Quando o Amapá comemorava a redução de casos de infectados pela febre chikungunya, em dezembro ocorreu a primeira morte em decorrência da doença. O caso aconteceu em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, e foi constatado após investigação da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (CVS).
De acordo com o governo, a vítima é uma mulher de 46 anos. Ela contraiu malária no mesmo período da febre e morreu internada em 29 de setembro no Hospital Estadual de Santana. A vítima teria sentido os sintomas somente 20 dias antes de morrer. A mulher morava em Macapá, mas trabalhava em Mazagão e Santana.
Apesar da morte, a Sesa diz que houve redução de registros de chikungunya no Amapá. Nas primeiras 51 semanas do ano, foram confirmados 171 casos, uma diminuição de 82% em comparação ao mesmo período de 2015, quando 951 pessoas foram infectadas.
O boletim também mostrou que o registrado nos 16 municípios caiu em relação a dengue, no mesmo período, passando de e 2.932 em 2015 para 1.618 neste ano, o que representou queda de 44,8% nos casos.
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A auxiliar de serviços gerais, Regina de Azevedo, de 45 anos, conta que é mãe e pai na casa onde mora com dois filhos, uma nora e uma neta. Para sustentar a família, faz diárias de limpeza em casas. Regina presta serviço no Hospital de Emergência de Macapá, único pronto socorro do estado. "É muito triste a pessoa trabalhar e não receber. Minha família depende de mim, sou quem compra o que comer e vestir. O que me restou foi só tristeza", lamentou.
A servente faz parte das centenas de trabalhadores que atuam na limpeza em órgãos estaduais da saúde através de duas empresas terceirizadas. O ano termina com ao menos três meses de salários atrasados, retroativo de 2014 e férias que não foram pagos.
2016 foi marcado por parasalições de várias categorias da saúde. Maqueiros, recepcionistas e carregadores reclamaram falta de pagamento e condições de trabalho. Técnicos de enfermagem fizeram ato após suspensão do fornecimento de alimentação.
Ao menos três cidades, Macapá, Laranjal do Jari e Oiapoque, tiveram o fornecimento da alimentação em hospitais da rede pública, suspenso. O motivo foi a falta de pagamento para as empresas. As refeições foram mantidas somente para pacientes e acomanhantes de crianças.
"A sobrecarga de trabalho é muito grande e o sucateamento dos hospitais é enorme", reforça Ismael Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da SAúde (Sindsaúde).
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Um rato foi flagrado na recepção do Hospital de Emergência (HE) de Macapá. O vídeo foi registrado por usuários da unidade de saúde. As imagens mostram que o animal foi perseguido pelas pessoas que estavam na recepção, mas foi atingido somente minutos depois por um chute dado por um funcionário do HE (veja vídeo).
O roedor, que pode transmitir leptospirose, morreu ao ser arremessado com o chute para o balcão onde ficam os vigilantes e policiais militares que fazem a segurança da unidade de saúde.
Outro episódio que chamou a atenção de pacientes e pessoas que circulam nos hospitais foi a presença de baratas nos leitos.
Em um dos casos, um vídeo enviado pela acompanhante de uma paciente do Hospital Maternidade Mãe Luzia, mostra o inseto pelo chão e até em cima de um dos leitos da enfermaria da unidade.
No início de dezembro, baratas também foram flagradas andando no leito em que estava o bebê de uma das pacientes da maternidade. "De noite tem muita barata, barata andando pela enfermaria, tem que ficar prestando atenção que é até arriscado entrar no ouvido das crianças. O banheiro também tem um mal cheiro", reclamou o ajudante de pedreiro de 26 anos, que fez as imagens e que pediu para não ser identificado.
A mulher dele teria adquirido infecção hospitalar no período em que ficou internada, disse o homem.
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A falta de medicamentos e equipamentos na rede pública provocou uma série de manifestações de pacientes. Quem aguarda por cirurgias ortopédicas chegou a interromper o trânsito no entorno do Hospital de Emergências (HE) várias vezes ao longo do ano.
Enfaixados, de muletas e em cadeiras de rodas, eles reclamavam a demora nos procedimentos. O leiturista Odinildo Almeida, de 25 anos, disse que foi atropelado por um carro e precisa de cirurgias na boca e no fêmur da perna esquerda. De acordo com o paciente, não há leito para a demanda do HE e as cadeiras de rodas disponibilizadas não possuem assento, sendo improvisadas com panos.
"Preciso operar e espero por transferência há cerca de três meses. No hospital, eu vejo gente gritando à espera de leito e não recebemos nenhuma posição em relação a nada. A maioria que está aqui são pais de família, trabalhadores. Pagamos impostos e não temos nossos direitos atendidos", reclamou Odinildo enquanto aguardava cirurgia no dia 12 de dezembro.
