Cristina Rabello, Gracyele Rocha, Eduardo Rodrigues, Deysi Alves e Tassiane Agostinho falaram suas histórias com o carnaval de Juiz de Fora ao G1 (Foto: Roberta Oliveira/G1)
Antes da coroa e da faixa, eles eram foliões. Esta ligação construída com o carnaval de Juiz de Fora é o que inspira os eleitos para representar a festa na cidade: a Rainha Gracyele Rocha, a Princesa Deysi Alves e o Rei Momo, Eduardo Rodrigues; a Rainha dos Blocos, Cristina Rabello e a Musa dos Blocos, Tassiane Agostinho.
Desde criança, por influência da família e apoio de amigos, todos contam como mantêm vivos o amor pela festa e a felicidade em ser a representação da folia em Juiz de Fora.
'Me chamavam, eu ia', Gracyele Rocha, Rainha do Carnaval
Gracyele Rocha, Rainha do Carnaval de Juiz de Fora em 2017 e em 2018 (Foto: Gracyele Rocha/Arquivo Pessoal)
O samba está no DNA da Rainha do Carnaval de Juiz de Fora. "Meu tio tocava no Ladeira, minha mãe me levava nos ensaios. Peguei amor. Desfilo desde criança e quando me tornei adolescente me interessei em ser passista, participei de concursos para entrar na ala. Desfilei pela Real Grandeza, Partido Alto, Mocidade do Progresso, Ladeira", comentou Gracyele Rocha.
Gracyele faz parte do grupo de foliões que se tiver chance, desfila.
"Adorava tanto que me chamavam e eu ia. Houve uma vez, que desfilei em várias escolas seguidas, umas quatro o cinco. Foi tanta animação que eu não fiquei cansada", afirmou.
Voltar à Corte foi uma surpresa, já que o reinado de rainha é de apenas um ano. Ela disse estar feliz por ter chance de viver esta experiência por mais um carnaval.
"Eu lutei muito para representar Juiz de Fora como rainha. Estou há três anos com a corte, já que fui princesa em 2016. Todos a minha volta estão muito felizes. O carnaval me trouxe vários convites. A gente trabalha o ano inteiro, com garra porque a gente ama", comentou.
Como foliã que atualmente carrega a coroa e a faixa de Rainha, ela deseja que o carnaval volte a ser fortalecido para que todos saiam ganhando. "A festa representa muito, não apenas para a gente, que gosta, mas para a cidade. Não é só gastos. Poderia trazer turistas que gerariam fundos e sairiam daqui elogiando. Queria que meu filho [Igor, de 6 anos] crescesse com o carnaval que eu conheci. Atualmente, não é possível", analisou.
"Não podemos deixar a folia morrer', Eduardo Rodrigues, Rei Momo
Eduardo Rodrigues, aos 3 anos, fantasiado de pirata no baile da creche (Foto: Eduardo Rodrigues/Arquivo Pessoal)
O Rei Momo também tem a folia no sangue e na rotina da família. Carnaval faz parte da vida de Eduardo Rodrigues desde sempre.
"Meu amor pelo carnaval vem desde criança, incluindo bailinhos na creche comunitária. Minha família toda participa do meio do samba. Eu morava no Bairro Bela Aurora e tinha a escola Águia de Ouro, onde a gente tinha uma ala formada pela minha família e amigos", lembrou.
Ele também destaca que, para as pessoas que amam, a festa dura além do período oficial.
"A gente passa noite sem dormir, trabalha na escola e passa boa parte do ano imaginando a roupa que vai usar no ano seguinte. O carnaval é um momento de satisfação muito grande, um reconhecimento de um trabalho que é feito durante o ano inteiro", afirmou.
No segundo ano de mandato, mesmo sem as escolas na rua, Eduardo Rodrigues celebrou os blocos e shows e destacou que as pessoas não precisam de superproduções para se divertirem.
"Como Rei Momo, tenho responsabilidade de transmitir alegria. Já estou mais experiente. [O evento] ficou um pouco triste porque as escolas na estarão desfilando, mas tem os blocos que são importantes para a cidade. É uma festa popular. Não é necessário ter fantasia belíssima para brincar, pode improvisar com o que tem em casa. Nós não podemos deixar a folia morrer", ressaltou.
'Um sentimento indescritível', Deysi Alves, Princesa do Carnaval
Deysi Alves, princesa do carnaval de Juiz de Fora em 2017 e em 2018 (Foto: Deysi Alves/Arquivo Pessoal)
A servidora pública Deysi Alves tem uma trajetória diferente até o carnaval. Ela não tinha essa ligação familiar com escolas e blocos. Só começou a se envolver por causa de amigos, como o ex-Rei Momo de Juiz de Fora Marcelo Portella; o atual Rei de Bateria da União das Cores, Jonny Melo e a rainha do Carnaval 2017 no Rio de Janeiro, Ullana Adães; David Telles, que a ajuda nas produções.
