quarta-feira, 1 de março de 2017

No AM, gás de Urucu é realidade no PIM, mas pouco mais de 5% utilizam

Vista aérea do Polo Industrial de Manaus na década de 1990 (Foto: Divulgação/Arquivo Misam)Indústrias diversificam fontes de geração de energia (Foto: Divulgação/Arquivo Misam)

Em 2016, o segmento industrial na capital amazonense consumiu 80.983 metros cúbicos por dia de gás natural comercializado pela Companhia de Gás Natural do Amazonas (Cigás). São 34 indústrias do Polo Industrial de Manaus que têm apostado no gás, como opção para garantir a geração de energia em alguma etapa do sistema produtivo. A migração, ainda tímida, vem sendo adotada para minimizar déficit energético no setor. Atualmente, de uma média de 600 empresas presentes no PIM, 5,7% delas fazem uso.

saiba mais

A reportagem tentou contato com a Eletrobras Amazonas Energia para obter informações sobre a distribuição de energia às empresas do PIM, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo, a adoção de novas fontes energéticas garante maior confiabilidade ao sistema.

"O gás tem sido uma alternativa. Mas, ninguém abdica da energia elétrica também, o gás natural é mais para tocar a fábrica, a linha de produção. Muitos estão optando pelo uso misto, isso faz com que a empresa se sinta mais segura, tendo mais esta alternativa. Estamos com deficiência com energia elétrica para as empresas, de vez em quando é interrompido em pleno funcionamento e o gás é mais seguro. Enquanto, os tanques estiverem abastecidos, sinal que a fábrica não vai parar linha de produção, vejo como algo positivo para a gente", apontou Azevedo.

Para ele, a adoção de novas matrizes energéticas é importante para garantir o desempenho da produção, caso ocorra alguma falha no sistema.

"Energia elétrica é para uma empresa, até para a nossa vida, como o oxigênio para o corpo humano. Para uma indústria é fundamental. Então, essa opção que as empresas fazem, é por causa da desconfiança que existe no nosso sistema elétrico, aqui principalmente no Amazonas, que está extremamente inseguro, deficiente, tem faltado muito. Isto pesa muito no custo das empresas", apontou.

O Polo Industrial de Manaus conta com cerca de 600 empresas incentivadas, aponta a Suframa.

Indústrias de diversos segmentos, como os de bebidas, duas rodas, descartáveis, utilizam o gás natural no processo produtivo. Até agora, o combustível já está presente em 34 indústrias do PIM. Entre elas estão, Ambev, Carboman, Ceras Johnson, Coca-Cola, Neotec, Procoating, Videolar, Keihin, Novamed, Flax Fitas, Samsung, Houston Bikenorte, Hevi Embalagens, Yamaha, Metalfino, Climazon, Weber Quartizolit - Saint Gobain, DDW, Moto Honda HDA e HCA, Nissin Brake, Videolar IV, Showa, Daido Ind. de Correntes, Eternit, Metalúrgica Sato, Universal Atletic, Daikin, Ripasa, Sodécia Ltda, Metal Sete, Corprint da Amazônia, FCC do Brasil e Caloi.

A aplicação do combustível na indústria ocorre para geração de energia, em caldeiras, fornos, estufas, refeitório, empilhadeiras, secadores. A partir do gás é possível fabricar etanol e metanol. É um combustível não tóxico, menos poluente que outras fontes energéticas e, por ser mais leve, se dissipa o que diminui a ocorrência de explosões.

"O gás natural é multiuso e representa economia de até 40% em relação aos demais combustíveis. Por ter uma queima limpa, o combustível não emite particulado e também reduz significativamente as paradas para limpeza, o que representa ganhos de operação e manutenção. Tudo isso sem contar os ganhos de qualidade: devido à composição química, o gás natural alcança curvas de temperatura ideais e garante elevados padrões de qualidade, proporcionando mais competitividade ao produto final", disse o diretor técnico comercial da Cigás, Clovis Correia Junior.

A partir do gás natural pode-se gerar energia elétrica, água gelada para climatização de ambientes, água quente para processos, vapor e CO2. De acordo com a companhia, a utilização de gás no setor industrial pode ocasionar uma economia de até 40% em relação aos demais combustíveis.

No ano de 2010 a companhia iniciou a operação comercial do combustível. As obras de implantação do gasoduto iniciaram três anos antes. Foram investidos R$ 228 milhões na construção da rede de distribuição de gás natural. Além de gerar energia nas termoelétricas, o gás natural é utilizado nos setores industrial, automotivo, hidroviário, comercial e residencial.

Descoberta de Urucu completou 25 anos. (Foto: Divulgação/Petrobrás)Área de onde é extraído o gás natural no Amazonas (Foto: Divulgação/Petrobrás)

Em 2016, foram comercializadas média de 2.934.331 de metros cúbicos por dia (m³/dia), sendo 2.838.380 m³/dia destinados ao segmento termoelétrico. O segmento industrial representou um volume de 80.983 m³/dia, destinados para 34 empresas. Em seguida, veio o segmento veicular um volume de 14.315 m³/dia e o comercial, com um consumo médio de 651 m³/dia.

De acordo com anuário de 2015 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Amazonas possui 46.662 milhões de m³ em reservas provadas de gás natural. O que é possível manter a quantidade atual de abastecimento por mais de 42 anos.

Caminho do gás
O gás que chega as indústrias é extraído da Província Petrolífera de Urucu, em Coari. São 663 quilômetros de gasoduto de transporte com passagem e abastecimento termoelétrico nos municípios de Caapiranga, Anori, Anamã e Codajás. Antes de chegar em Manaus, o combustível passa também pelos municípios de Iranduba e Manacapuru.

Dentro de Manaus, foram construídos uma rede de distribuição de 93 quilômetros de extensão. Do total, cerca de 35 quilômetros estão situados na região do Distrito Industrial.

O caminho do gás PIM (Foto: Luis Paulo/Arte G1 AM)

0 comentários:

Postar um comentário