O Triângulo Mineiro é a região de Minas Gerais com os índices mais baixos do Censo Agro 2017. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 40 mil propriedades, apenas 25% receberam a visita em dois meses, ou seja, apenas nove mil foram recenseadas.
Um exemplo são as cidades de responsabilidade da agência do IBGE em Uberaba, que também atende os municípios de Água Comprida, Delta, Conceição das Alagoas, Conquista, Campo Florido e Veríssimo. Dos 3.500 estabelecimentos, foram recenseados 700.
De acordo com o coordenador do Censo Agropecuário em Uberaba, Fernando Óscares, cerca de 10% das propriedades visitadas são encontradas de porteiras fechadas.
Porém, muitas vezes, quando encontram alguém, ela não é a responsável. Nesses casos, é preciso pegar o contato para reagendar a visita, o que causa atraso no censo.
Na propriedade do médico veterinário Felipe Oliveira Fonseca foi assim. Só dez dias depois da primeira visita é que o recenseador conseguiu encontrá-lo para preencher o questionário.
“A gente trabalha sempre com a porteira trancada e caso aconteça algum evento, aí a gente avisa ao funcionário que abre a porteira e depois já tranca novamente. Estamos prevenindo porque problema de assalto está muito grande, problema de roubo de gado e até acesso a casa também”, relatou Felipe.
Violência na zona rural
O medo que os produtores rurais sentem por causa da onda de violência é a grande dificuldade que os recenseadores estão enfrentando no Triângulo Mineiro.
Segundo levantamento do Sindicato Rural de Uberaba (SRU), são, em média, dois furtos ou roubos por dia na zona rural, o que gera muita desconfiança na hora de receber um desconhecido na propriedade.
“Esse terror está prevalecendo na zona rural. A gente pede ao recenseador que mostre a credencial e que o produtor tenha a sensibilidade de responder às questões. Essa informação passa por redes sociais, panfletos e por informações do próprio sindicato quando ele vai tirar notas do gado”, ressaltou Luiz Carlos Saad, diretor do SRU.
“A gente ainda tenta um contato externo com alguma entidade, seja Prefeitura ou sindicato rural e até mesmo algum vizinho de fazenda que tenha um contato mais recente com o produtor para nos fornecer esse contato. Nessas situações a gente consegue, mesmo com dificuldade de realizar a entrevista”, explicou o recenseador Bruno de Oliveira.
Orientações
Para o produtor rural não ficar com medo, é importante saber que os recenseadores trabalham uniformizados e com crachá de identificação. As respostas ao questionário são registradas no sistema online e encaminhadas diretamente para a central do IBGE.
“Muitas vezes o produtor acredita que esses dados coletados pelo IBGE vão cruzar com dados de outros órgãos de fiscalização e a realidade não é esta. O IBGE não divulga os dados de forma isolada. Há uma lei que garante o sigilo das informações. Elas só são divulgadas em forma de estatística", lembrou Fernando Óscares.
O IBGE tem até fevereiro para recensear os 5,3 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo o país. Desde outubro, 19 mil recenseadores estão em campo. Serão cinco meses de trabalho e, até o momento, cerca de 53% das propriedades do Brasil foram visitadas – o número está na média prevista pelo IBGE.
Com o produtor rural Marcus Vinícius Cândido a entrevista foi realizada de primeira, sem nenhuma dificuldade. “São perguntar simples, mas bem fundamentais para a agropecuária. É melhoria para o agronegócio e pra gente também”, comentou.
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