domingo, 22 de janeiro de 2017

Índia, mãe de 10 filhos sustenta a família vendendo origami no Piauí

Arte do origami desenvolvida por Maria da Conceição (Foto: Elyo Teixeira/G1)Arte do origami desenvolvida por Maria da Conceição (Foto: Elyo Teixeira/G1)

Pedaços de papeis, mãos e criatividade para ganhar a vida. São estes os ingredientes usados pela artista Maria da Conceição de Almeida, de 54 anos, para sobreviver e sustentar sua família. A mulher desenvolve a arte de origami, expressão que provém do japonês e significa arte de dobrar o papel. Mãe de 10 filhos, ela cria, desenvolve e vende suas artes na Avenida Frei Serafim, uma das mais movimentada do Centro de Teresina.

Mulher aprendeu a arte em uma aldeia indigena (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Mulher aprendeu a arte em uma aldeia indigena
(Foto: Ellyo Teixeira/G1)

Descendente de índios e natural da cidade de Águas Belas, no estado de Pernambuco, a mulher veio ao Piauí há mais de 20 anos e para sustentar a família, teve que desenvolver seus conhecimentos adquiridos na aldeia. “Aprendi a fazer origami com meu povo. Quando cheguei em Teresina, tive muita dificuldade para arrumar emprego e por isso comecei a desenvolver o que mais sei fazer, a arte de dobrar papeis. Foi assim que consegui criar meus 10 filhos”, disse.

Artista vende origami para criar filhos (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Artista vende origami para criar filhos
(Foto: Ellyo Teixeira/G1)

Maria da Conceição mora com o marido, flanelinha, e mais três filhos em uma quitinete emprestada. Segundo ela, a família ainda sobrevive com dificuldade porque as vendas estão escassas. “Tem dia que consigo apenas um dinheiro para comprar uma refeição para mim e divido com meu marido, que também recebe apenas as moedas que os donos de veículos dão para ele”, contou.

Ali pertinho, o marido observa e apoia o trabalho da mulher. Para ele, a esposa é uma doutora no que faz. “Ela é uma mestra, uma doutora na arte, a única diferença é que ela não trabalha com caneta e sim com papel. Somos humildes e passamos necessidade, mas isso não faz com que a gente perca a esperança de dias melhores e mais dignidade. Moramos em um lugar apertado que foi emprestado por um amigo, mas está bom, pois tem gente que não tem nem isso”, afirmou o homem emocionado.

Taxista há 15 anos, o motorista João Valter Bezerra trabalha em um ponto perto de onde a mulher vende suas obras. Ele disse que nos primeiros dias achou estranho, mas no decorrer do tempo passou a apreciar a arte e virou cliente da senhora. “Eu já presenteei várias pessoas da minha família com a arte da dona Maria. Eu encomendo e depois passo para pagar e buscar. Gosto muito das artes dela”, elogiou.

Maria da Conceição disse que não rejeita trabalho e que o cliente passa no local e encomenda, mas que a maioria das artes vem de sua criatividade. “Eu faço baterias de papel, panela, aves e outro bichos, mas também faço o gosto do cliente. Cada peça varia de R$ 5 a R$ 50. Não tenho medo de trabalhar”, relatou.

Para comprar o material, ela disse contar com a ajuda de amigos e do lucro com a venda das peças. Dependendo da arte, o tempo para ser finalizada varia de 30 minutos a até três dias.

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