Aparelho de Gilcimar Pureza contém possíveis ameaças a testemunhas, diz PF (Foto: Divulgação/MPF)
Preso na manhã desta sexta-feira (15), durante a segunda fase da operação “Senhores da Fome”, o presidente da Organização de Cooperativas do Amapá (OCB), Gilcimar Pureza, tentou esconder um telefone celular no ralo de um banheiro da casa dele, em Macapá, de acordo com a Polícia Federal (PF). O aparelho, que tinha mandado de busca e apreensão, contém possíveis ameaças a testemunhas.
A PF investiga o esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 2 milhões dos cofres públicos destinados à merenda escolar no estado, entre 2015 e 2016. A polícia ainda não descobriu para onde foi desviado o valor.
Gilcimar Pureza foi preso pela PF nesta sexta-feira (15), em Macapá (Foto: Albenir Sousa/Rede Amazônica)
Nesta sexta-feira, foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, três mandados de condução coercitiva e três mandados de busca e apreensão de telefones, computadores e documentos, todos na capital.
Pureza foi preso como suspeito de exercer influência sobre a empresa Agrocop, investigada pela não entrega dos alimentos. De acordo com a Delegacia de Combate ao Desvio de Recursos Públicos (Delecop), ele atuava como um gestor oculto da empresa, tomando decisões e sendo consultado pelos diretores quando o assunto era o contrato com o governo do Amapá para o fornecimento da merenda.
Durante a prisão, ele negou que exista o esquema. "Estou sendo preso porque faço a defesa das cooperativas do Amapá, dos interesses e dos negócios. Não existe esquema de desvio de dinheiro e vou provar", disse.
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Presidente de cooperativas do Amapá é preso em operação da PF
O pedido de prisão preventiva também foi justificado pela atuação dele ao atrapalhar as investigações, ameaçando membros da empresa para que não informassem sobre o esquema e não colaborassem com a PF, disse o delegado Victor Arruda, da Delecop.
A Polícia Federal informou que Pureza resistiu à prisão. Devido ao tumulto, o delegado afirmou que ele deve responder também por desacato.
"Uma testemunha foi ameaçada por ele para que não indicasse essa pessoa como envolvida no esquema. Hoje durante o cumprimento dos mandados, ele não abriu a casa e os policiais tiveram que forçar a entrada. Ele também foi agressivo com os policiais e será lavrado um flagrante por desacato. Além disso, ele escondeu um celular no ralo do banheiro dele, que foi encontrado depois", descreveu Arruda.
Polícia Federal cumpriu mandados na casa do presidente da OCB, em Macapá (Foto: Jéssica Rabelo/Rede Amazônica )
Em nota, a OCB informou que desde o início tem contribuído com as investigações da PF, inclusive documentando em novembro que se pôs à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento e entregar a documentação necessária que estivesse em posse da entidade.
"Na manhã desta sexta-feira, 15, a Polícia Federal esteve nas dependências do Sistema para solicitar a documentação da referida Cooperativa investigada. O presidente Gilcimar Pureza, que tem contribuído diretamente nas investigações, presta esclarecimentos neste momento e soma junto ao trabalho da PF", diz a nota.
Também estão sendo investigados membros do conselho fiscal da empresa, que segundo a polícia, não tinham conhecimento do esquema, mas constavam no quadro apenas para dar aparência de legalidade no empreendimento. Todos os investigados irão responder, por crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.
Ex-secretária de educação, Conceição Medeiros, foi conduzida na operação 'Senhores da Fome' (Foto: Reprodução/Rede Amazônia)
'Senhores da Fome'
A primeira fase da operação foi deflagrada no dia 31 de outubro e apurou a suposta atuação dos empresários, diretores de escolas e servidores da Secretaria de Educação do Amapá (Seed) no esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 2 milhões dos cofres públicos.
A ex-secretária de Educação do estado, Conceição Corrêa Medeiros, foi alvo de mandado de condução coercitiva, quando o suspeito é obrigado a ir depor à polícia. A operação da PF contou com a participação do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Amapá, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Os suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção poderão responder na Justiça pelos crimes de peculato (irregularidades cometidas por servidor público), associação criminosa e falsidade ideológica.
Os investigadores apontam que o suposto esquema de corrupção deixou, pelo menos, 52 escolas públicas de Macapá sem alimentos da agricultura familiar. Ainda conforme a PF, no início de 2016, vários diretores assinaram o termo de recebimento dos alimentos sem que tivessem sido entregues às instituições de ensino. Parte das falsas entregas teriam sido feitas no período de férias escolares.
O G1 tenta contato com a empresa Agrocop, citada nas investigações da PF.
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