais. É uma questão de cultura e estamos tentando combater isso", disse.
Ainda segundo a Cemig, a tarifa dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se não houvesse ligações irregulares e clandestinas na área de concessão. Por isso, a companhia investe em operações e possui um centro de inteligência que acompanha o consumo em tempo real de todos os clientes.
"Acompanhamos o consumo dos mais de 8 milhões de clientes e, além de fazer a rotina diária de inspeções através dessas avaliações de consumo, fazemos mutirões em todo o estado. Temos encontrado muitas irregularidades e, ao corrigi-las, conseguimos preservar a receita da Companhia", acrescentou.
Caso seja confirmada a irregularidade pela Cemig, o titular da unidade consumidora pode responder criminalmente, já que a intervenção é crime previsto no artigo 155 do Código Penal e prevê multas e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.
"Além da sobrecarga na rede elétrica, as ligações irregulares podem causar graves acidentes e danos aos equipamentos elétricos e queda na qualidade da energia, devido às constantes interrupções no sistema elétrico provocadas pela sobrecarga gerada pelo consumo irregular. Vale lembrar, ainda, que várias ocorrências de rompimento de fios e queima de transformadores são registradas devido a essa prática criminosa", concluiu Almeida.
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