A criação de quelônios em tanques de cultivo, legalizados, é uma alternativa para reduzir a caça ilegal nos rios e o comércio da espécie, mas também pode ser o início da abertura de um negócio rentável. No Amapá, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), há apenas um produtor registrado, mas a comercialização do animal ainda não ocorre.
Com foco na demanda crescente de produtores interessados em fazer o manejo das espécies, na tarde desta sexta-feira (2) um grupo formado por empresários, aquicultores e pessoas interessadas em investir em viveiros, participaram de treinamento na encubadora da Embrapa.
Além de conhecerem como são criados os quelônios, em especial dos espécimes tartaruga da amazônia, tracajá e muçuã, eles se informaram sobre as vantagens que o cultivo em cativeiro propicia à natureza. A facilidade no manejo gerou interesse. A empresária Melina Scheer, de 34 anos, disse que vai apostar no mercado.
“Minha família tem 4 viveiros de peixes, mas estão em manutenção no momento, e essa é uma boa oportunidade para adequar o espaço para criação de quelônios. A nossa região tem a tradição de consumir a carne e os ovos, mas isso deve ser feito de forma legal, para que o consumidor saiba a procedência do animal”, disse a empresária.
Jamile Costa foi a pesquisadora que ministrou o curso. Ela orientou que, antes de se pensar em produção, é preciso atentar para questões burocráticas.
“Além da permissão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é necessário se ter um projeto de criação, com instalações sanitárias adequadas aos animais, ter um responsável técnico pela criação, além das licenças e demais documentos”, reassaltou.
Como o Amapá não possui legislação estadual que regule a criação em cativeiro desses répteis, é possível respaldar a produção pela lei federal. Existem duas formas para adquirir os primeiros exemplares.
“Fazer parceria com o Ibama é a forma ideal. A partir da coleta dos ovos, os técnicos criam os animais por cerca de 3 meses e, em vez de soltarem todos, podem repassar alguns, gratuitamente, para criadores, mas a pessoa fica com a obrigação de resguardar 10 % do plantel para reprodução e parte dos filhotes vão pra natureza. Outra opção é comprar em criatórios de outros estados, como Amazonas e Acre”, explicou Jamile.
Para a pedagoga Tatiana Duarte, o mercado é promissor. “Temos uma chácara e como o mercado em Macapá é muito promissor, temos interesse em investir. Quem dera se os restaurantes do estado pudessem servir um prato exótico como é do tracajá, com garantia de qualidade e de rentabilidade”, pontuou.
Durante o curso, que durou dois dias, os participantes também puderam tirar dúvidas sobre legislação, espécies e características, medição da altura dos tracajás, contenção física, instalações, sistemas de produção, bem-estar e comportamento animal, sanidade e controle produto.
De acordo com a Embrapa, o tracajá é uma das espécies mais capturadas para consumo na Amazônia brasileira, e também a mais apreendida pelo órgão fiscalizador de tráfico de animais silvestres. A carne e os ovos são muito apreciados para consumo e está entre as principais apostas para criação em cativeiro, junto com a tartaruga da Amazônia.
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