O Ceará é o estado do Nordeste com menor porcentagem de recusa de doação de órgãos, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), realizada entre os meses de janeiro e junho de 2017. Os dados mostram que 41% das famílias cearenses disseram não à doação de órgãos de seus parentes nesse período.
Também de acordo com o levantamento, no primeiro semestre deste ano a taxa de doadores efetivos de órgãos no estado é mais alta do que a nacional. Enquanto no Brasil a taxa de doadores efetivos é de 14,6 a cada um milhão de habitantes, o Ceará tem 20,7 doadores a cada um milhão.
Rio Grande do Norte também registrou um dos menores índices de recusa de doação de órgãos do Nordeste, com 44%. A porcentagem é próxima à média do Brasil, que apresentou 43%, conforme a pesquisa.
Apesar disso, o cirurgião cardiovascular José Lima Oliveira Júnior, integrante da ABTO, alerta que os números são considerados altos. "É um número muito alto, principalmente comparado com Espanha, que é referência no mundo, e também EUA, Canadá, Austrália, países que têm taxa de 20% no geral."
'Tratar o assunto de forma natural'
Para o cirurgião, as famílias precisam estar mais habituadas ao tema da doação de órgãos para que seja possível tratar o assunto de forma mais natural. “É muito comum que as pessoas nunca tenham falado sobre doação e a primeira vez que precisam tocar no tema é no momento do luto, então é natural recusar.”
De acordo com José Lima, as famílias demonstram muitas dúvidas na hora de escolher doar os órgãos do paciente. “As dúvidas são se o ente querido está numa condição irreversível ou não. Se os órgãos vão ser comercializados, se a fila dos órgãos é respeitada ou não, também existe receio de que o corpo vá ficar deformado para o velório e enterro”, comentou.
Conforme a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o Ceará tem 775 pessoas na fila à espera de um órgão. Destas, 585 pessoas esperam por um rim, 167 por fígado, nove por coração, 4 por pulmão, nove por pâncreas/rim e uma espera córnea.
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