sábado, 29 de julho de 2017

Grupo reaproveita flores de eventos e distribui em hospitais e lares de idosos em Fortaleza

Amigos se juntam para distribuir flores, reaproveitadas de eventos, em asilos e hospitais, a partir da iniciativa de Rodrigo (de camiseta preta) (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)Amigos se juntam para distribuir flores, reaproveitadas de eventos, em asilos e hospitais, a partir da iniciativa de Rodrigo (de camiseta preta) (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)

Amigos se juntam para distribuir flores, reaproveitadas de eventos, em asilos e hospitais, a partir da iniciativa de Rodrigo (de camiseta preta) (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)

Quando Rodrigo Goyanna, 32, participou de uma ação social durante estada nos Estados Unidos, percebeu que um gesto muito simples podia mudar o dia de pessoas que viviam em casas de repouso por lá: dar flores. Com essa ideia, ele criou o projeto “Sorria, frô!”, um grupo de voluntários que reaproveita flores usadas em eventos, como casamentos, e distribui em casas de idosos e hospitais públicos de Fortaleza.

Ele conta que nos EUA, a condição dos lugares visitados era boa, e isso o fez pensar na situação do Brasil. “A gente levava flores em asilos que eram estruturados e as pessoas já adoravam, então pensei ‘imagina no Brasil, levar isso a hospitais e a pessoas mais necessitadas’”, relembra Rodrigo.

O estilo “ostentação” das festas de casamento em Fortaleza foi outro fator para que ele pensasse em aproveitar as decorações, que acabavam indo para o lixo. Atualmente, sete pessoas fazem parte dessa força-tarefa solidária – amigos que foram se conhecendo ao acaso, através de outras atividades de cunho social. O projeto teve início em março de 2017 e o primeiro local visitado foi a Casa de Nazaré, no Montese.

A ação não é resumida ao gesto de entregar flores. “A essência é a distribuição de flor, mas o que a gente puder fazer para tornar o dia deles mais especial, a gente faz.” Para o rapaz, as pessoas necessitam, na verdade, de atenção.

“Qualquer gesto desse é um alento, a gente vê no olho deles a satisfação”, diz Rodrigo.

O grupo conta com a parceria de buffets e a autorização dos noivos ou responsáveis pelas festas para recolher as flores nas horas seguintes ao evento. Tudo é levado para casa de um deles e lá os arranjos são cuidados e remontados. Depois de prontos, os voluntários levam o material imediatamente para os hospitais ou casas de repouso, para não desperdiçar o tempo de vida das flores.

Grupo de amigos se junta para remontar arranjos de flores recolhidas de festas, e doar em asilos e hospitais de Fortaleza. (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)Grupo de amigos se junta para remontar arranjos de flores recolhidas de festas, e doar em asilos e hospitais de Fortaleza. (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)

Grupo de amigos se junta para remontar arranjos de flores recolhidas de festas, e doar em asilos e hospitais de Fortaleza. (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)

Lígia Sousa, 22, estudante de Gestão Ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE) conheceu Rodrigo durante um projeto chamado “The Street Store”, uma loja de roupas improvisada destinada a moradores de rua. Segundo a estudante, atitudes solidárias sempre fizeram parte do cotidiano dela. “Minha avó sempre fez trabalho social, foi voluntária muitos anos na Pastoral da Criança e desde pequena vivo nesse meio”.

A jovem diz que mobiliza toda a família para ajudar a separar as flores e montar os arranjos, inclusive a avó. “A primeira vez que a gente se reuniu ela falou que achava muito lindo e que se fosse ela recebendo, ficaria muito emocionada. Só em pensar ela já se emociona, e diz que se fosse com ela, ia se sentir muito especial.”

“O melhor da experiência é poder transformar o dia de uma pessoa que nem esperava se sentir tão especial. Sinto que quando a gente entrega o buquê, elas se sentem renovadas, valorizadas. Pela conversa também, pela atenção”, reforça Lígia.

O projeto rendeu histórias de gratidão e surpresa para o grupo. “Teve um caso que a gente entregou flores para uma das pacientes e tempos depois a filha dela, que tava lá no momento, mandou mensagem contando que, infelizmente, a mãe tinha falecido, e agradecendo por nós termos feito os últimos dias dela felizes. Todo mundo que participou dessa ação ficou marcado”, conta Lígia.

Para Rodrigo, uma das situações mais interessantes aconteceu logo na primeira visita. “Uma senhora disse que precisava alcançar uma graça muito difícil, desde a década de 1970. Os católicos têm a novena de Santa Terezinha. Se rezar durante nove dias, e no final do nono dia receber uma rosa, é porque a graça vai acontecer. E ela recebeu um buquê de rosas da gente no último dia da novena.” Essas e outras surpresas fizeram o rapaz renovar os ânimos sobre a vida.

“Tudo isso me mudou. Hoje em dia eu digo que os bons são maioria. É uma verdadeira faculdade mesmo.”

Além da Casa de Nazaré, o grupo realizou outras cinco visitas até este mês. Já passaram pelo Hospital do Coração, em Messejana; Lar Torres de Melo, onde foi organizada uma festa de São João; Hospital da Mulher; Frotinha da Parangaba; e o Frotinha do Antônio Bezerra, no último domingo (23).

Também são voluntários Paola Camila, Tania Fernandes, Anne Rayssa, Natanael Alves e Thays Maria. Qualquer pessoa pode entrar em contato com a Sorria, frô! e participar do projeto. Eles alimentam uma página no Instagram para divulgar as ações.

"Sorriafro" no Lar Torres de Melo (Foto: Arquivo Pessoal)

Arranjos feitos no projetoArranjos feitos no projeto

Arranjos feitos no projeto "Sorria, afrô", para serem distribuídos para idosos e pessoas internadas em hospitais de Fortaleza. (Foto: Sorriafro/ Arquivo Pessoal)

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