O anúncio da liberação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de uma verba de mais de R$ 625 mil, incluindo a contrapartida da Prefeitura, colocou em destaque o andamento do restauro do patrimônio do Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora.
Em entrevista ao G1, o diretor administrativo Antônio Carlos Duarte falou sobre os recursos, os trabalhos já realizados, e em andamento, além de destacar o que considera a verdadeira força da instituição.
"Não adianta ter coleção eclética e de dimensão nacional e os prédios sem pessoas que os vejam. Nosso museu é municipal, pertence à cidade. É esta vinculação com a população de Juiz de Fora que mantém o Mariano Procópio vivo. Os moradores fazem uma interligação permanente de fases da própria vida com o local, se lembrando de momentos com os pais e com os avós. Por isso, a Prefeitura, o Conselho de Amigos e os técnicos do Museu lutam por projetos, por recursos, pela conservação e preservação", afirmou.
Resultado de uma emenda parlamentar de 2013, o Iphan repassou recentemente R$ 575.076 para recuperação do entorno dos prédios históricos do Museu e do parque, além da restauração de peças decorativas. A Prefeitura entrará com contrapartida de R$ 50.006,70.
O objetivo é viabilizar e melhorar a drenagem do entorno das edificações do complexo histórico; implantar piso e guarda-corpo na área externa do prédio Anexo e ainda a restauração das estátuas em ferro “Arte” e “Ciências”, os repuxos em ferro (chafarizes) “Agricultura” e “Enfanto Triton”, dois vasos decorativos em mármore e a “Gruta das Princesas”.
"Os recursos já estão na conta do Museu. Foram quatro anos entre o convênio e a liberação, por causa da burocracia. Agora faremos a reprogramação, que é a atualização de projetos, orçamentos e planilhas e redefinir as prioridades dentro da verba disponibilizada. Só então vamos lançar a licitação. Não temos ainda datas definidas, deve ocorrer em 2018, porque nosso interesse é dar andamento o mais rápido possível", disse o diretor do Museu.
Restauro em fases
De acordo com Antônio Carlos Duarte, a tendência entre as instituições no Brasil é de trabalho de restauro em etapas diferentes. "A gente depende de recursos do Estado e do Governo Federal. Na realidade de dificuldade econômica e financeira nacional, de convênio em convênio, vamos conseguindo recursos e reprogramando as prioridades para conseguir o fechamento do restauro. Não desanima, temos o compromisso de restaurar e entregar o Museu à cidade", afirmou.
O restauro foi iniciado em 2014, com obras estruturais na Villa. A chácara da família de Mariano Procópio, construída em 1861, hospedou o imperador Dom Pedro II em visitas à região. Em 1921, Alfredo Ferreira Lage decidiu transformar o local em museu. A Villa é a casa-museu mais antiga do país. Em 1922, foi inaugurado o prédio anexo, chamado Mariano Procópio, para abrigar a galeria de Belas Artes. Em 1936, ele antecipou a doação do acervo ao município.
Segundo Antônio Carlos Duarte, estas são algumas das frentes em andamento:
- Um convênio está estimado em R$ 1.030 milhão, com apoio da MRS Logística, enfoca o decorativismo interno da Villa e os condutores de águas pluviais.
- Outro, com o Governo de Minas, via Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop), orçado em R$ 629.168, já restaurou as fachadas principal e à direita de quem olha o prédio de frente. "Este convênio estava parado, contando com apoio do Secretário de Cultura, Ângelo Oswaldo. Conseguimos reativar e temos a garantia de que recursos serão liberados para concluir as fachadas da lateral esquerda e dos fundos"
- Outro convênio, apresentado em 2012 e assinado em 2014, previa R$ 625.504 para a adequação do lanternim; o restauro de 28 quadros da artista Maria Pardos e de outras dez pinturas de artistas variados e de 26 porcelanas. "O lanternim, que fica na galeria Maria Amália no prédio Anexo, é da década de 1920, precisa ser readequado para as exigências atuais. Os quadros da Maria Pardos chegaram recentemente do ateliê em São Paulo onde foram restaurados e as porcelanas estão com os especialistas no Rio de Janeiro", disse.
"O restauro tem o seu próprio tempo. É um contexto de bens edificados, móveis e patrimônio natural, um acervo em torno de 55 mil peças, um dos mais importantes de Minas Gerais. Um patrimônio tombado pelo Município, Estado e Iphan, que acompanham o trabalho de forma permanente. Por isso, não é qualquer técnico, engenheiro e arquiteto que pode atuar aqui, tem que ser especializado", analisou Antônio Carlos.
Para o diretor, escolhido para o cargo neste ano, mesmo com a dificuldade, o saldo de 2017 é positivo na instituição, especialmente por receber a população, independente de onde venham, seja na exposição "O Esplendor das Formas", em cartaz na galeria Maria Amália; nas possibilidades de estudos na instituição; no agendamento para sessões e ensaios fotográficos, nas exposições temporárias no Parque ou nos diversos eventos promovidos no parque, como a oficina "Pequenos Restauradores", que faz parte da programação de férias.
"No último 15 de novembro, 2.700 pessoas visitaram o parque e a exposição. O trabalho de difusão cultural é emocionante. Você vê os adultos, os idosos, as crianças todos os dias. O importante é que o Museu esteja aberto, não importa a classe social. Todos têm acesso à cultura. Até para mim, como atual diretor, é sempre como se fosse a primeira vez. E estou aqui há quase 20 anos. E, por mais que venham, o Museu Mariano Procópio sempre traz uma descoberta, uma novidade, tamanha a variedade e a diversidade do nosso acervo", garantiu.
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