Ferreira Marcos disse que já pensava no tema antes de relato da estudante. Esta semana, Dandara Castro denunciou ataque durante festa de formatura em Uberlândia.
O cruzamento da Rua São Francisco de Assis com a Olegário Maciel no Bairro Saraiva, em Uberlândia, deixou de passar despercebido desde terça-feira (25). Entre entulhos e paredes de um imóvel antigo, a figura de uma mulher negra se destaca com os dizeres "o preconceito mancha muito mais" cuja obra do artista plástico Marcos Ferreira da Silva, de 35 anos, traz à tona o tema racismo e outros tipos de discriminação.
A obra surge em um momento em que a discussão sobre o preconceito racial toma grandes proporções na cidade, após a denúncia da jovem Dandara Castro, que disse ter sofrido agressões e ter tido o turbante arrancado à força da cabeça durante uma festa de formatura.
“Foi uma boa coincidência, porque já estava com a ideia de fazer o desenho e, assim que terminei e voltei para a casa vi nos noticiários o caso. Precisamos falar sobre o preconceito, seja ele de cor ou não. E é isso que eu trago com o meu trabalho. É minha maneira de falar com a sociedade sobre questões polêmicas e tentar conscientizar”, disse ao G1.
Em uma mistura de realismo e arte abstrata, a figura inspirada em uma mulher negra traz no rosto da personagem manchas de vitiligo que, além de dar origem à mensagem escrita, também repassa o preconceito contra quem tem a doença.
O olhar marcante da mulher também é uma característica estética de Ferreira em demonstrar o apelo do personagem e chamar a atenção de quem passa pelo local, por meio das técnicas do grafite e algumas formas em 3D.
O local escolhido pelo artista para expor a obra também foi pensado estrategicamente. Depois de pensar o projeto e ter a autorização dos moradores do imóvel para executá-lo, bastou separar as latas de tinta em spray e reservar menos de 24 horas para retratar a imagem.
“Comecei na segunda-feira e dei os retoques finais na terça. Eu passava pelo local com aspecto abandonado e sentia que essa esquina precisava de um colorido, de um visual mais alegre e que pudesse contribuir para a cidade”, contou Ferreira Marcos.
A alguns metros do painel sobre o preconceito racial em contraste com a doença vitiligo, na mesma rua, outra imagem do mesmo autor chama a atenção. O painel mostra um cão com “olhar de piedade”, como o próprio artista denomina, trazendo em discussão o problema de abandono de animais na cidade.
Este foi o segundo trabalho de Marcos neste ano. O primeiro, feito na parede de uma escola pública do Bairro Marta Helena, abordou o tema educação e a importância de os pais participarem da vida escolar das crianças.
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