Fotografia, dança, pintura, leitura e alfabetização são algumas das atividades que os pacientes do Hospital do Câncer desenvolvem por meio do projeto Alegrarte. Com o tema “Rio Uberabinha”, neste ano, crianças, adultos e acompanhantes estão visitando estações do rio para retratar tudo por meio da arte. Os trabalhos irão se transformar em livro.
Segundo o coordenador pedagógico do hospital, Leonardo Augusto de Almeida, o projeto é desenvolvido desde 2006. Tudo começou com uma oficina de pintura em tela. Em 2017, o projeto foi aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e foi ampliado com inserção de mais oficinas e passeios externos.
O tema foi escolhido durante uma reunião do coordenador com os artistas que oferecem as oficinas.
“Pensamos em coisas que passam despercebidas em Uberlândia. E o rio é uma delas. Todo mundo passa por ele, mas ninguém nota a beleza e só lembram que existe quando a água falta”, contou Leonardo.
Além das oficinas dentro do hospital, alguns pacientes participam de atividades externas. Durante o último mês, quatro lugares já foram visitados. No Praia Clube, Cachoeira do Sucupira, Clube Caça e Pesca e Parque Linear, crianças e adultos se divertiram, aprenderam e usaram a imaginação para fotografar e pintar, registrando tudo o que a natureza oferece.
Mais do que diversão e cultura, o projeto oferece benefícios ao tratamento. Segundo o coordenador, muitas pesquisas apontam que atividades pedagógicas melhoram a resposta ao tratamento.
"O câncer gera várias restrições às crianças. Na maior parte do tratamento, elas ficam ser ir à escola, atrapalhando a alfabetização e socialização. No projeto, elas se envolvem e se sentem mais ativas e vivas. Quanto mais motivado e confiante, mais resultado dá”, explicou.
O livro com as fotos, desenhos e pinturas das crianças será lançado em novembro.
Patrícia, de 36 anos, é mãe da Maria Eduarda, de 15. A adolescente foi diagnosticada com leucemia aos nove anos. Ela já acabou o tratamento e agora só vai ao hospital para acompanhamento e para participar do projeto.
“Quando estava internada, ainda não existia esse projeto, somente as aulas de pintura. No começo ela tinha medo de sair do quarto, mas depois que começou a pintar, ela adorava”, contou a mãe.
Segundo Patrícia, a menina não se deixou abater pela doença, sempre foi alegre, mas a pintura contribuiu para o bem-estar dela. “O projeto é muito válido, uma forma de elevar a autoestima da criança, pois tem muitas que se deixam abater pelo câncer”, disse.
A adolescente já pintou vários quadros. Alguns, inclusive, estão pendurados na parede do hospital. “Ela ama pintar e fotografar. Disse que queria ser fotógrafa quando crescesse. Aqui em casa é cheio de quadro dela também”, acrescentou a mãe.
Rafaella, de oito anos, foi diagnosticada aos cinco com um tumor no cérebro. A mãe, Luzinete, conta que, em meio a tantas internações, cirurgias, quimioterapia e exames para descobrir o tipo de tumor, a filha se apaixonou pela fotografia e pintura ainda no hospital. Atualmente, a menina volta à unidade somente para acompanhamento, mas também participa de todas as atividades do Alegrarte.
"Ela não sabia fotografar nem pintar quando estava internada. Poder sair do quarto para essas atividades a distraía bastante. Eles ficam alegres, até esquecem que estão doentes e em um hospital. Até eu me divirto, aprendi tudo também”, ressaltou a mãe.
Voluntários
A fotógrafa Cíntia Guimarães foi convidada por uma amiga, também voluntária, para ministrar a oficina no hospital há cerca de três anos. Toda segunda-feira ela passa a tarde com os pacientes, ensinando a usar as 16 câmeras que eles ganharam da Prefeitura e as técnicas básicas de fotografia.
Nesses três anos, muitos pacientes passaram pelo projeto e duas exposições já foram feitas. “Tem uns que já estão bem avançados. Eles tiram fotos e levam pra eu ver. Levam a sério a oficina. A gente sai de lá renovado”, contou.
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