terça-feira, 29 de agosto de 2017

Quatro rios do AP têm peixes com nível elevado de mercúrio, aponta estudo

Contaminação foi identificada através da coleta de 8 espécies de peixes nos 4 rios (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)Contaminação foi identificada através da coleta de 8 espécies de peixes nos 4 rios (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Contaminação foi identificada através da coleta de 8 espécies de peixes nos 4 rios (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Um estudo identificou quatro rios do Amapá com elevado nível de mercúrio. A contaminação foi confirmada pelas análises de amostras de espécies de peixes coletados nas regiões. Uma das vias fluviais fazia parte da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), extinta pelo Governo Federal no dia 25 de agosto. O teor de mercúrio foi 22 vezes maior que o recomendado para consumo humano em uma espécie coletada pelos pesquisadores.

A Delegacia de Meio Ambiente (Dema) alegou não ter estrutura física e de pessoal suficiente para fiscalizar as áreas mais longes da capital. O titular da Dema, Sávio Pinto, citou que já deixou de concluir investigações por falta de equipamentos que façam análise de elementos químicos em peixes na Polícia Técnico-Científica (Politec).

Liderado por uma equipe do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), o estudo apontou alta concentração de mercúrio nos rios Amapari, Araguari, Oiapoque e Jari. A contaminação geralmente acontece pela extração de ouro. As amostras foram coletadas em áreas de unidades de conservação, inclusive as do rio Jari que faziam parte da Renca.

“Para os ribeirinhos que comem peixe praticamente todo dia e que têm uma dieta basicamente representada por proteína de peixe, esse dado é preocupante. Talvez esse valor seja alto demais para o consumo humano no nosso estado”, comentou a doutora em zoologia do Iepa, Cecile Gama.

Animais foram coletados e passaram por análise prévia (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)Animais foram coletados e passaram por análise prévia (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Animais foram coletados e passaram por análise prévia (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

A coleta foi feita em uma área há cerca de 100 quilômetros de locais onde já existiram ou ainda existem garimpos ilegais. Cerca de 180 peixes carnívoros de oito espécies presentes nesses rios e que são tradicionalmente consumidos pela população, foram coletados.

De acordo com o Iepa, 80% apresentou contaminação de mercúrio, sendo 45% dos peixes com níveis de mercúrio acima do permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para consumo humano. O rio Araguari foi o local onde os peixes estavam com o maior teor de contaminação, segundo o estudo.

A OMS estabelece um nível aceitável de contaminação de 0,5 micrograma de mercúrio por grama de tecido muscular. Os peixes coletados no Araguari estavam com 11 microgramas de mercúrio por grama de tecido muscular.

Coletas foram feitas nos rios Araguari, Amapari, Oiapoque e Jari (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)Coletas foram feitas nos rios Araguari, Amapari, Oiapoque e Jari (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Coletas foram feitas nos rios Araguari, Amapari, Oiapoque e Jari (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

“Esse acúmulo de mercúrio no nosso organismo, que não é um metal essencial ao nosso funcionamento, causa alguns problemas nos rins, estômago, fígado e no sistema nervoso central. Então casos mais agudos podem causar demência e tendências suicidas”, ressaltou a pesquisadora Cecile.

O estudo foi realizado em 2015 pelo Iepa, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e pela ong WWF-Brasil. As análises renderam uma publicação em uma revista internacional.

Expedição em agosto deu início a estudo mais detalhado (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)Expedição em agosto deu início a estudo mais detalhado (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Expedição em agosto deu início a estudo mais detalhado (Foto: Cecile Gama/Arquivo Pessoal)

Consequência da contaminação

A publicação possibilitou a continuidade do estudo da contaminação em outros rios e entender como a situação afeta as populações ribeirinhas e indígenas.

A primeira expedição foi feita no início de agosto, no rio Cassiporé, e continua durante o mês de setembro, com coletas nos rios Uaçá e Flexal, além de novas amostragens do Amapari e Araguari.

As amostras estão sendo analisadas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Além dos peixes, também são investigados sedimentos, qualidade da água e do ar, todos coletados na região.

O projeto é desenvolvido pelo Mosaico da Amazônia Oriental, apoiada pelo WWF, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), Agente Ambiental Indígena (Agamin), ICMBio, Iepa, Universidade Estadual do Amapá (Ueap) e PUC-RJ.

*Com informações da Rede Amazônica

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