Em cinco décadas, o Polo Industrial de Manaus (PIM) fabricou e produz diferentes produtos que fazem parte do cotidiano de gente do Brasil e do mundo. De videocassetes a televisões com tecnologias OLED e 4K, a história mostra que mesmo com crise e desafios, as linhas de montagem do PIM seguem testemunhando as novas tecnologias.
(Foto: Divulgação / Corecon-AM)
Ao G1, o economista e consultor industrial José Laredo, autor dos livros "A Zona do PIM que não é Franca’ e ‘Polo Industrial de Manaus, Performance e Prognóstico", fez uma análise e destacou os principais produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus em cinco décadas.
Para Laredo, nos anos 1970, o ar-condicionado, e a montagem de aparelhos de rádio e televisões foram os produtos que marcaram a primeira década do PIM.
"Uma empresa se instalou no polo em 1973 e trouxe a produção dos condicionadores de ar. Alguns anos depois, empresas começaram a montar aparelhos de som e as televisões também surgiram. Todos estes produtos foram oriundos desta década inicial", contou.
Na década de 1980, José lembrou o início da fabricação de videocassete e fitas cassete. Com a grande fabricação de videocassetes no Polo Industrial, Laredo também citou o crescimento de empresas que produzem fitas cassete. Estes produtos, segundo o economista, desapareceram somente após o surgimento das novas tecnologias. Foi também nesse período que a produção de motocicletas começou a despontar.
"Em 1980, a produção de videocassetes foi o carro-chefe do Polo Industrial. Na década anterior, as motocicletas já eram produzidas, porém, as produções começaram a ter maior fabricação no PIM", lembrou Laredo.
Componentes como plásticos e eletroeletrônicos foram os carros-chefes dos anos 1990. José lembrou ainda que nesta década, o Polo Industrial de Manaus sofreu uma mudança de Índice de Nacionalização, para Processo Produtivo Básico (PPB).
Ele explicou que anteriormente, com o Índice de Nacionalização as fábricas tinham que nacionalizar 5% dos produtos a cada ano. Com isto, as empresas tinham que comprar insumos nacionais para fazerem produtos, porém isso comprometia a qualidade final.
"Com o PPB, os insumos podem ser obtidos de qualquer lugar do mundo, contanto que o produto final seja fabricado no Polo Industrial. Produtos mais diversificados apareceram como o Polo Relojoeiro e mais fábricas de motocicletas e bicicletas vieram”, disse o economista.
Novo milênio
Nos anos 2000, José Laredo citou os produtos de informática como atração e de grande fabricação. “Apareceram os microcomputadores, laptops, tablets, smartphones...”, comentou. Na década atual, os mesmos produtos seguem como carros chefe no PIM, porém com tecnologias mais aprimoradas.
Para ele, o surgimento do mercado de informática revolucionou as fabricações com novas tecnologias e possibilitou novos produtos para o Polo Industrial de Manaus. "As tecnologias vão sofrendo avanços, produtos que antes eram produzidos deixam de existir e novos surgem, como vemos atualmente", disse.
Para a próxima década do polo, Laredo aposta na expansão de produtos como televisores com sistema 4k, aprimoramento de drones, e celulares com funções inovadoras. "Vejo uma grande perspectiva de inovação nestes protudos".
Febre de consumo
O consultor de empresas aposentado e ex-diretor José Renato Satiro Santiago trabalhou no PIM dos anos 1980 aos anos 2000. Ele relembrou momentos em que dirigiu a empresa Philco e vivenciou o surgimento de produtos como o videocassete.
"Fomos pioneiros em fabricar videocassetes. Quem ia topar fazer videocassetes? No fim ia acabar acontecendo, mas adiantamos muitos anos com as primeiras produções", disse José.
auge da produção de videocassetes
(Foto: Arquivo pessoal)
A fábrica da Philco produzia televisores e logo depois deu início à produção de videocassetes. Com a grande demanda do mercado, Santiago afirma que outra unidade foi inaugurada somente para a fabricação do produto.
"Foi um sucesso total. A empresa teve que abrir outra sede para que os videocassetes fossem feitos. A demanda por eles era muito grande e vendia muito. Com o tempo, foi mudando e outras tecnologias surgiram".
Para ele, a mão de obra de Manaus também foi muito importante para o sucesso do polo. Ele lembrou a visita de representantes de uma empresa japonesa ao PIM, onde os mesmos se surpreenderam com o trabalho.
"Eles viram uma montadora nossa usar as próprias mãos para trabalhar. É uma coisa que não era assim em diversos lugares do mundo. Existem pessoas que falam que um americano trabalhando equivale a quatro ou cinco brasileiros. Isto não era válido para os amazonenses. Por isto que nós nos habilitamos a fazer os videocassetes, as televisões em preto e branco, a cores. Posteriormente, estes se tornaram grandes carros-chefe do PIM", concluiu José Renato.
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