A participação dos adolescentes na criminalidade é retratada nas estatísticas em Juiz de Fora, na Zona da Mata e de São João del Rei e Barbacena, no Campo das Vertentes. Delegados e Conselheiro Estadual para Criança e Adolescente analisaram os resultados e indicaram que a alternativa é investir em políticas públicas para ocupar e apresentar outras opções aos menores de idade.
A Polícia Civil de Juiz de Fora disse que em 80 dos 342 homicídios ou tentativas registradas na cidade teve a participação de menores de 18 anos. Ou seja, um a cada quatro casos. Uma estatística que se manteve em relação a 2015.
De acordo com dados do 13º Departamento Regional da Polícia Civil, nos últimos cinco anos, houve participação de adolescentes em 16 homicídios consumados e 20 tentativas e ainda em 45 roubos e nove tentativas. Em todas as situações registradas em Barbacena e São João del Rei, os envolvidos foram apreendidos.
Juiz de Fora
De acordo com a Polícia Civil, em 63 dos 80 homicídios e tentativas, os adolescentes tinham 16 e 17 anos. Os outros 17 foram com adolescentes com idade entre 13 e 15 anos. O titular da delegacia de Homicídios, Rodrigo Rolli, explica que já houve situações que surpreenderam até os policiais.
“A inspetoria pegou um caso na zona Norte com de um menino de 11 anos. Uma criança, nem considerado pela lei um adolescente, onde ele e o irmão de 16 anos mataram um indivíduo de 22 anos. Aí com 13, 14, 15 anos, eles estão cada vez mais inseridos", disse o delegado.
O conselheiro estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Claudinei Lima, aponta como uma das explicações para o aumento na participação dos menores nesse tipo de crime a falta de investimento em políticas públicas.
“Deveria ser o contrário, massivamente nas várias comunidades, as políticas desde a creche pensando na infância, nas situações de vulnerabilidade pessoal e social que envolvem crianças adolescentes e seus familiares”, criticou.
Para o conselheiro, é preciso as ações eficientes na prevenção a criminalidade. “A criança que começa a ter acesso à droga, se não tem acesso a uma política que vá corrigir esta questão, começa a cometer crimes para ter acesso à droga, porta aberta para a criminalidade. Aí entram as políticas massivas de esporte, lazer e cultura que ocupem o tempo e permitam enxergar outro caminho", destacou Claudinei Lima.
Em nota, a Polícia Militar (PM) que informou que desenvolve atividades para a prevenção e redução dos crimes considerados violentos. Algumas voltadas pra crianças e adolescentes, como a Patrulha de Policiamento Escolar e de Prevenção à Violência e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). A 4ª Região da PM destacou os projetos Brasileirinho desenvolvido com crianças do Bairro São Benedito e o Jovens para o Futuro, que oferece atividades como jiu-jitsu, artesanato e aulas de música.
Prefeitura e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) possuem serviços e programas que acolhem os adolescentes, com atividades ligadas ao esporte, lazer, cultura, convivência com a comunidade e assistência psicossocial. (veja no vídeoacima)
Campo das Vertentes
De acordo com o Delegado Regional de São João del Rei, Marcos Atalla, as principais ocorrências que envolvem menores no Campo das Vertentes geralmente estão associadas ao tráfico de drogas, roubo e homicídio. Ele destacou a necessidade de ações de ressocialização para os adolescentes infratores.
“São números muito grandes para a nossa comunidade, a gente precisa ter uma atenção especial. A atuação policial é necessária, mas também a parte administrativa, ou seja, o Estado presente para que este menor seja internado, mas não em um local qualquer mas um local que não volte pior que entrou", disse o delegado.
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