terça-feira, 23 de maio de 2017

'Tenho que vê-lo pela última vez', diz pai de garoto morto em Goiás; família precisa de R$ 4 mil para traslado e enterro em RR

Menino de 9 anos foi morto em Goiânia e corpo foi achado em caixa de papelão. Padrasto e mãe foram presos suspeitos de homicídio.

Pai mostra foto de Antônyo ainda bebê: 'era carinhoso, atencioso (Foto: Emily Costa/G1)Pai mostra foto de Antônyo ainda bebê: 'era carinhoso, atencioso (Foto: Emily Costa/G1)

Pai mostra foto de Antônyo ainda bebê: 'era carinhoso, atencioso (Foto: Emily Costa/G1)

"Estou em pedaços. Tenho que vê-lo pela última vez", disse nesta terça-feira (23), em Boa Vista, Claudemilton Ferreira, pai do garoto Antônyo Jorge Ferreira da Silva, de 9 anos, assassinado pelo padrasto Renato Carvalho Lima, de 20, em Goiânia, a mando da companheira e mãe da criança. Ela nega envolvimento no crime.

O assassinato foi descoberto pela Polícia Civil de Goiânia quando o padrasto e a mãe do garoto, Jeannie da Silva de Oliveira, de 27, foram à delegacia no domingo (21) denunciar o falso sequestro do menino. A mãe relatou que o garoto foi levado por traficantes por causa de uma dívida de R$ 850 que o companheiro tinha.

Porém, questionado, o padrasto não soube informar para quem ele devia e nem como tinha contraído a dívida. Diante das contradições do casal e da frieza da mãe, os dois passaram a ser suspeitos do crime. Após três horas de interrogatório, Renato confessou o assassinato e nesta terça disse que matou o menino a pedido da companheira. “Passei um lençol no pescoço dele, abracei e dei um mata-leão, enforquei até ele ficar sem ar”, disse. O corpo da vítima foi colocado dentro de uma caixa de papelão e, depois, abandonado em um terreno.

Claudemilton Ferreira, que é carpinteiro e tem 32 anos, voltou para Boa Vista há quatro dias onde vive com a atual mulher e outros três filhos. Ele disse que só ficou sabendo do crime na segunda-feira (22) e desde então tem sofrido tanto que não consegue nem comer.

"Uma sobrinha dela [Jeannie, a ex-mulher] que mora em Manaus ligou para o meu irmão e contou o que aconteceu. Eu estava trabalhando, fazendo um 'bico', quando fui chamado por ele para vir para casa e soube do assassinato do meu menino. Fiquei em choque, sem acreditar, desesperado".

Claudemilton disse a última vez que encontrou pessoalmente com o filho foi em fevereiro de 2016 em Goiânia, quando também estava morando lá. Na última terça (16), quando estava a trabalho em Mato Grosso, ele contou que conversou por telefone com o menino.

"A gente conversou e eu contei que estava voltando de Mato Grosso, onde estava trabalhando há mais de um ano, para Boa Vista, onde ele nasceu. Ele pediu para vir junto, porque queria morar comigo, mas eu disse que só poderia trazê-lo se a mãe dele deixasse. Ele disse que iria sentir falta da mãe se viesse [para Roraima] mas falou que queria vir embora comigo", explicou.

Na ligação, ele afirma que deixou claro para o garoto que se Jeannie permitisse ele iria até Goiânia para buscá-lo. "Mas ela [mãe da criança] nunca deixou ele morar comigo. Se ela me ligasse e pedisse para ir pegá-lo, eu iria. Bastava isso. Não precisava matar, não precisava maltratar a criança, que era tão inocente", lamentou.

De acordo com Valdemir Pereira, delegado responsável pelo caso em Goiânia, o padrasto contou em depoimento que a mãe do menino não queria mais cuidar do filho, não queria ter a responsabilidade sobre a criança pois desejava ficar sozinha.

Na sexta-feira (19), Claudemilton chegou a Boa Vista por volta da 1h. Foi nesse mesmo dia que, segundo a Polícia Civil, o garoto foi brutalmente assassinado pelo padrasto em Goiânia.

"Acho que eles estavam esperando eu vir embora para Roraima para fazerem isso. Acho que deve ter sido premeditado. [Eles] são assassinos", desabafou. O pai disse também que não sabia que a ex-mulher tinha um companheiro. "Nem o Antônyo e nem ela me falaram desse homem. Eu não sabia nem que ela tinha namorado".

O pai disse ainda que viveu com Jeannie Oliveira por cerca de 3 anos entre 2006 e 2009. Na época, segundo ele, ela demonstrava ser cuidadosa e preocupada com a criança. "A gente não pode confiar nas pessoas pois nunca sabe do que elas são capazes. Ela é uma assassina".

Mãe e padrasto são presos suspeitos de matar menino enforcado em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhangura)Mãe e padrasto são presos suspeitos de matar menino enforcado em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhangura)

Mãe e padrasto são presos suspeitos de matar menino enforcado em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhangura)

Família quer sepultamento em Boa Vista

O pai disse que agora só quer trazer o corpo de Antônyo para Boa Vista pois quer "enterrá-lo perto da família". "Não quero deixá-lo sozinho em Goiânia onde não temos nenhum parente. Ele tem que ficar aqui, perto da gente e tenho que vê-lo pela última vez".

Para trazer o corpo e fazer o sepultamento em Roraima, a família tenta juntar os R$ 4 mil cobrados por uma funerária local.

"Eu disse para os meus pais que a gente não tem esse dinheiro, mas que vamos fazer de tudo pra trazer meu filho pra cá. Nem que a gente fique totalmente endividado".

Segundo o Instituto Médico Legal de Goiás, Antônyo foi morto asfixiado por estrangulamento. Também foi recolhido material debaixo das unhas do menino para identificar se há vestígios do DNA do padrasto. Renato estava com o peito e costas arranhados no momento em que foi preso.

A polícia ainda vai investigar se houve algum abuso sexual contra a criança. O corpo da criança ainda está no IML de Goiás.

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