(Foto: Reprodução/Rede Amazônica)
O médico Carlos Jorge Cury Mansilla, que teve o registro cassado por mutilar pacientes em cirurgias no Amazonas e Rondônia, foi afastado do cargo no Hospital Regional de Guajará-Mirim (RO), na fronteira com a Bolívia, nesta segunda-feira (30). Conforme a unidade hospitalar, Cury estava atuando como clínico geral na cidade desde 2016.
Por telefone, o diretor temporário do Hospital Regional, Ernesto Duran Neto, informou que o médico trabalhava na unidade há cerca de 20 anos como clínico geral e cirurgião, mas que ele retornou às atividades em 2016, depois de conseguir na Justiça a anulação da suspensão do Conselho Regional de Medicina (CRM), desde 2013.
Segundo o servidor, nesse período de retorno não houve nenhuma denúncia de irregularidades contra Carlos Mansilla em serviços prestados no município.
O diretor contou ainda que Cury estaria de plantão na manhã desta segunda-feira, mas foi substituído por outro médico devido à cassação do CFM, embora a direção não tenha sido comunicada oficialmente sobre a decisão.
Procurado pelo G1, o atual secretário municipal de saúde (Semsau), Adanildson Sicsú Gomes, preferiu não se pronunciar sobre o assunto, mas alegou que a Semsau ainda não recebeu nenhuma notificação oficial sobre a cassação.
O servidor disse também que Cury estava no quadro de médicos cirurgiões do Hospital Regional e que foi afastado da unidade provisoriamente; a secretaria aguarda ser notificada para providenciar a contratação de um novo médico cirurgião.
Ele é acusado de ter atuado de forma irregular como cirurgião plástico em cidades do Amazonas e Rondônia em 2013, e ter mutilado pelo menos 30 mulheres nos dois estados; o cirurgião responde a 15 processos na Justiça por complicações pós-cirúrgicas e a morte de uma paciente.
Ao G1, nesta segunda-feira, o médico disse que foi orientado pelo advogado dele, Christhian Naranjo, a não dar entrevistas, mas informou que já está sabendo da decisão e que a defesa vai entrar com um recurso na Justiça para tentar reverter a decisão do CFM.
Denúncias
As denúncias contra Cury surgiram no ano de 2013, quando ele foi acusado de mutilar mulheres em diversos procedimentos. Os casos mais comuns são de cirurgias plásticas de lipoescultura, mamoplastia, abdominoplastia e cirurgias no nariz.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), foram 16 mulheres mutiladas e uma morte confirmada. Ele foi indiciado ainda em 2013, quando foi selecionado para trabalhar na cidade de Águas Lindas de Goiás (GO) através do Programa Mais Médicos, do governo federal.
CFM
O conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, declarou que a cassação do cirurgião foi baseado em dois procedimentos mal sucedidos, um de uma cirurgia plástica do abdômen e uma bariátrica para correção de obesidade, mas que Cury não tinha especialização na área e atuava como falso cirurgião plástico.
"Nessa paciente, ele retirou cerca de 6 kg de gordura e é óbvio que esta paciente veio a óbito. O mais grave da situação toda é que o doutor Carlos Cury se intitulava especialista e, na verdade, ele não é. Portanto, ele foi enquadrado como imperito. Ele não tinha a qualificação para fazer esse tipo de procedimento. Ele foi enquadrado como imprudente e negligente quando fez um procedimento sem menores condições ambientais. Portanto, ele foi cassado do exercício profissional da medicina", disse o conselheiro.
Todos os 27 membros do Conselho votaram a favor da cassação. A decisão ocorreu na sexta-feira (27).
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