quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Apesar dos clichês, 'Os Parças' convence como filme de comédia; G1 já viu 

"Os Parças" tinha tudo para dar errado. Mistura entre a velha guarda da comédia brasileira, com youtuber e Bruno de Luca poderia render um filme "lugar-comum" dentro do gênero no cinema brasileiro. As produções mais recentes sempre caem na comédia pastelão e nas atuações exageradas, para não dizer caricaturais.

Os Parças Tom Cavalcante, Tirullipa, Bruno de Luca e Whindersson Nunes (Foto: Divulgação)Os Parças Tom Cavalcante, Tirullipa, Bruno de Luca e Whindersson Nunes (Foto: Divulgação)

Os Parças Tom Cavalcante, Tirullipa, Bruno de Luca e Whindersson Nunes (Foto: Divulgação)

O filme dirigido por Halder Gomes até que escorrega nas interpretações exageradas. Às vezes, até mesmo capengas pela falta de experiência de três dos quatro protagonistas com o cinema de uma forma geral. No entanto, a mão do diretor pesa nesta hora de costurar o que não ficou bom com cortes de edição que tornam a narrativa mais dinâmica ou cenas que apontam para um novo assunto na história.

Desafio dos Parças é fazer o casamento da filha do mafioso paulista acontecer (Foto: Divulgação)Desafio dos Parças é fazer o casamento da filha do mafioso paulista acontecer (Foto: Divulgação)

Desafio dos Parças é fazer o casamento da filha do mafioso paulista acontecer (Foto: Divulgação)

O filme fala do inusitado encontro de três nordestino que se viram pelas ruas de São Paulo com um paulista atrapalhado. O personagem de Tom Cavalcante, Toinho, está fugindo da polícia após o dono da loja onde trabalha decobrir que ele o trai com a esposa. Na mesma região, Pirôla (Tirullipa) e Ray Van (Whindersson Nunes) correm da fiscalização na Ponte Santa Efigênia. No meio disso, Romeu (Bruno de Luca) acaba caindo de para-quedas. Aliás, a sequência da fuga pelo Centro da cidade, que culmina com um salto que lembra a foto "The Jump", dos Beatles, é uma das melhores partes de todo o filme. E isso é uma marca de Halder Gomes: releituras escrachadas de qualidade.

Paloma Bernardi em cena com o futuro par romântico no filme - o Romeu de Bruno de Luca (Foto: Divulgação)Paloma Bernardi em cena com o futuro par romântico no filme - o Romeu de Bruno de Luca (Foto: Divulgação)

Paloma Bernardi em cena com o futuro par romântico no filme - o Romeu de Bruno de Luca (Foto: Divulgação)

O quarteto, mesmo inexperiente na telona, consegue encaixar bem. E embora, tenha momentos de stand up com piadas já manjadas que marcaram suas carreiras, conseguem convencer e fazer com o que o espectador torça por eles ao longo das trapalhadas que fazem. Lembrando que o objetivo final da história é que eles consigam organizar a festa de casamento da filha (Bruna Bernardi) do mafioso (Taumaturgo Ferreira) da 25 de Março sem nenhum recurso e com muita criatividade, depois que o estelionatário (Oscar Magrini) dono da agência de festas foge com o dinheiro do evento. Isso inclui até detergente nos drinks improvisados e Tom Cavalcante fazendo cover de Fábio Jr..

Halder Gomes dá tom autoral em muitas sequências deHalder Gomes dá tom autoral em muitas sequências de

Halder Gomes dá tom autoral em muitas sequências de "Os Parças" (Foto: Selma Lima/Curta Canoa)

A esta altura do filme, você já mergulhou na história que você achava improvável gostar. E está às gargalhadas na sala de cinema. Tudo porque o filme é tão improvável que se torna convicente e muito gostoso de assistir. Destaque para Whindersson Nunes, que mostra que pode ir bem mais além das atuações na internet. E para o também comediante LC Galetto, que faz um cara que tenta enganar o mafioso e acaba sofrendo as consequências disso. Ele aparece pouco, não fala nada, mas tem uma interpretação de caras e bocas que já paga o ingresso.

Tirullipa e Whindersson Nunes em cena no filmeTirullipa e Whindersson Nunes em cena no filme

Tirullipa e Whindersson Nunes em cena no filme "Os Parças" (Foto: Divulgação)

No final das contas, "Os Parças" não entregam uma comédia inesquecível, mas consegue fazer rir bem com a proposta do escracho ilimitado, com direito a Neymar pedindo serviço de casamento. Não é a melhor realização do gênero de Halder Gomes - "Cine Holiúde" e "O Shaolin do Sertão" são bem superiores -, mas tem a sua marca registrada de diretor. O certo é que você vai sair com a sensação de que a exibição "pagou o ingresso".

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