segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Estudo da UFV analisa mudanças nas vegetações brasileiras em 21 mil anos com base no solo

Estudo inédito modelou a vegetação usando o solo (Foto: UFV/Divulgação)Estudo inédito modelou a vegetação usando o solo (Foto: UFV/Divulgação)

Estudo inédito modelou a vegetação usando o solo (Foto: UFV/Divulgação)

Um estudo inédito sobre a mudança da cobertura vegetal dos biomas brasileiros, do ex-aluno da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Daniel Arruda, foi publicado no Global Ecology and Biogeography, um dos mais importantes periódicos científicos na área de ecologia.

O estudo intitulado “Vegetation cover of Brazil in the last 21 ka: New insights into the Amazonian refugia and Pleistocenic arc hypotheses” traz um abordagem inédita sobre a modelagem de vegetações, utilizando características climáticas e pedológicas, um ramo da geografia física que estuda os solos no seu ambiente natural.

A pesquisa foi orientada pelo professor Carlos Schaefer, com a colaboração dos professores Elpídio Filho, da UFV, e Rúbia Fonseca e Ricardo Solar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O professor Schaefer explicou que a nova metodologia permitirá que estudos também possam levantar dados mais precisos em diversas regiões do globo terrestre.

“Esta foi a primeira vez que um grupo de pesquisadores conseguiu apresentar um modelo para análise das vegetações, levando em consideração as diferenças nas características dos diversos tipos de solo”, detalhou.

Ele lembrou, ainda, que para esta análise é importante que se tenha claro o fato de que a planta vive da água do solo e do quanto os terrenos absorvem da chuva, moldando suas características.

A tese foi baseada em modelos paleoclimáticos que reconstroem o clima de períodos referentes ao final da última glaciação, chamada de Pleistoceno, referente a 21 mil anos atrás, e ao Holoceno médio, há seis mil anos.

Os autores reconstroem o que seria a provável cobertura da vegetação do Brasil para esses períodos e validam seus resultados através de fósseis de pólens.

Segundo Schaefer, as florestas ombrófilas ou pluviais na bacia do Rio Amazonas ficaram refugiadas a poucas localidades durante o último máximo glacial, há 21 mil anos, enquanto vegetações sazonais, como o cerrado e a caatinga, se expandiram na bacia.

“Eles mostram que os refúgios podem ter ocorrido de fato, mas não imersos em uma matriz de vegetações sazonais e sim de outras florestas úmidas, com diferentes preferências ambientais, ou seja, tolerantes a um clima mais frio e úmido”, afirmou.

A pesquisa também contribui com a hipótese do Arco Pleistocênico das vegetações sazonais que prevê que, ao final da última glaciação, há seis mil anos, as florestas sazonais tiveram sua maior expansão sob um clima mais frio e seco. Os estudos indicaram que a maior expansão dessas florestas pode ter sido posterior ao final da última glaciação.

A apresentação desse estudo rendeu aos autores uma menção honrosa no XIII Congresso de Ecologia do Brasil, realizado no campus da UFV em Viçosa, no início de outubro.

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