segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Prefeitura de Cacoal adota medidas para combater aumento da população em situação de rua

Os artistas de rua, como malabaristas, serão amparados pela lei, desde que comprovem a atividade (Foto: Rogério Aderbal/G1)Os artistas de rua, como malabaristas, serão amparados pela lei, desde que comprovem a atividade (Foto: Rogério Aderbal/G1)

Os artistas de rua, como malabaristas, serão amparados pela lei, desde que comprovem a atividade (Foto: Rogério Aderbal/G1)

A prefeitura de Cacoal (RO), a 480 quilômetros de Porto Velho, iniciou uma ação para retirar pessoas que estão em situação de rua para levá-los a um abrigo, onde eles podem passar a noite. Porém, segundo o órgão, a maior parte deles prefere ficar nas ruas pedindo esmolas. Outra medida tomada foi o encaminhamento das pessoas em situação de rua para as cidades de origem.

Como forma de reverter o quadro, a administração municipal tenta conscientizar a população a não ajudar os moradores de rua com esmolas. Atualmente, segundo a prefeitura, em torno de 18 pessoas vivem nessa situação no município.

Ao G1, o secretário responsável pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho (Semast), Elias Moisés, revelou que desde o começo do ano a pasta vem realizando um trabalho com o objetivo de tentar convencer a população de rua a aceitar ir para o abrigo oferecido pela prefeitura, onde os que se interessarem podem permanecer internados para se livrar da dependência química, porém a resistência ainda é muita alta.

“Até que a casa de passagem da prefeitura fique pronta para receber os moradores de rua, conseguimos um abrigo que foi nos cedido e funciona em um centro de recuperação, onde eles podem passar a noite. Esse é um trabalho que já vendo sendo realizado deste o começo do ano. No entanto, a grande maioria prefere ficar nas ruas, mesmo passando frio, fome e muitas vezes sendo vítimas de violência. Isso tudo em razão do dinheiro que conseguem de esmola”, revela.

Para o secretário uma forma de retirar a população da condição de rua é conscientizar as pessoas a não ajudar os pedintes com esmolas.

“Hoje temos em torno de 18 moradores de rua, número considerado alto para a nossa cidade e, que tende a aumentar com os novos empreendimentos que estão sendo instalados no município. A grande dificuldade que encontramos é que, em razão do dinheiro que eles recebem com esmolas se recusam deixar as ruas, tendo em vista que alguns deles chegam a receber de R$ 50 a R$ 100 por dia. Assim, eles vão ficando nas ruas ingerindo bebidas alcoólicas e fazendo uso de entorpecentes. Outro problema é que muitos deles já foram diagnosticados com doenças psicológicas como esquizofrenia. Com isso, são violentos e acabam colocando em risco a vida deles e da população”, aponta.

Elias Moisés revelou também que nos últimos meses várias pessoas em situação de rua foram mandadas de volta para as cidades de origem. “Fizemos um levantamento e descobrimos que muitos têm família em outros municípios, com isso, conseguimos um recurso, compramos as passagens e embarcamos eles de volta para as cidades deles. O problema é que sai um e chega outro”, revela.

Casal de moradores de rua, Wadson e Alice, faz malabarismo no semáforo (Foto: Rogério Aderbal/G1)Casal de moradores de rua, Wadson e Alice, faz malabarismo no semáforo (Foto: Rogério Aderbal/G1)

Casal de moradores de rua, Wadson e Alice, faz malabarismo no semáforo (Foto: Rogério Aderbal/G1)

Outra medida que está sendo elaborada para conter o aumento da população em situação de rua é criminalizar a atividade de flanelinha em Cacoal. “Estamos montando um projeto de lei para ser encaminhado para a Câmara de Vereadores, no qual será proibido o serviço de flanelinha no município. Já os artistas de rua, como malabaristas e outros serão amparados pela lei, desde que comprovem a atividade. Também deverão ter lugar para se abrigar pelo menos à noite”, explica.

O G1 conversou com o casal Wadson Souto, de 28 anos e a companheira dele, Alice Cattane, de 38 anos. Os dois vivem há três anos nas ruas de Cacoal. Wadson conta que já foi agricultor e pintor de parede, mas em 2011 decidiu abandonar a família no Mato Grosso e se aventurar pelo mundo.

Segundo ele, já ficou internado seis meses para se livrar da dependência química em drogas. Hoje ganha a vida fazendo malabarismo em semáforos. “Tiro em torno de R$ 40 a R$ 80 por dia com malabares. Não me considero um pedinte, o dinheiro que ganho é fruto de meu trabalho”, revela.

O jovem revela também que após dois meses economizando conseguiu alugar um apartamento por R$ 300, onde passa a noite com a esposa. “Se eu achar alguém que se interesse por meu trabalho de pintor voltarei a trabalhar na área, mas enquanto não aparece nada vou tocando minha vida aqui mesmo na rua, com minha arte.”, conta.

Alice Cattane diz que há muitos anos é viciada em drogas e álcool e decidiu morar nas ruas para não incomodar a família. “Dependente químico e família não combinam, por isso preferi sair de casa. Graças que o Wadson apareceu em minha e está me ajudando a vencer o vício. Não acredito que centro de recuperação cura ninguém. É preciso ter força de vontade”, expõe.

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