A paixão por matemática - e, mais especificamente, por programação - já deu ao estudante Rogério Guimarães Júnior muitas alegrias. São 25 medalhas em Olimpíadas, entre viagens e histórias, acumuladas em nos seus 18 anos. Mas a maior conquista, até agora, veio na última terça-feira (14): a aprovação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Foi a melhor notícia que recebi e que já dei pra minha família. Liguei pra eles e disse que tudo aquilo que eles fizeram por mim, e acreditaram, tudo valeu a pena”, disse.
O jovem espera o resultado de outras universidades para, enfim, definir onde vai continuar os estudos. No MIT, ele quer cursar ciência da computação.
"Não tinha dormido de um dia para o outro, fiquei fazendo de tudo para o dia passar logo", lembra. Por tradição, o resultado sai no "dia de pi" (3/14), como a data é grafada no Estados Unidos, uma brincadeira da instituição envolvendo os primeiros algarismos do número que é a razão entre o perímetro da circunferência e diâmetro, e também no horário que indica o dobro do símbolo matemático (6h28 pm).
Minutos antes do horário previsto, ele foi para o último andar do colégio onde estuda, em Fortaleza, até a sala no fim do corredor, onde não tinha nenhum outro aluno. Ali, conseguiu consultar a admissão no mais renomado instituto de tecnologia do mundo. “Estava extremamente nervoso. Me preparei para ser rejeitado”, brinca Rogério.
Apaixonado por guitarra, jogador de futebol e praticante de surfe, foi por escolha dele que, aos 14 anos, o jovem se mudou de Teresina, onde nasceu, para a capital cearense. O objetivo era estudar em uma escola particular de onde eram outros amigos que conheceu quando passou a participar de olimpíadas, ainda no ensino fundamental. A mãe, professora, e o pai, auditor fiscal, apoiaram.
A ideia de estudar no MIT surgiu quando o piauiense participou de uma palestra de uma fundação, que ajuda brasileiros interessados em estudar fora do país. “Aqui no Brasil o objetivo final é a prova, é fazer o Enem. Mas era preciso participar de atividades extracurriculares, fazer trabalho voluntário, projeto social, o que não é comum no currículo brasileiro. Eles procuram pessoas que vão contribuir no campus, que têm o perfil da instituição”, diz.
O caminho inclui as notas do ensino médio, carta de recomendação dos professores, exame de proficiência em inglês, entrevista, além de exames de matemática, inglês, redação, e em alguma disciplina a critério do candidato.
Mas a dedicação de Rogério ao longo do ensino médio, além das aulas, alcançou mais: ele se tornou coordenador de um projeto intitulado Noic, um portal sobre olimpíadas com notícias sobre o assunto nas áreas de matemática, física, química, informática, cursos preparatórios, comentários de soluções de provas e bancos de questões.
Além disso, fundou, junto com outros amigos e um professor, um site com um curso de programação, o CodCad. "É um curso a distância, com aulas escritas, videoaulas e exercícios, para ajudar pessoas que estão em colégio que não conseguem dar apoio sobre o assunto. Tudo de graça, sem restrição”, reforça.
Com o apoio da família, dos colegas, e também de dois grupos que ajudam candidatos nas inscrições e no processo de preparação, Rogério se candidatou para 11 universidades, sendo dez americanas e uma canadense. “Minha decisão para ir para o MIT só depende da bolsa que vou receber e dos resultados de outras universidades, que saem em abril”, explica.
Mas, a partir da experiência que desenvolveu com os projetos, Rogério já começa a sonhar com o que quer trabalhar no futuro. “As coisas que fiz no ensino médio foi estudar informática e projetos relacionados à educação. A ideia que eu tenho para o futuro é usar tecnologia para educação. Quero estudar inteligência artificial, trabalhar com processamento de linguagem natural, ajudar a desenvolver ‘professores artificiais’. Imagina que as pessoas dos locais mais pobres podem ter acesso a professores de altíssima qualidade de graça?”, sonha.
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