sábado, 14 de janeiro de 2017

Moradores fazem limpeza e avaliam prejuízos após temporal em Manaus

Estudante Evely retirou água e lama da casa que foi alagada durante chuva (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Estudante Evely retirou água e lama da casa que foi alagada durante chuva (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

Após o forte temporal que atingiu Manaus, moradores da Zona Sul, área mais afetada da cidade, contabilizaram os prejuízos neste sábado (14). Vários bairros da região registraram alagamentos. Casas foram invadidas pela água de igarapés e córregos, destruindo móveis e eletrodomésticos. A chuva provocou ainda deslizamentos de terra, que derrubaram pelo menos duas residências no bairro Mauazinho, na Zona Norte.

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As fortes chuvas que iniciaram na manhã de sexta-feira (13) causaram diversos transtornos. Até às 16h, a Defesa Civil de Manaus registrou 13 chamados na central de emergência 199. Os locais mais afetados foram bairros da Zona Sul: Japiim, Distrito Industrial I e Petrópolis. Outras ocorrências também foram registradas no Mauazinho.

Entretanto, segundo moradores, muitas ocorrências não foram registradas. O G1 foi a alguns locais afetados pela chuva e constatou que a situação de danos nos bairros foi ainda maior.

No loteamento Parque Mauá, no bairro Mauazinho, mais de 30 famílias tiveram suas residências alagadas pelas águas de um córrego que transbordou na Rua do Areal. Moradores relatam que o alagamento ocorreu após novas tubulações serem instaladas no córrego da via, em setembro de 2016. 

Casa foi quase totalmente destruída em deslizamento de terra (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Casa foi quase totalmente destruída em deslizamento de terra (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

"A prefeitura colocou essa tubulação depois, mas o serviço não foi feito corretamente. Com a chuva forte de ontem o canal transbordou, porque a água não conseguia passar pela tubulação e alagou toda a rua. Parecia um rio e água subiu tanto que invadiu muitas casas", relatou Paulino da Costa, de 55 anos.

Na manhã de sábado, os moradores avaliaram os prejuízos do temporal e removeram a lama das residências. A dona de casa Olita Monteiro Magalhães, de 50 anos, teve a casa invadida pela água, o que danificou eletrodomésticos e móveis. Há 20 anos residindo no local com a filha e os netos, a dona de casa disse que nunca tinha vivenciado um temporal tão severo.

"A água subiu mais de 30 centímetros dentro de casa. Meu freezer molhou e não funciona. Deu uma tristeza ver que tudo foi para baixo d'água", lamentou Olita.

Dona de casa Olita perdeu eletrodomésticos depois que as águas invadiram a casa (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Dona de casa Olita perdeu eletrodomésticos depois que as águas invadiram a casa (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

A poucos metros da casa de dona Olita, a estudante Evely Santos, de 18 anos, tentava retirar a lama e água de dentro da casa, onde mora com a mãe e três irmãos. No dia anterior, a jovem tentou sem sucesso impedir que a água invadisse o local.

"Essa é a segunda vez que água entrou em casa, mas dessa vez foi pior. Começamos a tirar a água na hora da chuva. Quando vimos que não tinha mais o que fazer desistimos. Ficamos ilhados dentro de casa. As crianças estavam com muito medo porque estava descendo muita água no barranco de trás", afirmou a estudante.

A angústia de ter a casa invadida pelas águas também foi vivenciada pela dona de casa Rosane Márcia, de 28 anos. Além das águas terem alagado o imóvel alugado, onde ela mora com cinco filhos, um barranco cedeu e derrubou parte do muro. O risco de um novo deslizamento de terra aflige a mulher, que já tinha deixado uma área de risco.

"Na hora da chuva tentei salvar o que podia. Pendurei os colchões, mas o freezer danificou. O barranco caiu na parte de trás, arrastando árvores e derrubando o muro. Quando o barranco caiu, saí de casa com meus filhos, mas tive que voltar a noite para dormir com medo, porque não tinha para onde ir. Já recebo os R$ 300 de auxílio aluguel da prefeitura depois que deixei há dois anos a casa em cima do barranco, e agora estou novamente nessa situação", desabafou Rosane.

Barranco que caiu derrubou muro de casa no bairro Mauazinho (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Barranco que caiu derrubou muro de casa no bairro Mauazinho (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

O deslizamento de terra em um dos barrancos da Rua do Areal também destruiu, além de móveis, o lar de duas famílias. Por volta das 10h30, o barranco desmoronou destruindo quase totalmente a casa da empregada doméstica Maria Marcelene Silva dos Santos, de 41 anos.

Na hora do deslizamento não havia ninguém em casa. A cozinha e o quarto do imóvel foram derrubados. Cama, geladeira, lavadora de roupas e outros pertences ficaram soterrados. "Quase um ano construindo minha casa, com tanto esforço, e todo o trabalho se acaba assim, tão rápido, no piscar de olhos", lamentou a doméstica, que morava com o filho de 15 anos no local.

A filha de Maria Marcelene também amargou prejuízos. A casa que fica no terreno ao lado foi atingida pelo barranco e teve o quarto danificado. As duas famílias afirmam que acionaram a Defesa Civil de Manaus, mas, até a manhã deste sábado (14), nenhuma equipe do órgão esteve no local.

Barranco voltou a ceder na rua Quinze de Janeiro, no bairro Mauazinho (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Barranco voltou a ceder na rua Quinze de Janeiro, no bairro Mauazinho (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

No momento do temporal, a dona de casa Regiane Monteiro da Costa, de 32 anos, mesmo depois de ter sido submetida a uma cirurgia há poucos dias, também tentou salvar pertences da família. "Foi tudo muito rápido e a água invadiu, molhou os móveis todos", comentou.

Em nota, a Defesa Civil Municipal informou que uma equipe esteve nos locais citados pela reportagem. "Foi feita a vistoria e um levantamento que já foi encaminhado à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) para providências, segundo o órgão.

"Na segunda-feira (16), uma equipe da Seminf estará no local tomando providências para evitar desastres. O bairro do Mauazinho já é monitorado por ser o bairro com o maior número de construções em área de risco geológico, inclusive com a ajuda da população por meio do Núcleo de Proteção e Defesa na Comunidade", informou o órgão de Defesa.

Casas foram invadidas pelas águas que danificaram móveis e eletrodomésticos (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Casas foram invadidas pelas águas que danificaram móveis e eletrodomésticos (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Córrego transbordonou durante temporal e moradores reclamam de obra (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Córrego transbordonou durante temporal e moradores reclamam de obra (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Casa teve cômodos destruídos e móveis soterrados no loteamento Parque Mauá (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Casa teve cômodos destruídos e móveis soterrados no loteamento Parque Mauá (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Imóvel ao lado também foi atingido durante deslizamento de terras (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Imóvel ao lado também foi atingido durante deslizamento de terras (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

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