domingo, 22 de janeiro de 2017

Presídio onde ocorreu massacre passa por revista, em Manaus

Revista ocorreu na manhã deste domingo (22) (Foto: Divulgação/SEAP)Revista ocorreu na manhã deste domingo (22) (Foto: Divulgação/Rocam)

O Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no km 8 da BR-174 - palco do massacre em que foram mortos 56 presos no primeiro dia de 2017 - passou por revista, na manhã e tarde deste domingo (22). A ação é realizada com apoio de equipes do Centro de Operações Especiais (COE) e Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam).

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REBELIÕES NO AM
Presídios tiveram 60 mortes em 24 h

A Secretaria de Estado de Administração Penintenciária (Seap) deve divulgar um balanço da ação ainda nesta tarde. Na última fiscalização na unidade prisional, no dia 6 de janeiro, um rifle calibre 22 foi encontrado no local.

Esta é a terceira revista realizada no Compaj desde a rebelião mais violenta já registrada entre as penitenciárias do Amazonas, no dia 1º de janeiro. O local ainda segue com banho de sol e visitas suspensas.

Rebeliões e fugas
Desde o dia 1º de janeiro, o sistema prisional do estado registrou fuga de 225, rebeliões e um massacre que resultou de 64 mortes de detentos. Presos chegaram a postar foto com armas antes de uma das rebeliões, o que aponta para a existência de sinal de celular dentro das unidades.

A rebelião que aconteceu no Compaj durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, como "o maior massacre do sistema prisional" do Amazonas. Ao todo, 56 foram mortos dentro do presídio entre 1º e 2 de janeiro.

Na tarde de segunda (2), outros quatro presos morreram na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste de Manaus.No domingo (8), outros quatro presos foram mortos em uma rebelião na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, reativada para receber presos transferidos do Compaj após o massacre.

Investigação
A polícia do Amazonas apontou, ao menos, sete presos como líderes do massacre. Documentos o Ministério Público Federal (MPF) dizem que estes líderes têm estreita relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Segundo o MPF, os traficantes brasileiros teriam comprado pistolas, fuzis e submetralhadoras do mesmo fornecedor de armas do grupo de guerrilha colombiano.

Diversos relatórios elaborados antes da rebelião já apontavam risco iminente no presídio de Manaus. Um texto do setor de inteligência da Secretaria de Segurança alertava para um plano de fuga no regime fechado do Compaj. Além disso, apontava que oito armas de fogo tinham entrado no presídio na semana anterior ao Natal por meio de visitantes e com o ajuda de agentes.

Documentos emitidos pela administradora do presídio, a Umanizzare, alertavam para o risco de se permitir visitas no fim do ano aos presos. O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos do Compaj pudesse receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano Novo.

No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da secretaria do governo, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos. O secretário justificou a autorização, dizendo que se tratava de "humanização".

Exoneração
Após mortes e fugas no sistema prisional, o Governo do Amazonas anunciou no dia 13 mudança na gestão da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O tenente-coronel da Polícia Militar, Cleitman Rabelo Coelho, assumiu o cargo substituindo o agente da Polícia Federal, Pedro Florencio.

Agente da Polícia Federal, ele estava no comando da Seap desde outubro de 2015.

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