O soldado da Polícia Militar (PM) Patrick Sérgio Moraes Martins se entregou à Polícia nesta segunda-feira (5) por suspeita de participar da quadrilha de contrabandistas que, segundo as investigações, tinha a participação de policiais militares e um delegado da polícia civil.
A quadrilha foi descoberta em uma operação que encontrou em fevereiro deste ano um porto clandestino localizado no Arraial, no Quebra Pote, em São Luís. O local serviria para descarregamento de armas, bebidas alcoólicas e cigarros contrabandeados que posteriormente foram achados em dois galpões.
Patrick chegou acompanhado de um advogado na Superintendência de Combate à Corrupção (SECCOR), prestou depoimento e foi levado preso para o Comando Geral da Polícia Militar. Até o momento quinze pessoas foram presas e um sargento continua foragido.
Dentre as 15 prisões, oito são policiais. Os depoimentos que eles prestaram devem ajudar os investigadores a montarem o quebra-cabeça e definir o papel que cada um deles tinha dentro da organização criminosa.
Um deles é o major Luciano Rangel, que era subcomandante de um batalhão em São Luís. Rogério Souza Garcia – que já foi vice-prefeito de São Mateus – também está preso. O advogado Ricardo Jefferson Muniz Bello foi preso no dia 02 de março e tentou sair da prisão por meio de um Habeas Corpus que foi negado pelo desembargador Cléber Costa Carvalho.
No dia 3 de março, o coronel Reinaldo Elias Francalanci se entregou, prestou depoimento e saiu preso. No mesmo dia foram presos o soldado Gleydson da Silva e o tenente Aroud João Padilha Martins. O delegado Thiago Bardal – que foi superintendente de investigações criminais – também teve a prisão preventiva decretada e se entregou no dia 02 de março.
Motivo das prisões
No pedido de prisão dos investigados a polícia diz que o major Luciano Rangel estava na estrada que dá acesso ao porto clandestino com outra pessoa. Ele tinha armamento sem registro e munição, além de binóculos para uso noturno.
Já o delegado Thiago Bardal foi flagrado com um carro particular e, segundo a polícia, se mostrou apreensivo quanto às razões de estar naquele local tão ermo. Ele teria entrado em contradições e apresentou pelo menos três versões.
Segundo o relatório, Bardal estava na estrada que somente dá acesso à propriedade onde se situa o porto clandestino. O documento também diz que uma viatura da Superintendência de Investigações Criminais já havia sido flagrada em situação suspeita em 2017.
Um cabo e um soldado disseram em depoimento que estavam apurando uma denúncia de carga ilegal na região do Tibiri e que, durante uma campana, foram abordados pelo tenente Padilha - preso nesta segunda-feira (5) - que perguntou o que os PMs estavam fazendo ali e que teria os alertado de que tinha um coronel "no meio do lance” e também um delegado da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC).
O relatório também diz que o coronel Elias Francalanci chegou a ordenar, por telefone, a liberação de uma carga suspeita em dezembro do ano passado e que o major Rangel e outros cinco policiais usavam uma viatura ostensiva da PM para fazer escolta dos caminhões que transportavam cargas ilegais.
Segundo a denúncia, o esquema rendia ao major Luciano Rangel a quantia mensal de 50 mil reais e que os policiais subordinados a ele recebiam entre seis e dez mil. Os pagamentos, segundo a investigação, ocorriam dentro do batalhão.
O advogado do delegado Thiago Bardal informou que o cliente dele está sofrendo perseguição política. Já o advogado de Rogério Sousa Garcia disse que o cliente dele tem usado o direito constitucional de se manter calado. O coronel Elias Francalanci disse, antes de ser preso, que não sabia do que estava sendo acusado. O G1 tentou contato com a defesa dos outros presos e aguarda resposta.
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