domingo, 31 de dezembro de 2017

'Você se sente amada', diz universitária de Juiz de Fora sobre doações de sangue que ajudaram a salvar a vida dela

'Gente, as pessoas me salvaram!', destacou a universitária Pryscila Santos Loureiro Reis sobre as doações de sangue que recebeu (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)'Gente, as pessoas me salvaram!', destacou a universitária Pryscila Santos Loureiro Reis sobre as doações de sangue que recebeu (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)

'Gente, as pessoas me salvaram!', destacou a universitária Pryscila Santos Loureiro Reis sobre as doações de sangue que recebeu (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)

Quem viu a estudante de Arquitetura Pryscila Santos Loureiro Reis participando das cantatas de Natal em dezembro de 2017 nem imagina o que representava para ela e a família estar ali, integrando o coral da Igreja Missionária Filadélfia.

Um ano antes, ela não pôde cantar porque estava internada na Santa Casa de Misericórdia, tratando de uma osteomielite. Entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017, foram cinco cirurgias, além de mais três em outra internação em março.

Para a recuperação, um gesto de solidariedade foi fundamental. Pryscila recebeu oito bolsas de sangue. Segundo a Fundação Hemominas, pelo menos, 49 pessoas fizeram doações em nome dela.

“Foi muito boa esta experiência de ver todo mundo se mobilizando. Teve gente que eu nem conheço e que veio. Eu tenho muito amigo de igreja, colégio, faculdade e um chamando o outro. Você se sente amada, se não ninguém viria doar. Na hora de receber, foi um processo chato, porque eu estava esgotada de levar tantas agulhadas, espetadas e ficando naquele quarto branco. Depois que passa, você começa a pensar: gente, as pessoas me salvaram! Era para eu estar morta, a minha hemoglobina foi a três. Foi um milagre coletivo", contou.

'Meu sangue não seria suficiente', lembra o pai.

De acordo com o pai de Pryscila, o técnico em prótese dentária João Carlos Reis, a osteomielite foi a complicação de um problema de saúde da filha, que é cadeirante. "Ela apareceu com uma escara no bumbum e a gente estava cuidando há quase um ano. Sarava, reabria. Sarava, reabria. Até que no dia 3 de dezembro do ano passado, um sábado, por volta de 12h, minha esposa me ligou dizendo que ela estava com quase 40 graus de febre", explicou.

Os pais entraram em contato com a médica da filha e foram para a emergência. Os exames iniciais apontaram que a ferida estava pior que o imaginado. Após as duas primeiras cirurgias, a febre de Pryscila não cedeu. "Até que em 14 de dezembro, uma ressonância magnética apontou que, na realidade, ela tinha osteomielite. Aí foi acionado o ortopedista, para a terceira cirurgia, que seria para raspar o osso. Foi feita, mas a febre se manteve. Outra ressonância, ainda mais detalhada, constatou que tinha ainda inflamação no osso. Então, no dia 29 de dezembro, tiveram que abrir tudo de novo", contou

Por causa das cirurgias, a família começou uma mobilização para chamar doadores em nome da universitária. E uma frase da médica ficou marcada na memória de João Carlos.

"O que me tocou foi quando eu conversei com a médica tentando um paliativo para não precisar de sangue e ela me disse: “Joao, se não tomar o sangue, ela morre, entendeu?”. Eu nunca imaginei ouvir isso e foi quando entendi a importância do sangue. É a sua filha ali, você precisa ser forte. Meu sangue não seria suficiente", lembrou.

A mobilização deu resultado. "Fizemos campanha, muitos vieram e nem todos puderam doar. Mas todo sangue que foi doado beneficiou não só minha filha como outros que também precisaram", destacou ele, lembrando que um doador de sangue pode beneficiar até quatro pessoas.

Pryscila (2ª à dir) participou com o coral da Igreja Filadélfia da Cantata de Natal em frente à Câmara em dezembro deste ano (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)Pryscila (2ª à dir) participou com o coral da Igreja Filadélfia da Cantata de Natal em frente à Câmara em dezembro deste ano (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)

Pryscila (2ª à dir) participou com o coral da Igreja Filadélfia da Cantata de Natal em frente à Câmara em dezembro deste ano (Foto: João Carlos Reis/Arquivo Pessoal)

Recuperada, Pryscila iniciou neste ano a Faculdade de Arquitetura no Instituto Granbery. "Eu já era ativa, agora estou ainda mais, com tanto sangue de todo mundo dentro de mim. Confesso que não sei o que dizer, mas queria agradecer a todos que doaram”, disse a universitária.

Depois de acompanhar a filha nas cantatas neste mês de dezembro, João Carlos Reis destacou a experiência vivenciada pela família. "No ano passado, ela ficou nervosa e agitada porque queria estar com o coral da igreja e não pôde por causa da internação. Não faltou a festa de Natal e Ano Novo, fizemos as celebrações e nossas orações no hospital. Acreditamos. E hoje ela voltou à vida normal. Ficou a lição de que não podemos desanimar, que vale a pena persistir e lutar, porque a vitória é certa", afirmou.

Depois de estar do lado de quem espera pela solidariedade, João Carlos elencou entre as metas para 2018 se tornar ainda mais ativo na doação.

"Eu já doei uma outra vez, porque quis doar. Depois fui uma das pessoas que doou para a Pryscila. Não tenho palavras para dizer a emoção que foi. Quero me tornar um doador regular. E espero que outras pessoas se conscientiezem da importância deste gesto e também façam, se atenderem às condições", comentou.

Como ser doador

A Hemominas em Juiz de Fora funciona na Rua Barão de Cataguases, sem número, no Centro, ao lado do Mergulhão. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h e aos sábados, das 7h às 11h. A unidade atende a 57 hospitais em 27 cidades da região.

Para doar sangue, o candidato deverá estar alimentado e em condições plenas de saúde. Ter entre 16 e 69 anos, apresentar um documento original que contenha foto, filiação e assinatura. É necessário ter mais de 50 kg e, para quem já é doador, respeitar o intervalo de doação, que para mulheres é de 90 dias e, para os homens, 60 dias.

A doação pode ser agendada pelo telefone 155 opção 8, ou do site da Fundação ou pelo aplicativo MGApp. Moradores de cidades da região que quiserem trazer caravana, aos sábados devem agendar no setor de captação pelos telefones (32) 3257-3171 ou (32) 3257-3172.

Pryscila e o pai, João Carlos, junto com funcionários da Fundação Hemominas na sala de coleta de sangue (Foto: Roberta Oliveira/G1)Pryscila e o pai, João Carlos, junto com funcionários da Fundação Hemominas na sala de coleta de sangue (Foto: Roberta Oliveira/G1)

Pryscila e o pai, João Carlos, junto com funcionários da Fundação Hemominas na sala de coleta de sangue (Foto: Roberta Oliveira/G1)

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