sexta-feira, 10 de março de 2017

Pacientes com problema de coluna lutam para passar por cirurgia em AL

Pacientes que precisam fazer cirurgia para corrigir problemas de coluna enfrentam demora para passarem pelo procedimento. São vários casos que aguardam que o Estado libere o material para a cirurgia.

Há duas semanas, Ana Celina gastou R$ 1.500 com os exames pré-operatórios pedidos pelo médico para fazer a cirurgia de correção da coluna da filha Ana Clara, 12 anos. A menina sofre de escoliose tóraco lombar, uma doença de caráter progressivo, com necessidade imediata de cirurgia.

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"Infelizmente chegou nesse patamar e as coisas travaram dessa forma. Eu espero que as pessoas que estão passando pela situação que eu estou passando também não desistam e corram atrás", diz a comerciante.

O caso de Ana Clara foi mostrado em uma reportagem da TV Gazeta no dia 3 de fevereiro. Nesse mesmo dia, a Secretaria de Saúde divulgou uma nota informando que a cirurgia seria feita nas próximas semanas. A secretaria cumpriria uma liminar da Justiça, que determina o procedimento. Mas, passados quase 40 dias, ainda falta a compra do material.

Nesta sexta-feira (10), Ana Celina recebeu da secretaria um documento informando que a nota de empenho no valor de mais de R$ 123 mil para a compra do material cirúrgico está com o fornecedor. No mesmo documento, a secretaria também diz que o fornecedor alega indisponibilidade do material, por ser importado e estar bloqueado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A defensora do Juizado da Criança e do Adolescente, Manuela Carvalho, disse que está analisando criteriosamente essa resposta. Segundo a defensora, o não fornecimento pode ser por causa de dívidas anteriores da secretaria com o fornecedor.

"A informação que a gente tem é que o Estado deve para essas empresas e elas estão se recusando a nota de empenho para poder fornecer esses materiais. A gente vai ter que averiguar com essas empresas se realmente essa informação procede e se realmente está em falta esses materiais e, caso positivo, a defensoria vai ter que adotar outras medidas, como acionar empresas de outros estados, para que a gente consiga comprar esses materiais", explica a defensora.

Dores e transtornos
Outras famílias convivem com mesmo impasse: Cristina Costa tem uma filha de 16 anos, que desde os 13 sofre com escoliose tóraco lombar, também progressiva, com indicação de cirurgia. Elas tem causa ganha na Justiça, mas o Estado segue descumprindo a decisão.

"É difícil, porque você vê a sua filha com esse problema e fica sem poder fazer nada", lamenta a dona de casa.

A estudante Andressa, de 21 anos possui uma curvatura acentuada na coluna, que piora enquanto ela espera pela cirurgia no Sistema Único de Saúde (SUS). "O incômodo é muito grande, a dor é grande. Eu tomo remédios para aliviar a dor, mas não passa, é constante e tenho falta de ar, muita falta de ar", conta Andressa.

A mãe da estudante, Luciana Souza, conta que em 4 anos, 3 decisões da Justiça foram descumpridas e que as justificativas da Secretaria Estadual de Saúde são diversas. "Dizem que o processo não está pronto ainda, que o secretário não teve acesso ainda, volte amanhã, volte depois", lembra a dona de casa.

Sesau
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) não aceitou o convite da TV Gazeta para gravar entrevista e enviou nota dizendo que esteja devendo a fornecedores. Na mesma nota, também explicou que foi feita a compra dos parafusos de titânio utilizados nas cirurgias das pacientes e que agora aguarda a liberação da Anvisa para a entrega do restante do material. Além disso, informou que a demora é normal, porque o material é importado.

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