terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

De videocassetes a TVs 4K, confira produções do PIM em cinco décadas

Em cinco décadas, o Polo Industrial de Manaus (PIM) fabricou e produz diferentes produtos que fazem parte do cotidiano de gente do Brasil e do mundo. De videocassetes a televisões com tecnologias OLED e 4K, a história mostra que mesmo com crise e desafios, as linhas de montagem do PIM seguem testemunhando as novas tecnologias.

Economista José Laredo (Foto: Divulgação / Corecon-AM)Economista José Laredo
(Foto: Divulgação / Corecon-AM)

Ao G1, o economista e consultor industrial José Laredo, autor dos livros "A Zona do PIM que não é Franca’ e ‘Polo Industrial de Manaus, Performance e Prognóstico", fez uma análise e destacou  os principais produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus em cinco décadas.

Para Laredo, nos anos 1970, o ar-condicionado, e a montagem de aparelhos de rádio e televisões foram os produtos que marcaram a primeira década do PIM.

"Uma empresa se instalou no polo em 1973 e trouxe a produção dos condicionadores de ar. Alguns anos depois, empresas começaram a montar aparelhos de som e as televisões também surgiram. Todos estes produtos foram oriundos desta década inicial", contou.

Arte produtos PIM (Foto: Arte / G1 AM)

Na década de 1980, José lembrou o início da fabricação de videocassete e fitas cassete. Com a grande fabricação de videocassetes no Polo Industrial, Laredo também citou o crescimento de empresas que produzem fitas cassete. Estes produtos, segundo o economista, desapareceram somente após o surgimento das novas tecnologias. Foi também nesse período que a produção de motocicletas começou a despontar.

"Em 1980, a produção de videocassetes foi o carro-chefe do Polo Industrial. Na década anterior, as motocicletas já eram produzidas, porém, as produções começaram a ter maior fabricação no PIM", lembrou Laredo.

Componentes como plásticos e eletroeletrônicos foram os carros-chefes dos anos 1990. José lembrou ainda que nesta década, o Polo Industrial de Manaus sofreu uma mudança de Índice de Nacionalização, para Processo Produtivo Básico (PPB).

Ele explicou que anteriormente, com o Índice de Nacionalização as fábricas tinham que nacionalizar 5% dos produtos a cada ano. Com isto, as empresas tinham que comprar insumos nacionais para fazerem produtos, porém isso comprometia a qualidade final.

"Com o PPB, os insumos podem ser obtidos de qualquer lugar do mundo, contanto que o produto final seja fabricado no Polo Industrial. Produtos mais diversificados apareceram como o Polo Relojoeiro e mais fábricas de motocicletas e bicicletas vieram”, disse o economista.

Novo milênio
Nos anos 2000, José Laredo citou os produtos de informática como atração e de grande fabricação. “Apareceram os microcomputadores, laptops, tablets, smartphones...”, comentou. Na década atual, os mesmos produtos seguem como carros chefe no PIM, porém com tecnologias mais aprimoradas.

Para ele, o surgimento do mercado de informática revolucionou as fabricações com novas tecnologias e possibilitou novos produtos para o Polo Industrial de Manaus. "As tecnologias vão sofrendo avanços, produtos que antes eram produzidos deixam de existir e novos surgem, como vemos atualmente", disse.

Para a próxima década do polo, Laredo aposta na expansão de produtos como televisores com sistema 4k, aprimoramento de drones, e celulares com funções inovadoras. "Vejo uma grande perspectiva de inovação nestes protudos".

Febre de consumo
O consultor de empresas aposentado e ex-diretor José Renato Satiro Santiago trabalhou no PIM dos anos 1980 aos anos 2000. Ele relembrou momentos em que dirigiu a empresa Philco e vivenciou o surgimento de produtos como o videocassete.

"Fomos pioneiros em fabricar videocassetes. Quem ia topar fazer videocassetes? No fim ia acabar acontecendo, mas adiantamos muitos anos com as primeiras produções", disse José.

José Renato Santiago também dirigiu a Philco no auge da produção de videocassetes (Foto: Arquivo pessoal)José Renato Santiago dirigiu a Philco no
auge da produção de videocassetes
(Foto: Arquivo pessoal)

A fábrica da Philco produzia televisores e logo depois deu início à produção de videocassetes. Com a grande demanda do mercado, Santiago afirma que outra unidade foi inaugurada somente para a fabricação do produto.

"Foi um sucesso total. A empresa teve que abrir outra sede para que os videocassetes fossem feitos. A demanda por eles era muito grande e vendia muito. Com o tempo, foi mudando e outras tecnologias surgiram".

Para ele, a mão de obra de Manaus também foi muito importante para o sucesso do polo. Ele lembrou a visita de representantes de uma empresa japonesa ao PIM, onde os mesmos se surpreenderam com o trabalho.

"Eles viram uma montadora nossa usar as próprias mãos para trabalhar. É uma coisa que não era assim em diversos lugares do mundo. Existem pessoas que falam que um americano trabalhando equivale a quatro ou cinco brasileiros. Isto não era válido para os amazonenses. Por isto que nós nos habilitamos a fazer os videocassetes, as televisões em preto e branco, a cores. Posteriormente, estes se tornaram grandes carros-chefe do PIM", concluiu José Renato.

saiba mais

0 comentários:

Postar um comentário