sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Grupos de combate ao HIV lutam contra o preconceito em Juiz de Fora; 'Foi um divisor de águas', diz infectado há 17 anos

Neste mês serão realizadas ações de prevenção e combate ao HIV (Foto: PJF/Divulgação)Neste mês serão realizadas ações de prevenção e combate ao HIV (Foto: PJF/Divulgação)

Neste mês serão realizadas ações de prevenção e combate ao HIV (Foto: PJF/Divulgação)

Nesta sexta-feira (1º) é comemorado o Dia Mundial de Combate à Aids. Em Juiz de Fora, a data marca o início da campanha "Dezembro Vermelho", que terá programação especial com ações de prevenção.

De acordo com o gerente do Departamento DST/Aids na cidade, Oswaldo Alves Júnior, é importante que as pessoas façam exames periódicos para identificar possíveis infecções do vírus HIV. Ele destacou o tratamento como fator essencial para evitar o aumento de casos da doença.

“A adesão [ao tratamento] é importante, pois pode ser utilizada como medida de prevenção, uma vez que o usuário infectado pelo HIV tratado de forma adequada e mantendo sua carga viral indetectável não transmite o vírus para outras pessoas”, afirmou.

Juiz de Fora aderiu ao programa "Profilaxia Pré-Exposição ao HIV", em que o Governo Federal disponibiliza para quatro municípios mineiros uma nova tecnologia de prevenção combinada contra o vírus. O público-alvo é de pessoas que não estão infectadas e que possuam risco maior de contrair HIV: profissionais e estudantes da área da saúde.

“Neste programa, o usuário irá iniciar uma medicação prévia para, dessa forma, caso corra o risco, tenha uma chance mínima de ser infectado. Ele vai ter elegibilidade para utilizar o programa, será homem que faz sexo com homem, profissionais do sexo, gays, lésbicas, entre outros que a equipe multiprofissional do departamento irá fazer análise, com base em um protocolo pré-existente do Ministério da Saúde”, explicou.

Ação de prevenção contra AIDS será lançado em Juiz de Fora

Ação de prevenção contra AIDS será lançado em Juiz de Fora

Números da Aids

Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, atualmente, cerca de 4.500 pessoas realizam o tratamento em Juiz de Fora pelo programa DST/Aids. O estudo apontou que, em 2017, o número de testes aumentou e o de infectados diminuiu em relação a 2016.

Até 30 de outubro de 2017 foram 2.655 testes em homens, com registro de 83 infectados. Em todo o ano passado foram 2.225 testes e a infecção foi constatada em 112 casos.

Quanto às mulheres, neste ano foram aplicados 2.222 testes com 25 infecções. Já em em 2016, 1.847 foram testadas e 48 delas infectadas.

Grupos de apoio

Além do programa DST/Aids, outros grupos realizam trabalhos em Juiz de Fora em apoio às pessoas infectadas com HIV. Um dos casos é o Centro de Apoio e Solidaried'Aids (Grupo Casa) e do Grupo Espírita de Assistência aos Enfermos (Gedae), que estimulam a adesão por causa dos benefícios do tratamento.

Segundo a presidente do Grupo Casa, Rachel Renault, um dos maiores problemas enfrentados pelos portadores do vírus ainda é o preconceito. Por isso, a Organização Não-Governamental (ONG) trabalha para levar informação aos usuários.

“Realizamos um trabalho informativo e psicológico, juntamente com a assistência social, para que eles compreendam melhor a eficácia do tratamento em si e o quanto ele pode ser benéfico, se feito regularmente, o que significa melhor qualidade de vida para as pessoas”, disse.

Grupo Casa em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/ TV Integração)Grupo Casa em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/ TV Integração)

Grupo Casa em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/ TV Integração)

Para se ter uma ideia da importância do tratamento, a paciente, Maria Aparecida, faz o controle do HIV há 19 anos no grupo e nunca adoeceu. Durante todo o período, ela manteve a carga viral indetectável.

“Eu sigo as recomendações médicas e nunca tive problemas por causa da doença. Eu realizo exames de sangue pelo menos três vezes ao ano para verificar como está o HIV e sigo levando a vida normalmente”, contou.

O Gedae também desempenha um relevante trabalho de apoio para as pessoas portadoras do HIV. Segundo o presidente da instituição, Laércio Rocha, muitos pacientes são encaminhados para lá através do programa DST/Aids.

“Nós as recebemos e passamos a dar toda a assistência que elas necessitam, sendo psicológica, de alimentação, abrigo, agasalhos. A parte da saúde continua com o Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou.

Sede do Gedae em Juiz de Fora (Foto: Gedae/Divulgação)Sede do Gedae em Juiz de Fora (Foto: Gedae/Divulgação)

Sede do Gedae em Juiz de Fora (Foto: Gedae/Divulgação)

Fernando César Souza Sales é técnico em enfermagem aposentado e descobriu que estava infectado há 17 anos e se trata no Gedae.

“O HIV foi um divisor de águas, minha vida mudou a partir de então. Os hábitos começaram a mudar, tudo começou a mudar. Lidar com o vírus é uma coisa normal, é como lidar com diabetes, hipertensão. Eu lido com naturalidade e com muita fé”, afirmou.

Contatos com instituições de aconselhamento e apoio

  • Centro de Testagem e Aconselhamento
    Endereço: Avenida dos Andradas, nº 523, Bairro Morro da Glória
    Telefone: (32) 3690-7505
    E-mail: ctadst@pjf.mg.gov.br
  • Grupo Casa: Centro de Apoio Solidarie’Aids
    Endereço: Rua Carlos Palmer, nº 170, Bairro Vila Ozanan
    Telefone: (32) 3217-5208
    E-mail: contato@grupocasa.org.br
  • Grupo Espirita de Assistência aos Enfermos (Gedae)
    Endereço: Rua Professor Luís Viana, nº 1.340, Bairro Nossa Senhora de Lourdes
    Telefone: (32) 3215-7901

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