segunda-feira, 5 de março de 2018

Surto de sarampo importado da Venezuela faz Saúde de RR antecipar campanha de vacinação tríplice viral

Venezuelanos que vivem na praça Simón Bolívar, em Boa Vista, fazem fila para se vacinar contra o sarampo; cerca de 2 mil imigrantes já foram vacinados no estado (Foto: Semuc/Divulgação)Venezuelanos que vivem na praça Simón Bolívar, em Boa Vista, fazem fila para se vacinar contra o sarampo; cerca de 2 mil imigrantes já foram vacinados no estado (Foto: Semuc/Divulgação)

Venezuelanos que vivem na praça Simón Bolívar, em Boa Vista, fazem fila para se vacinar contra o sarampo; cerca de 2 mil imigrantes já foram vacinados no estado (Foto: Semuc/Divulgação)

O governo do estado de Roraima decidiu antecipar para o próximo sábado (10) o início da campanha de vacinação contra o sarampo. A medida ocorre em razão do registro de 23 casos suspeitos da doença e seis confirmados. Todos são importados da Venezuela.

A coordenadora geral de Vigilância em Saúde, Daniela Souza, disse nesta segunda-feira (5) que a campanha começará com um dia 'D' no sábado, e vai terminar no dia 10 de abril.

A expectativa é que pelo menos 420 mil pessoas, dentre brasileiros e venezuelanos, sejam imunizadas ao longo dos 30 dias de campanha. Porém, independente da ação, a orientação é que todas as pessoas entre seis meses e 49 anos de idade, que ainda não foram vacinadas, procurem os postos de saúde municipais.

"O estado tem 100 mil doses da vacina tríplice viral em estoque para imunizar pelo menos 80 mil pessoas em todo o estado só no dia D. Também pedimos ao Ministério um total de 420 mil doses", detalhou Daniela, acrescentando que os registros da doença no estado já configuram um surto. "Como o Brasil tem um certificado de eliminação do sarampo, desde o primeiro caso confirmado nós consideramos que há um surto da doença no estado".

Ela disse que o estado participou de reuniões com o Ministério da Saúde e com as 15 prefeituras de Roraima para conseguir a antecipação da campanha, que normalmente seria em agosto. A vacina tríplice viral também protege contra a caxumba e a rubéola.

"O Ministério da Saúde entendeu que deveríamos antecipar porque é mais fácil trabalhar isso aqui, já que a população fica em torno de 500 a 600 mil pessoas, do que isso adentrar o país. Então, os olhos estão voltados para Roraima, para que a gente consiga estancar esse surto e ele não adentre outros estados".

Desde 2015, Roraima recebe um fluxo crescente de imigrantes venezuelanos. A prefeitura de Boa Vista estima que já tenham 40 mil na capital. Muitos vêm ao estado em busca de comida e trabalho, mas outros também estão atrás de atendimento médico.

O primeiro caso suspeito de sarampo foi registrado em uma imigrante venezuelana no dia 13 de fevereiro. A paciente foi uma bebê de 1 ano que mora em uma praça no Centro Cívico de Boa Vista.

Desde então, seis em crianças venezuelanas foram diagnosticadas com a doença. A análise, feita pela Fiocruz, também comprovou que o vírus em circulação no estado é originário da Venezuela. Cerca de 2 mil imigrantes já foram vacinados nas ruas, praças e abrigos do estado.

O sarampo é de alta contagiosidade e potencialmente grave. Pode evoluir para complicações, principalmente em crianças. Desde 2015, nenhum caso de sarampo era registrado no Brasil.

Entre os 23 casos que ainda estão em investigação há 10 brasileiros e 19 venezuelanos moradores de Boa Vista e Pacaraima na faixa etária de 4 meses a 49 anos.

Nove pessoas chegaram a ser hospitalizadas em razão da doença, incluindo uma menina venezuelana que morreu na sexta (3). No entanto, o óbito ainda não é diretamente relacionado ao sarampo, porque a criança também estava em tratamento para pneumonia e desnutrição grave, um quadro comum aos outros imigrantes que têm suspeita da doença.

"Além da questão da emergência da Saúde pública aqui em Roraima, nós temos uma emergência social, ou seja, a maioria desses casos de sarampo vêm associados com problema de desnutrição em razão da imigração venezuelana".

Ainda segundo a coordenadora, o estado está em alerta para o surgimento de casos de febre amarela e difteria importados da Venezuela, já que no país também há surtos dessas doenças.

Por conta disso, uma sala de vacinação foi instalada em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, na quinta (4). De lá até hoje, pelo menos mil venezuelanos já foram imunizados, principalmente contra febre amarela e sarampo.

"A vacinação é espontânea e tem sido feita porque os próprios venezuelanos buscam a sala, inclusive fazendo filas para conseguir a imunização", finalizou Daniela.

0 comentários:

Postar um comentário