domingo, 22 de janeiro de 2017

Revista no Compaj apreende facas, munições e 26 celulares, em Manaus

Celulares e munições estão entre itens apreedidos (Foto: Valdo Leão/ Secom)Celulares e munições estão entre itens apreedidos (Foto: Valdo Leão/ Secom)

Uma revista no regime fechado do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, resultou na apreensão de diversos materiais ilícitos, entre eles oito facas, seis 'estoques' - armas brancas caseiras -, 20 munições e 26 aparelhos celulares. A unidade, palco do massacre que resultou na morte de 56 presos em 1º de janeiro, passou por vistoria neste domingo (22).

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REBELIÕES NO AM
Presídios tiveram 60 mortes em 24 h

O procedimento ocorreu nos quatro pavilhões da unidade prisional, situada no km 8 da BR-174. Entre os materiais proibidos que foram apreendidos estão ainda 15 baterias de telefone, oito marteletes artesanais, um serrote, três alicates, três tesouras, um estilete, uma chave de fenda, dois chips telefônicos, um cartão de memória, quatro pen drives e duas pulseiras de saída de visitantes.

A ação contou com um efetivo de 190 servidores da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Umanizzare e policiais militares do Comando de Policiamento Especializado (CPE).

"Precisamos promover ações como essa para reestabelecer a ordem e disciplina dentro das unidades prisionais. Os objetos que retiramos não são permitidos e nas mãos dos internos se tornam ferramentas para desestabilizar o sistema", disse o novo secretário da Seap, tenente-coronel Cleitman Coelho.

As revistas no sistema prisional este ano tiveram início no dia 5 de janeiro, na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). O regime fechado do Compaj passou pelo procedimento dia 6 e, em seguida, o Instituto Penal Antônio Trindade foi revistado no dia 7.

No dia 10 de janeiro, o Exército Brasileiro apoiou a Seap e a PM na revista do regime semiaberto do Compaj. No dia 12 de janeiro foi a vez do Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM). As unidades do Centro de Detenção Provisória Feminino (CDPF) e Penitenciária Feminina de Manaus (PFM) passaram pela revista no dia 18 de janeiro.

Vistoria no Compaj contou com apoio do CPE (Foto: Valdo Leão/ Secom)Vistoria no Compaj contou com apoio do CPE (Foto: Valdo Leão/ Secom)

Rebeliões e fugas
Desde o dia 1º de janeiro, o sistema prisional do estado registrou fuga de 225, rebeliões e um massacre que resultou de 64 mortes de detentos. Presos chegaram a postar foto com armas antes de uma das rebeliões, o que aponta para a existência de sinal de celular dentro das unidades.

A rebelião que aconteceu no Compaj durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, como "o maior massacre do sistema prisional" do Amazonas. Ao todo, 56 foram mortos dentro do presídio entre 1º e 2 de janeiro.

Na tarde de segunda (2), outros quatro presos morreram na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste de Manaus.No domingo (8), outros quatro presos foram mortos em uma rebelião na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, reativada para receber presos transferidos do Compaj após o massacre.

Revista ocorreu na manhã deste domingo (22) (Foto: Divulgação/SEAP)Revista ocorreu na manhã deste domingo (22) (Foto: Divulgação/SEAP)

Investigação
A polícia do Amazonas apontou, ao menos, sete presos como líderes do massacre. Documentos o Ministério Público Federal (MPF) dizem que estes líderes têm estreita relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Segundo o MPF, os traficantes brasileiros teriam comprado pistolas, fuzis e submetralhadoras do mesmo fornecedor de armas do grupo de guerrilha colombiano.

Diversos relatórios elaborados antes da rebelião já apontavam risco iminente no presídio de Manaus. Um texto do setor de inteligência da Secretaria de Segurança alertava para um plano de fuga no regime fechado do Compaj. Além disso, apontava que oito armas de fogo tinham entrado no presídio na semana anterior ao Natal por meio de visitantes e com o ajuda de agentes.

Documentos emitidos pela administradora do presídio, a Umanizzare, alertavam para o risco de se permitir visitas no fim do ano aos presos. O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos do Compaj pudesse receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano Novo.

No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da secretaria do governo, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos. O secretário justificou a autorização, dizendo que se tratava de "humanização".

Exoneração
Após mortes e fugas no sistema prisional, o Governo do Amazonas anunciou no dia 13 mudança na gestão da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O tenente-coronel da Polícia Militar, Cleitman Rabelo Coelho, assumiu o cargo substituindo o agente da Polícia Federal, Pedro Florencio.

Agente da Polícia Federal, ele estava no comando da Seap desde outubro de 2015.

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