Diversos serviços públicos que são direito da população estão sendo oferecidos sem nenhuma estrutura para os moradores do município de Viçosa. A obra de uma escola que deveria abrigar 500 crianças está parada há dois anos e a estrutura está tomada por mato e lixo.
Enquanto isso, 600 alunos estudam há mais de dois anos em um prédio improvisado onde funcionava um hospital. O local nunca foi reformado. As bancas são velhas e o forro já caiu em duas salas de aula. A fiação fica exposta e no auditório, o forro pode desabar a qualquer momento.
A estudante Eduarda Bezerra, 13, diz que estuda com medo. “A sala que eu estudo está começando a rachar. A gente vê a cada dia a escola caindo alguns espaços”, relata.
Em Viçosa a sensação é de abandono por parte da gestão pública. Os fundos da antiga Secretaria de Cultura viraram um depósito de carros quebrados e 3 das 4 ambulâncias do município estão no local.
O posto de saúde recém-inaugurado já tem rachaduras por toda parte e está sem energia. Assim, os funcionários improvisam e abrem as portas para deixar a luz entrar pelas janelas. O gerente de patrimônio da secretaria de Saúde, Alex Oliveira, explica que sem energia o posto não tem como armazenar vacinas.
“O nosso maior problema hoje é o seguinte: quando os funcionários vem pela manhã, eles trazem a vacina, ela fica numa caixa térmica e no final da tarde, quando eles terminam os serviços, as vacinas voltam para a central para serem armazenadas porque aqui não tem energia", conta o gerente.
O posto está sem energia porque a prefeitura tem uma dívida de R$ 100 mil com a Eletrobras. E são muitos os problemas financeiros em todos os setores da administração pública, a exemplo de convênios com o governo federal que passam de R$ 4 milhões, sem nenhuma prestação de contas. Existe também um rombo na previdência de mais de R$ 7 milhões.
Denúncias
Tudo isso está em um relatório de 11 páginas feito durante quase dois meses pela nova gestão municipal. Depois de fazer um levantamento da real situação logo após assumir o cargo, o prefeito David Brandão diz que ficou assustado com o caos em que o município se encontra.
"Onze convênios com falta de prestação de contas é uma coisa de se abismar. Como é que a gente hoje administra um município do tamanho de Viçosa sem prestar contas de convênios feitos com órgãos federais? Então isso é espantoso, como outras situações encontradas", conta o prefeito.
Na comarca de Viçosa existem mais de 200 ações contra a prefeitura. O promotor de justiça Anderson Barbosa diz que o Ministério Público Estadual (MP-AL) instaurou vários procedimentos administrativos.
"O MP-AL, a Promotoria de Justiça de Viçosa e o núcleo ajuizaram cinco ações de improbidade administrativa contra o ex-prefeito Flauber Torres Filho e contra também outras pessoas, como secretários, diretores do fundo previdenciário municipal. Então os fatos delituosos e os ilícitos administrativos que foram praticados contra o patrimônio público de Viçosa estão sendo apurados e outros procedimentos serão também abertos", afirma o promotor.
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