Público lotou últimas sessões nesta quarta-feira (14) no Centro da cidade.
Último cinema de rua de Juiz de Fora, o Cinearte Palace fechou as portas nesta quarta-feira (14) (Foto: Reprodução/TV Integração)
Último cinema de rua de Juiz de Fora, o Cinearte Palace fechou as portas na noite desta quarta-feira (14). Há pouco mais de um mês, a empresa dona do imóvel Fato Gestora de Negócios Limitada comunicou o fim das atividades à Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).
Ainda não foi anunciado o que será feito no imóvel na esquina entre as ruas Halfeld e Batista de Oliveira. No entanto, a fachada é tombada pelo patrimônio municipal. A Funalfa afirmou que vai fiscalizar para que não aconteça nenhuma intervenção que possa afetar o tombamento. Qualquer alteração na fachada e na volumetria precisa ser aprovada pelo Conselho Municipal de Patrimônio.
A decisão foi lamentada pelo público, que lotou as últimas sessões, dos filmes Mulher Maravilha e das obras integrantes do Festival do Cinema Francês. Alunos do Curso de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) criaram o movimento "Salve Cine Palace". Eles já conseguiram 1.500 assinaturas nas divulgações em rede social.
“A intenção é recolher o máximo de assinaturas que a gente puder para anexar em todas as ações que a gente for fazer daqui para frente. Para mostrar que a população está de acordo e quer que o cinema continue", destacou integrante do movimento Salve Cine Palace, Isadora Monteiro.
Para ela, a falta de investimento na modernização do Palace afastou o público do local. "A pessoa que tinha concessão do cinema deixou a situação chegar a um ponto, que realmente a população não queria vir aqui. O som era com qualidade ruim, os projetores eram antigos, também com qualidade ruim. Então quem gosta de cinema quando queria ver um filme, apesar de amar o Palace porque ele é um cinema importante, um cinema de rua, não queria vir aqui por causa da situação deste equipamento”, explicou.
O cineasta Wilton Araújo gravou um documentário sobre o fechamento. “É uma frustração porque há uma diferença muito grande entre cinema de shopping e cinema de rua. Ele tem um pouco mais de arte, mais de romance. Ele é mais cativante. Ele tem história. A história do cinema praticamente começou nas ruas como todos os outros que já se fecharam”, lamentou.
Pessoas lotaram as últimas sessões do Cine Palace em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/TV Integração)
Cinco funcionários trabalhavam no Cinearte Palace. “Já era esperado. O prédio foi leiloado. A gente tinha a expectativa, mas não sabia quando. Este momento chegou”, disse a gerente Ana Cláudia Rodrigues.
Coube a Alan Almeida, que trabalhou sete anos como operador dos projetores, fechar as portas do cinema. “Agora, bate uma frustração, mas é vida que segue”, afirmou.
De acordo com os funcionários, os quatro projetores do cinema foram oferecidos ao Cine-Theatro Central.
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), responsável pelo Central, confirmou que os projetores foram oferecidos à instituição, e que a universidade tem interesse em ficar com eles. Disse ainda que há um projeto em andamento para retomar as exibições de cinema no Cine-Theatro Central, mas que ainda não há prazo, pois depende da aquisição de outros equipamentos.
Fim da tradição do cinema de rua na cidade
Da virada do século 19 para o século 20 até as modernas salas em shoppings atuais, 25 cinemas funcionaram em Juiz de Fora, a maioria no Centro, segundo levantamento do Projeto História do Cinema Brasileiro.
O Cinearte Palace foi inaugurado em 1948. Além do espaço para exibição dos filmes, era sede da antiga Rádio Industrial e da Companhia Central de Diversões, proprietária da maioria das salas dos cinemas de Juiz de Fora.
Além dos programas da Prefeitura, o local recebeu eventos como Festival de Cinema Francês e o Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades.
Em 25 de abril do ano passado, o imóvel, que pertencia ao Banco Bradesco, foi arrematado pela atual proprietária em leilão online pelo valor de R$ 6,7 milhões.
Em função da mudança da destinação do prédio, os projetos da Funalfa em parceria com o cinema, como o Sessão Cidadão e o Clube do Professor, foram interrompidos temporariamente. A Funalfa já está mapeando as possibilidades para dar continuidade ao projeto de formação de público. A intenção é que os programas sejam reformulados e, posteriormente, retomados em outro local.
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