A estrutura do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) para receber pacientes atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi tema de uma reunião na manhã desta segunda-feira (18) na cidade. O prefeito Odelmo Leão discutiu junto com o reitor da UFU, Valder Steffen Júnior e representantes do hospital como o município vai superar as dificuldades para se manter no consórcio que vai administrar o Samu da região Triângulo-Norte, o Cistri.
Na última semana, o prefeito de Monte Alegre de Minas e presidente do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência (Cistri), Último Bitencourt, afirmou que o serviço inicia as operações a partir de novembro com ou sem a cidade. Na ocasião, a administração municipal declarou não ter assumido nenhum compromisso de implantação do Samu e que uma série de dificuldades impossibilitaria a adesão da cidade, entre elas, o número de leitos existentes no HC-UFU, que seria a unidade de saúde de referência.
O Samu foi anunciado em novembro de 2015 com previsão para início dos trabalhos no primeiro semestre de 2016. Além das ambulâncias paradas, mais de 500 pessoas que passaram em concurso público para trabalhar no setor estão à espera de uma definição. O investimento no Samu foi orçado em quase R$ 12 milhões, dos quais mais de R$ 10 milhões saíram do Governo de Minas.
Falta de Leitos
Na reunião desta segunda-feira, prefeito e os representantes do hospital avaliaram que a demanda de Uberlândia já é maior que a quantidade de leitos disponíveis. De acordo com Odelmo Leão, pacientes das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) estão na fila de espera por uma vaga na instituição de saúde.
O prefeito informou que seriam necessários cerca de 500 leitos para atender a demanda da cidade e que o déficit na região pode chegar a 1 mil leitos. Os cálculos são de que o Samu seja referência para uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas, moradoras de 27 municípios.
“Na última sexta-feira [15], nós tínhamos internados nas UAIs 320 pacientes aguardando leitos. Já na Medicina [nome popular do HC], passou-se este final de semana com 122 pessoas nos corredores do hospital aguardando vagas”, afirmou.
O reitor da UFU observou que a unidade de saúde está trabalhando no limite.
“Hoje, nós temos no hospital 512 leitos. Destes, 490 estão ocupados. Esta pequena margem, inclusive, é um pouco inferior à recomendável, que é indispensável caso ocorra algum evento que necessite da ajuda e intervenção imediata da universidade, como, por exemplo, um acidente de maior porte”, disse o reitor da UFU.
Ainda segundo Steffen, a implantação imediata do Samu causaria muitos problemas à comunidade e ao sistema.
“Caso o serviço começasse a operar hoje, sem planejamento, o resultado seria a chegada de pacientes na unidade sem a possibilidade de receber atendimento digno. O hospital está subfinanciado, os valores não são reajustados desde 2007 e temos repasses em atraso. Isso exigiu uma transferência de verba da UFU para o HC, comprometendo algumas atividades de ensino para priorizar o atendimento no hospital. Esse tipo de arranjo não é sustentável, temos que achar um caminho adequado para a saúde. Queremos participar das discussões, assim que formos chamados, e encontrar os melhores caminhos técnicos”, explicou.
Soluções
O HC-UFU é responsável pelo atendimento de três milhões de pessoas na região, conforme dados da instituição. O pagamento de repasses de verbas em atraso é visto como uma das soluções para as dificuldades estruturais do hospital. O reitor informou que o Governo Estadual precisa repassar, por meio de convênios, R$ 12 milhões. Além disso, a conclusão das obras do setor de traumatologia aumentaria a capacidade de atendimento da unidade.
Para Odelmo Leão, as cidades do consórcio precisam pensar na criação de leitos, ao invés de considerar a existência de ambulâncias é o suficiente para o Samu operar.
“Acho que nós temos que construir é leito, para fortalecer Ituiutaba, Araguari, Patrocínio, Monte Carmelo, acho que essa é a política correta e não vir com ambulância com carnaval e política com vida humana não", afirmou.
Estado reconhece existência de débitos
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que, para os dias 21 e 22 de setembro, está agendada uma oficina de aprovação do Plano de Ação Regional, que vai definir a atuação dos gestores locais dentro do Samu. O Estado reconheceu que tem débitos com Uberlândia e disse que trabalha para regularizar os pagamentos.
A SES ainda destacou que a cidade conta com um Hospital Regional desde novembro de 2010 e que há outra unidade de saúde inaugurada em Uberaba.
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