domingo, 24 de dezembro de 2017

'O vínculo com a população é o que mantém o Mariano Procópio vivo', diz diretor sobre andamento do restauro do Museu em Juiz de Fora

"Gruta das Princesas", que está incluída na próxima fase de restauro, foi construída com pedras trazidas por Mariano Procópio das diferentes localidades atravessadas pela Estrada União Indústria, segundo diretor do Museu (Foto: Roberta Oliveira/G1)

O anúncio da liberação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de uma verba de mais de R$ 625 mil, incluindo a contrapartida da Prefeitura, colocou em destaque o andamento do restauro do patrimônio do Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora.

Em entrevista ao G1, o diretor administrativo Antônio Carlos Duarte falou sobre os recursos, os trabalhos já realizados, e em andamento, além de destacar o que considera a verdadeira força da instituição.

"Não adianta ter coleção eclética e de dimensão nacional e os prédios sem pessoas que os vejam. Nosso museu é municipal, pertence à cidade. É esta vinculação com a população de Juiz de Fora que mantém o Mariano Procópio vivo. Os moradores fazem uma interligação permanente de fases da própria vida com o local, se lembrando de momentos com os pais e com os avós. Por isso, a Prefeitura, o Conselho de Amigos e os técnicos do Museu lutam por projetos, por recursos, pela conservação e preservação", afirmou.

Resultado de uma emenda parlamentar de 2013, o Iphan repassou recentemente R$ 575.076 para recuperação do entorno dos prédios históricos do Museu e do parque, além da restauração de peças decorativas. A Prefeitura entrará com contrapartida de R$ 50.006,70.

O objetivo é viabilizar e melhorar a drenagem do entorno das edificações do complexo histórico; implantar piso e guarda-corpo na área externa do prédio Anexo e ainda a restauração das estátuas em ferro “Arte” e “Ciências”, os repuxos em ferro (chafarizes) “Agricultura” e “Enfanto Triton”, dois vasos decorativos em mármore e a “Gruta das Princesas”.

"Os recursos já estão na conta do Museu. Foram quatro anos entre o convênio e a liberação, por causa da burocracia. Agora faremos a reprogramação, que é a atualização de projetos, orçamentos e planilhas e redefinir as prioridades dentro da verba disponibilizada. Só então vamos lançar a licitação. Não temos ainda datas definidas, deve ocorrer em 2018, porque nosso interesse é dar andamento o mais rápido possível", disse o diretor do Museu.

ChafarizChafariz

Chafariz "Enfanto Triton" está entre os patrimônios com restauro previsto pela verba liberada pelo Iphan (Foto: Gil Veloso/Divulgação)

Restauro em fases

De acordo com Antônio Carlos Duarte, a tendência entre as instituições no Brasil é de trabalho de restauro em etapas diferentes. "A gente depende de recursos do Estado e do Governo Federal. Na realidade de dificuldade econômica e financeira nacional, de convênio em convênio, vamos conseguindo recursos e reprogramando as prioridades para conseguir o fechamento do restauro. Não desanima, temos o compromisso de restaurar e entregar o Museu à cidade", afirmou.

O restauro foi iniciado em 2014, com obras estruturais na Villa. A chácara da família de Mariano Procópio, construída em 1861, hospedou o imperador Dom Pedro II em visitas à região. Em 1921, Alfredo Ferreira Lage decidiu transformar o local em museu. A Villa é a casa-museu mais antiga do país. Em 1922, foi inaugurado o prédio anexo, chamado Mariano Procópio, para abrigar a galeria de Belas Artes. Em 1936, ele antecipou a doação do acervo ao município.

Videoinspeção da tubulaçao realizada há um ano ajudou a determinar as obras necessárias nos condutores de águas pluviais (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)Videoinspeção da tubulaçao realizada há um ano ajudou a determinar as obras necessárias nos condutores de águas pluviais (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)

Videoinspeção da tubulaçao realizada há um ano ajudou a determinar as obras necessárias nos condutores de águas pluviais (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)

Segundo Antônio Carlos Duarte, estas são algumas das frentes em andamento:

  • Um convênio está estimado em R$ 1.030 milhão, com apoio da MRS Logística, enfoca o decorativismo interno da Villa e os condutores de águas pluviais.
  • Outro, com o Governo de Minas, via Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop), orçado em R$ 629.168, já restaurou as fachadas principal e à direita de quem olha o prédio de frente. "Este convênio estava parado, contando com apoio do Secretário de Cultura, Ângelo Oswaldo. Conseguimos reativar e temos a garantia de que recursos serão liberados para concluir as fachadas da lateral esquerda e dos fundos"
  • Outro convênio, apresentado em 2012 e assinado em 2014, previa R$ 625.504 para a adequação do lanternim; o restauro de 28 quadros da artista Maria Pardos e de outras dez pinturas de artistas variados e de 26 porcelanas. "O lanternim, que fica na galeria Maria Amália no prédio Anexo, é da década de 1920, precisa ser readequado para as exigências atuais. Os quadros da Maria Pardos chegaram recentemente do ateliê em São Paulo onde foram restaurados e as porcelanas estão com os especialistas no Rio de Janeiro", disse.
Fachada principal do Museu Mariano Procópio já passou por restauro (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)Fachada principal do Museu Mariano Procópio já passou por restauro (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)

Fachada principal do Museu Mariano Procópio já passou por restauro (Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação)

"O restauro tem o seu próprio tempo. É um contexto de bens edificados, móveis e patrimônio natural, um acervo em torno de 55 mil peças, um dos mais importantes de Minas Gerais. Um patrimônio tombado pelo Município, Estado e Iphan, que acompanham o trabalho de forma permanente. Por isso, não é qualquer técnico, engenheiro e arquiteto que pode atuar aqui, tem que ser especializado", analisou Antônio Carlos.

Para o diretor, escolhido para o cargo neste ano, mesmo com a dificuldade, o saldo de 2017 é positivo na instituição, especialmente por receber a população, independente de onde venham, seja na exposição "O Esplendor das Formas", em cartaz na galeria Maria Amália; nas possibilidades de estudos na instituição; no agendamento para sessões e ensaios fotográficos, nas exposições temporárias no Parque ou nos diversos eventos promovidos no parque, como a oficina "Pequenos Restauradores", que faz parte da programação de férias.

"No último 15 de novembro, 2.700 pessoas visitaram o parque e a exposição. O trabalho de difusão cultural é emocionante. Você vê os adultos, os idosos, as crianças todos os dias. O importante é que o Museu esteja aberto, não importa a classe social. Todos têm acesso à cultura. Até para mim, como atual diretor, é sempre como se fosse a primeira vez. E estou aqui há quase 20 anos. E, por mais que venham, o Museu Mariano Procópio sempre traz uma descoberta, uma novidade, tamanha a variedade e a diversidade do nosso acervo", garantiu.
Museu Mariano Procópio em Juiz de Fora é tema do quadro Memória MGTV

Museu Mariano Procópio em Juiz de Fora é tema do quadro Memória MGTV

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