"Os Parças" tinha tudo para dar errado. Mistura entre a velha guarda da comédia brasileira, com youtuber e Bruno de Luca poderia render um filme "lugar-comum" dentro do gênero no cinema brasileiro. As produções mais recentes sempre caem na comédia pastelão e nas atuações exageradas, para não dizer caricaturais.
Os Parças Tom Cavalcante, Tirullipa, Bruno de Luca e Whindersson Nunes (Foto: Divulgação)
O filme dirigido por Halder Gomes até que escorrega nas interpretações exageradas. Às vezes, até mesmo capengas pela falta de experiência de três dos quatro protagonistas com o cinema de uma forma geral. No entanto, a mão do diretor pesa nesta hora de costurar o que não ficou bom com cortes de edição que tornam a narrativa mais dinâmica ou cenas que apontam para um novo assunto na história.
Desafio dos Parças é fazer o casamento da filha do mafioso paulista acontecer (Foto: Divulgação)
O filme fala do inusitado encontro de três nordestino que se viram pelas ruas de São Paulo com um paulista atrapalhado. O personagem de Tom Cavalcante, Toinho, está fugindo da polícia após o dono da loja onde trabalha decobrir que ele o trai com a esposa. Na mesma região, Pirôla (Tirullipa) e Ray Van (Whindersson Nunes) correm da fiscalização na Ponte Santa Efigênia. No meio disso, Romeu (Bruno de Luca) acaba caindo de para-quedas. Aliás, a sequência da fuga pelo Centro da cidade, que culmina com um salto que lembra a foto "The Jump", dos Beatles, é uma das melhores partes de todo o filme. E isso é uma marca de Halder Gomes: releituras escrachadas de qualidade.
Paloma Bernardi em cena com o futuro par romântico no filme - o Romeu de Bruno de Luca (Foto: Divulgação)
O quarteto, mesmo inexperiente na telona, consegue encaixar bem. E embora, tenha momentos de stand up com piadas já manjadas que marcaram suas carreiras, conseguem convencer e fazer com o que o espectador torça por eles ao longo das trapalhadas que fazem. Lembrando que o objetivo final da história é que eles consigam organizar a festa de casamento da filha (Bruna Bernardi) do mafioso (Taumaturgo Ferreira) da 25 de Março sem nenhum recurso e com muita criatividade, depois que o estelionatário (Oscar Magrini) dono da agência de festas foge com o dinheiro do evento. Isso inclui até detergente nos drinks improvisados e Tom Cavalcante fazendo cover de Fábio Jr..
Halder Gomes dá tom autoral em muitas sequências de "Os Parças" (Foto: Selma Lima/Curta Canoa)
A esta altura do filme, você já mergulhou na história que você achava improvável gostar. E está às gargalhadas na sala de cinema. Tudo porque o filme é tão improvável que se torna convicente e muito gostoso de assistir. Destaque para Whindersson Nunes, que mostra que pode ir bem mais além das atuações na internet. E para o também comediante LC Galetto, que faz um cara que tenta enganar o mafioso e acaba sofrendo as consequências disso. Ele aparece pouco, não fala nada, mas tem uma interpretação de caras e bocas que já paga o ingresso.
Tirullipa e Whindersson Nunes em cena no filme "Os Parças" (Foto: Divulgação)
No final das contas, "Os Parças" não entregam uma comédia inesquecível, mas consegue fazer rir bem com a proposta do escracho ilimitado, com direito a Neymar pedindo serviço de casamento. Não é a melhor realização do gênero de Halder Gomes - "Cine Holiúde" e "O Shaolin do Sertão" são bem superiores -, mas tem a sua marca registrada de diretor. O certo é que você vai sair com a sensação de que a exibição "pagou o ingresso".
0 comentários:
Postar um comentário