A imagem de um bebê recebendo oxigênio através de uma tenda improvisada com saco plástico marcou a crise na saúde em 2016. O recém-nascido estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI) da maternidade. As imagens foram publicadas e compartilhadas na rede social Facebook.
Um enfermeiro que pediu para não ser identificado contou que a falta de materiais adequados para atendimentos é constante na unidade hospitalar localizada no Centro de Macapá. À época, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garantiu que o processo com o uso do saco plástico é seguro e é utilizado em casos de emergência.
Longas filas, demora e atendimento inadequado nos hospitais ao longo do ano provocaram a ira de pacientes. Um deles chegou a chutar lixeiras e uma balança no setor de nefrologia do Hospital de Clínicas Alberto Lima (Hcal). Segundo informações de testemunhas à época, ele estaria esperando para uma sessão de hemodiálise há três dias. A Polícia Militar foi acionada, e o paciente teve de ser conduzido à delegacia.
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Em abril, um bebê de 8 meses foi o primeiro amapaense contaminado com o vírus da gripe influenza A (H1N1), confirmou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A criança morreu um dia depois.
Um médico cubano, de 42 anos, foi a segunda vítima fatal da doença. A mulher dele também contraiu o vírus no Amapá e retornou para Cuba após tratamento. Os dois estavam internados no Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá.
Após o registro das mortes, o governo do Amapá recebeu 177 mil doses de vacina contra a influenza H1N1 e antecipou a campanha que foi destinada com prioridade para a população vulnerável, a exemplo de crianças a partir de seis meses a cinco anos, gestantes, trabalhadores da saúde, indígenas e idosos a partir de 60 anos.
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Em março de 2016 uma operação da Polícia Civil desmontou um esquema de venda de medicamentos vencidos e de comercialização restrita, supostamente da rede pública, em farmácias de Macapá e Santana. Cerca de 1 mil embalagens foram apreendidas na operação denominada “Saúde Zero”.
A polícia informou que descobriu embalagens de remédio adulteradas para camuflar os termos “venda proibida” e “entrega gratuita”. Os produtos eram expostos livremente nas prateleiras, segundo a polícia. A operação investiga se os remédios eram roubados dos postos ou cedidos pelos funcionários.
Em Vitória do Jari, cidade a 265 quilômetros de Macapá, foi a Polícia Federal que realizou a operação "Antígeno", que apura suposto desvio de R$ 800 mil na Secretaria Municipal de Saúde. Além de Vitória do Jari, a PF atuou nas cidades de Macapá, Laranjal do Jari, Almeirim, no Pará, e Fortaleza, capital do Ceará.
Segundo a PF, o recurso teria sido desviado do custeio de ações no âmbito da saúde e transferido para a conta de diversas pessoas, tanto físicas quanto jurídicas. As investigações iniciaram em 2015, informou a polícia.
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Episódios curiosos e polêmicos também marcaram a saúde. Entre eles, a exoneração da dentista Patrícia Ferraz do cargo de coordenadora nacional de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde.
Patrícia, que é suplente amapaense de deputado federal pelo PSC, apareceu em registros nas redes socais na Europa no mesmo período que ela havia pedido licença médica do trabalho.
A imagem em Madri, na Espanha, legendada com "#Ferias2016" e "feriascomasamigas", foi postada por uma amiga. À época, o Ministério da Saúde informou que a coordenadora pediu licença das funções por três dias, e que a ausência foi justificada com atestado médico.
O MS reforçou que o tratamento fora do país foi descrito no pedido e foi custeado com recursos próprios de Patrícia. O órgão reforçou que a servidora não detalhou sobre o tipo de tratamento, pois se trata de "uma questão particular que foge totalmente de sua atuação".
Outro fato polêmico foi a implantação de um dispensador alternativo de camisinhas para escolas públicas. A iniciativa chamou a atenção do Ministério da Saúde (MS). O projeto "Escola Saudável" propõe orientação sexual para alunos da rede de ensino.
O dispensador foi criado pelo enfermeiro e professor Vencelau Pantoja e pelo professor Sávio Sarquis. Adaptado na própria embalagem de papelão onde vem o preservativo, a caixa serve de depósito de camisinhas para acesso da população, contribuindo, segundo os criadores, para a sustentabilidade do meio ambiente.
A campanha de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) foi baseada em um cruzamento de dados socioeconômicos. Segundo Pantoja, no início do trabalho existiu uma certa resistência da escola e até mesmo de alguns alunos, mas, com o tempo, tanto a instituição de ensino, quanto os jovens apoiaram o projeto.
"O objetivo não é incentivar o sexo, mas sim, dar acessibilidade aos preservativos e orientar os jovens. Hoje, escolas e alunos abraçaram a causa", disse.
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