sábado, 1 de abril de 2017

Falta de centro dificulta desenvolvimento de jovens e adultos autistas no AP, diz associação

Associação de autistas pede espaço dedicado a melhorar qualidade de vida de quem saiu da infância. Cerca de 400 pessoas, entre crianças e adultos que apresentam o transtorno, são acompanhadas pela AMA-AP.

Associação fala de falta de espaço para atividades de jovens e adultos autistas em Macapá (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)Associação fala de falta de espaço para atividades de jovens e adultos autistas em Macapá (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

Associação fala de falta de espaço para atividades de jovens e adultos autistas em Macapá (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

A falta de um espaço para proporcionar atividades que ajudem no desenvolvimento de jovens e adultos autistas interfere na qualidade de vida dessas pessoas ao longo do tempo. É o que afirma a Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Amapá (AMA-AP), que atende cerca de 400 pessoas com o transtorno, com idades entre 2 e 26 anos.

“Hoje não temos condições de atender jovens e adultos, porque requerem outro atendimento. A criança pequena, que realmente atendemos aqui, tem a fase de aprender as atividades motoras, pedagógicas, de comunicação. Os maiores precisam de um espaço para também fazer as atividades de vida diárias (AVDs), atividades de vida práticas (AVPs), oficinas, e não existe esse espaço. Para atender criança já é difícil, imagina adultos”, disse a presidente da AMA-AP, Jani Capiberibe.

Na AMA-AP, os autistas participam de atividades relacionadas ao desenvolvimento motor e pedagógico, voltado para crianças. Entre as atividades necessárias para jovens e adultos, estão ensinamentos de como realizar atividades normais do dia, como lavar uma louça, preparar alimentos, cuidar da casa, até questões mais difíceis para os autistas, como aprender ter boas maneiras, se comunicar e relacionar com outras pessoas; buscando desenvolver habilidades neles.

“Quanto mais passa tempo sem acompanhamento, mais difícil fica de socializar. Por isso que tem muitos adultos em casa, com qualidade de vida ruim, vivem enclausurados, não fazem atividades normais de vida diária sozinhos, são totalmente dependentes, não têm convívio social. É muito complicado e são muitas pessoas assim”, comentou Jani.

Presidente da AMA-AP, Jani Capiberibe, sente falta de espaço para acompanhar adultos autistas (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)Presidente da AMA-AP, Jani Capiberibe, sente falta de espaço para acompanhar adultos autistas (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

Presidente da AMA-AP, Jani Capiberibe, sente falta de espaço para acompanhar adultos autistas (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

O autismo é um distúrbio que desafia a ciência há tempos, porque não se sabe as causas. Mas é no acompanhamento do dia a dia que se descobre ainda mais sobre o autismo.

De acordo com a AMA-AP, o autismo é caracterizado quando fica afetatada a comunicação, a socialização e a interação social. O portador do distúrbio apresenta, por exemplo, dificuldades na fala, busca isolamento, anda na ponta dos pés, tem alta sensibilidade ao som, toque, cheiro e não tem muito contato visual com as pessoas.

“Não há um exame para diagnosticar o autismo. É através de uma avaliação comportamental por uma equipe multidisciplinar. O diagnóstico só é concluído através de neurologista ou psiquiatra”, acrescentou Jani.

Marcela Vergolino, de 26 anos, é autista atendida pela AMA-AP; atividades são ligadas ao desenvolvimento motor (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)Marcela Vergolino, de 26 anos, é autista atendida pela AMA-AP; atividades são ligadas ao desenvolvimento motor (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

Marcela Vergolino, de 26 anos, é autista atendida pela AMA-AP; atividades são ligadas ao desenvolvimento motor (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

O autismo se apresenta em classificações que vão do leve, passa pelo moderado e chega ao grave. Mas as manifestações são diferentes em cada autista. Como é o caso da Marcela Vergolino, de 26 anos, filha de Laura Vergolino, de 56 anos, atendida pela AMA em Macapá.

A mãe explica que Marcela convive com ansiedade, depressão e o analfabetismo pelo diagnóstico tardio. Apesar disso, a autista é carinhosa e vaidosa, tem habilidades para aprender a cantar músicas, colecionar bonecas e gosta de ir ao cinema.

Laura ressalta que a maioria dos acompanhamentos são dedicados a crianças e adolescentes, mas jovens e adultos autistas são deixados de lado com o passar dos anos.

“É só aqui que a Marcela vem, além de encontrar o educador físico e a psicóloga. Mas no estado não tem um lugar que atenda eles. Esses jovens e adultos autistas são invisíveis, porque se fala somente em trabalho voltado para crianças e adolescentes. Só que eles crescem e precisam ser acompanhados”, reclamou Laura.

Marcela foi diagnosticada aos 10 anos, porque, segundo a mãe, à época o autismo não era tão conhecido como atualmente.

“Quanto mais precoce se consegue o diagnóstico, mais fácil para eles terem uma melhor qualidade de vida. Nessa lacuna de 7 anos eu perdi a possibilidade de fazer as interferências com os multiprofissionais e hoje ela não é alfabetizada”, contou Laura.

“Nossa sugestão é que tenha um centro, uma casa adaptada, para que eles possam receber as AVDs e AVPs, um espaço para que eles possam trabalhar com horta, ter oficinas profissionais, para aprender habilidades artesanais para se desenvolver, ter uma função, em vez de ficar em casa só assistindo televisão, por exemplo”, concluiu a presidente da AMA-AP.

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