Usina São Simão foi a que apresentou maior aumento significativo etnre outubro e dezembro (Foto: Cemig/Divulgação)
Apesar de alguns prejuízos causados em cidades do Triângulo Mineiro, como Uberlândia, Uberaba e Araguari, as chuvas que caíram na região nos últimos dois meses, após um longo período de estiagem, contribuíram para a recuperação da vazão de rios. Com o volumes de chuvas, alguns reservatórios de hidrelétricas começam a dar sinais de recuperação.
Para saber como andam os reservatórios da região, o G1 comparou dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e também procurou os órgãos responsáveis pelo abastecimento das duas principais cidades do Triângulo Mineiro, Uberlândia e Uberaba.
As chuvas na região começaram apenas no final de setembro, aproximadamente 100 dias depois de uma longa estiagem. A seca prolongada no meio do ano afetou o nível o nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que produzem 70% da energia do País.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até este domingo (10) o tempo deve continuar com chuvas e céu nublado e a partir de então as temperaturas podem aumentar e a incidência de chuva deve ser menor nas cidades. A umidade relativa do ar continua alta, com 85% pela manhã e 40% à noite.
Nível dos reservatórios
Em comparação com os níveis citados em reportagem do G1 em outubro, quando o nível de reservatórios estava baixo, o volume útil em dezembro aumentou consideravelmente nas usinas de Marimbondo e São Simão, mas está menor nas usinas Emborcação e Nova Ponte.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do ONS neste sábado (9) para saber qual a explicação para o fato, mas as ligações não foram atendidas.
O ONS atualizou os dados com os níveis de cada represa da região na última quinta-feira (7), comparando com os níveis citados há dois meses:
- Na represa de Emborcação, o volume caiu de 18% em outubro para 11,94% em dezembro. O início das operações em Emborcação, em Araguari, foi em 1982. O volume do reservatório é de 17.724,72 metros cúbicos;
- Na Usina de Marimbondo, o volume no dia 17 de outubro estava em 12,40%; agora, aumentou para 19,99%. A usina, uma das mais importantes do subsistema Rio Grande, está entre as cidades de Fronteira e Icém (SP). O menor volume útil já registrado foi de 3,23%, em dezembro de 1999;
- Em Nova Ponte, o volume era de 17,67% em outubro, contra 14,02% em dezembro. A usina entrou em operação em janeiro de 1994 e é formada pelo Rio Araguari. Tem área da bacia de drenagem de 15.358 quilômetros quadrados;
- Já em São Simão, o volume aumentou. Foi de 18,03% de outubro para 23,26% em dezembro. Localizada em Santa Vitória e São Simão (GO), a represa começou a operar em 1978.
A ONS explicou que, diferentemente dos mananciais para abastecimento municipal, as hidrelétricas têm um sistema nacional interligado. Mesmo que uma represa localizada no Triângulo Mineiro esteja bem abaixo do volume ideal, o sistema não é prejudicado, pois outros reservatórios com níveis melhores auxiliam na geração de energia.
Gráfico mostra o volume útil nos resevatórios das hidréletricas Triângulo Mineiro em 52 dias (Foto: ONS/Reprodução)
Abastecimento em Uberlândia
Em Uberlândia, os mananciais que abastecem a cidade são o Rio Uberabinha e do Ribeirão Bom Jardim. No início de setembro, a cidade ultrapassou 100 dias sem chuva e ficou em estado de alerta em relação ao abastecimento.
Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), com a chegada do período mais chuvoso, no início de novembro, as represas atingiram os níveis máximos de 3,20 metros, quando foi alterada a operação no sistema de bombeamento de água, ativando o sistema hidráulico que estava desativado no período de estiagem.
Produção de água em Uberlândia
| Mês | Produção mensal em m³ | Média de produção mensal em m³ |
| Setembro | 6.984.344 | 232.811,5 |
| Outubro | 7.130.848 | 230.027,4 |
| Novembro | 6.439.850 | 214.661,7 |
| Dezembro | 6.379.614 (estimativa com base na produção dos 7 primeiros dias de dezembro) | 205.794,6 |
Ainda de acordo com o departamento, comparando a produção de água do mês de novembro em relação ao mês de maior consumo, que foi setembro, houve uma redução de 18,14%. Também estima-se que a redução para o mês de dezembro em comparação ao mês de setembro será de 27%. A redução é resultado das chuvas, já que a população deixa de regar gramas e lavar calçadas, por exemplo.
O Dmae também informou que, no dia 4 de dezembro, foi necessário abrir todas as comportas da represa Sucupira, devido ao grande volume de água que chegou no canal de captação. Já no Ribeirão Bom Jardim, além das cinco turbinas estarem em funcionamento, foi necessário abrir duas comportas.
"O Dmae relembra que o uso consciente da água deve ser colocado em prática todos os dias e não apenas no período de estiagem para que esta atitude torna-se um hábito", acrescentou Rejane Nunes Cerqueira, Gerente de Tratamento de Água e Operações do departamento.
Em relação a setembro, houve redução de 18,14% na produção de água em Uberlândia em novembro (Foto: Dmae/Divulgação)
Abastecimento em Uberaba
As chuvas dos últimos dias contribuíram para a retomada da vazão do Rio Uberaba, de acordo com o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (Codau). Durante o mês de novembro, a precipitação pluviométrica registrada foi de 399 mm. Devido à estabilidade da temporada de chuva, o sistema de transposição no Rio Claro foi desmontado pelo Codau no começo de dezembro. O sistema já havia sido desligado no dia 1º de outubro.
Segundo a autarquia, durante o período de seca, de julho a novembro, o sistema foi acionado por 68 dias, em períodos alternados. No ano passado, a transposição do Rio Claro foi ligada entre setembro e outubro, por um período de 27 dias.
Neste ano houve a necessidade de iniciar o sistema mais cedo que em 2016. A primeira bomba começou a operar no dia 11 de agosto, um mês antes que no ano passado. “Em julho já não havia sido registrada nenhuma chuva, então optamos por acionar o Rio Claro e trazer mais estabilidade para o abastecimento naquele momento”, destacou Luiz Guaritá Neto, presidente do Codau.
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