Com o "empurrãozinho" destes e outros amigos, Deysi foi eleita rainha do Samba do Morro em 2015 e foi pra o concurso da Corte de 2017, onde foi eleita 2ª Princesa. "Eu me preparei, fiz a apresentação conforme tinha ensaiado. Para o primeiro ano, uma garota que não era envolvida no meio do samba, entrar na corte é uma maravilha. É um sentimento indescritível. Tantas garotas estão tentando tantos anos e eu fui agraciada de primeira", ressaltou.
O reinado abriu muitas portas e permitiu que ela se tornasse Rainha do Bloco dos Servidores, já que ela é servidora pública municipal; musa do Concentra mas não sai; rainha da Batucada de Rua e ao título de rainha de bateria e mesmo para desfilar em outra cidade.
"Esse mundo do samba me trouxe muitos feitos e me possibilitou agora realizar meus sonhos de ser Rainha de Bateria da Uniao de Santa Luzia. Eu nunca achei que seria capaz, eu assistia aos desfiles pela televisão, nunca achava que um dia poderia estar neste meio. Sou musa no Bambas do Rio, em Três Rios (RJ); é uma grande alegria poder sambar em outra cidade".
Como a eleição para rainha e princesas para a Corte de 2018 foi cancelada, a Corte de 2017 foi convidada para comandar o carnaval da cidade. Apesar de lamentar a ausência dos desfiles, ela destacou a felicidade de voltar a reinar na folia juiz-forana.
"A gente tem uma ligação de respeito incrível, amizade e confiança. Estou muito feliz de poder estar do lado da Gracyele e do Dudu, desempenhando nosso papel com tanta maestria. Como todos os amantes do carnaval, gostamos do ápice que é a avenida, mas o empenho da Corte continuará sendo o mesmo: estar muito bem, levar alegria, samba no pé, brilho, seja nos blocos e nos eventos fechado e vamos desempenhar nosso papel com tanto louvor", afirmou.
"O carnaval e o samba são grande parte da minha vida", Cristina Rabello, Rainha dos Blocos
Cristina Rabello, Rainha dos Blocos do carnaval de Juiz de Fora de 2018 (Foto: Cristina Rabello/Arquivo Pessoal)
Cristina Rabello foi eleita a Rainha dos Blocos de Juiz de Fora em 2018. Para ela, que já esteve na corte da folia da cidade e vive do samba, é o reconhecimento do trabalho realizado.
"Ser escolhida Rainha dos Blocos foi uma sensação maravilhosa, não tem como explicar. Recebi muito calor e carinho do povo, não esperava tanto, o que me deixou muito feliz. Fui Princesa em 2014 e Rainha em 2015 e o sentimento das pessoas se manteve. Percebi que não caí no esquecimento, que fiz um bom trabalho e as pessoas continuam o mesmo. Eu faço shows durante todo o ano. O carnaval e o samba são grande parte da minha vida", destacou.
Justamente por isso, ela aproveita a chance de estar nos eventos e lembrar as pessoas que é necessário lutar pelo fortalecimento do carnaval da cidade.
"Mas vamos colocar a cara nas ruas nos blocos para que todos enxergarem que, se o carnaval de Juiz de Fora acabar, não será por vontade nossa. Estamos aqui para fazer a nossa parte. Mesmo limitado, vamos transmitir alegria", comentou.
Assim como a irmã, Cristina foi criada ao lado da mãe, Regina, no Partido Alto. Para ela, a ausência dos desfiles das escolas é uma perda muito grande. "A falta dos desfiles, para quem gosta, para a gente que é nascida e criada nas escolas, como eu, é uma amputação. Fomos pra o debate na Câmara, falamos para os políticos sobre o que representava não ter as escolas. Não temos mais o que fazer, estamos numa situação de impotência. É muito triste", lamentou.
'Carnaval para mim é o ano inteiro', Tassiane Agostinho, Musa dos Blocos
Tassiane Agostinho, Musa dos Blocos do carnaval de Juiz de Fora em 2018 (Foto: Tassiane Agostinho/Arquivo Pessoal)
Quem vê a jovem pronta para sambar não pensa que ela está se sentindo parte de um sonho realizado. A Musa dos Blocos, Tassiane Agostinho, foi para o samba pelas mãos da avó. "Ela sempre saía em quase todas as escolas como baiana e eu sempre ia assistir. A gente morava no Ladeira e eu ia aos ensaios. Era aquela coisa mágica de você olhar e não se imaginar ali", destacou .
De tanto conviver, ela percebeu que não era sonho, era algo possível. "Comecei a me interessar, me tornei passista e em 2013, rainha da bateria do Ladeira. Eu trabalho fazendo show quase todo fim de semana. Não tem jeito: carnaval para mim é o ano inteiro", explicou.
Com este vínculo com as escolas, Tassiane Agostinho manteve o otimismo de desfrutar a festa como foi possível neste ano e lutar para que as escolas voltem. "Sair em bloco é muito bom, tem a proximidade e o calor do público, mas o clima do desfile é diferente. Neste ano, vamos aproveitar o que tem, mas sem esquecer que não podemos dar o braço a torcer nunca", afirmou.
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