Marcar uma consulta com médico especialista virou uma árdua missão no Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá. A espera para ser atendido chega a 24 horas, deixando os pacientes expostos à chuva e frio, forçando o uso de papelões para o descanço. O drama foi revelado nesta quarta-feira (1º) pelo Amapá TV, da Rede Amazônica. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) diz que estuda alternativas para agilizar o processo.
A longa fila registrada foi para neurologista. A marcação de consulta no HCAL, único hospital público com médicos especialistas do estado, ocorre de segunda a sexta-feira a partir das 8h. As especialidades são divididas de acordo com o dia da semana.
A dona de casa Sandra Rodrigues viveu de perto a dificuldade de passar mais de 24 horas fora de casa para marcar uma consulta em hospital público. Ela chegou às 5h30 de terça-feira (31) e saiu somente depois das 6h desta quarta-feira.
"Consegui e passei 24 horas na fila. Chequei ontem de manhã, às 5h30 e estou saindo agora. Ou seja, 24 horas", lamentou a dona de casa, que para evitar confusão, auxiliou ao longo do tempo de espera na fila, a organização de quem chegava no setor de marcação de consulta.
fila no HCAL (Foto: Reprodução/Rede Amazônica
no Amapá)
Situação semelhante vive a dona de casa Alzira da Silva. Ela passou 24 horas para marcar uma consulta com neurologista e ainda precisa vencer o cansaço por mais um dia para guardar o lugar na fila em busca de um atendimento pediátrico para a filha.
"[Estou no hospital] desde ontem. Eu cheguei aqui às 6h para marcar com o neurologista e vou ficar ainda hoje para marcar com o cirurgião pediatra para a minha filha. Vou ter que aguentar [o cansaço] porque a minha filha tem que fazer uma cirurgia", disse.
Por ser o único hospital público com médicos especialistas disponíveis no Amapá, o HCAL atrai pessoas de outras cidades que não têm o serviço. Além de deixar o município onde mora, em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, a autônoma Alzira da Silva também precisou entrar na fila no dia anterior para conseguir a consulta.
"A gente procura em Santana e não conseguimos. Viemos para cá e encontramos essa precariedade, tendo que passar a noite com frio, doente e com fome. Tem pessoas idosas que estão passando a noite para apenas uma vaga", reclamou.
(Foto: Reprodução/Rede Amazônica no Amapá)
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que nesse período do ano ocorre a redução na oferta de consultas em razão das férias de alguns médicos. Apesar disso, a pasta calcula ter marcado 600 vagas.
"Para neurologista, em que a procura é maior, foram disponibilizadas 400 vagas, todos os usuários saíram com suas consultas marcadas e ainda há 62 vagas disponíveis", acrescentou.
A Sesa ainda ressaltou que a partir de 8 de fevereiro, os agendamentos para consultas pela primeira vez ocorrerão das 14h às 18h mediante a encaminhamentos dos postos de saúde. As de retorno continuarão no mesmo horário.
Para amenizar o problema, a Sesa ainda diz que "busca alternativas para que em curto prazo dar agilidade ao processo com a implantação do agendamento eletrônico que poderá ser realizado nas unidades do Super Fácil" e para consultas de retorno "disponibilizará um funcionário para fazer esta remarcação, assim que o paciente sair da consulta".
"Está em estudo junto ao PRODAP o desenvolvimento de um sistema para descentralizar a marcação de consulta com a informatização que permitirá ao usuário agendar as consultas em qualquer uma das unidades de Super Fácil de forma eletrônica e até mesmo por telefone", completou.
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