sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Defensoria já atendeu famílias de 41 dos 64 presos mortos em Manaus

Famílias começaram a ser atendidos nesta sexta-feira (20) (Foto: Divulgação/ Defensoria Pública do Estado do Amazonas)Famílias começaram a ser atendidos nesta sexta-feira (20) (Foto: Divulgação/ Defensoria Pública do Estado do Amazonas)

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) atendeu, na manhã desta sexta-feira (20), mais de 200 familiares de detentos no procedimento de cadastro de pleiteantes a indenizações em função da morte de 64 presos durante rebeliões nos presídios de Manaus entre os dias 1° e 8 de janeiro. Ao todo, parentes de 41 detentos mortos compareceram na DPE-AM nesta sexta-feira. O atendimento será novamente feito entre 8h e 14h, neste sábado (21), na rua 24 de Maio, no Centro de Manaus.

O defensor público Carlos Almeida Filho, da 1ª Defensoria Especializada de Atendimento de Interesses Coletivos da DPE-AM, explicou que houve casos de mais de uma pessoa procurar o direito à indenização relacionada ao mesmo morto, como também houve registro de familiares de presos mortos de forma violenta, na condição de tutelado do Estado, em rebeliões de anos anteriores.

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Carlos Almeida informou que todos que procuraram a DPE-AM hoje foram atendidos, mas que o cadastro deste momento é relacionado aos 64 mortos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), UPP (Unidade Prisional do Puraquequara) e da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa neste início de ano. Os demais casos serão analisados de forma separada pela Defensoria Especializada de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.

“Foi feito o cadastro das famílias vinculadas aos presos assassinados neste início de ano. Há casos em que vieram tanto a ex-esposa como a atual companheira. Vamos verificar a relação e a dependência econômica. Isso é parte do procedimento normal”, afirmou.

Outros pedidos
O defensor público Roger Moreira de Queiroz, da Defensoria  Especializada de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, afirmou que novos procedimentos podem ocorrer, independentemente da ação de indenização, a partir do cadastro de famílias feito nestes dois dias. “As pessoas trouxeram outras informações e pedidos. Atendi a uma moça que o parente dela não foi morto e nem está mais foragido, mas ela disse que ele foi recapturado e está baleado e sem o atendimento necessário”, ressaltou.

O valor do teto da indenização, de acordo com o defensor Carlos Almeida, foi definido com base nos precedentes dos tribunais superiores. “Esses valores foram ajustados com a Procuradoria Geral do Estado e, apesar da não formalização da questão, esperamos que sejam observados”, disse.

Documentação
Os documentos necessários são: certidão de óbito e documentos que comprovem a relação de parentesco e de dependência econômica entre os pleiteantes da indenização e os detentos mortos. Os familiares precisam apresentar documento de identidade e comprovante de residência. Carlos Almeida informou que houve atendimento da mãe de um bebê ainda não registrado e de um mulher grávida. Em ambos os casos, as mulheres indicaram que as crianças são filhas de presos assassinados. “O procedimento neste caso será encaminhar o pedido de exame de DNA para a comprovação do parentesco”, explicou.

O defensor disse, ainda, para os casos em que for comprovado o direito de mais de um pleiteante por morto o valor da indenização será dividido entre eles. “Se forem três pessoas com direito a indenização, este valor será dividido entre os três”, explicou.

Os funcionários da DPE-AM identificaram que havia casos em que as famílias tinham necessidade de atendimento assistencial e psicológico e encaminharam para o Núcleo Psicossocial da Defensoria. Houve atendimento em que as mães choraram enquanto contavam como descobriram que os filhos estavam mortos. Em outro caso, familiares relataram que vieram de outros municípios e até de outros Estados para ter notícia dos filhos após a rebelião e não têm condições financeiras de voltar para suas cidades.

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