A Polícia Civil de Coromandel irá instaurar inquérito para apurar denúncias de cárcere, torturas físicas e psicológicas ocorridas na Comunidade Terapêutica do Alto Paranaíba (Cetap) contra os internos da instituição. Nesta segunda-feira (26), 12 funcionários e proprietários do local foram conduzidos à delegacia depois que dois pacientes conseguiram fugir e denunciar a situação.
O G1 procurou os responsáveis pela clínica por telefone por diversas vezes, mas não houve nenhum posicionamento a respeito. No telefone de um dos proprietários do local, outra pessoa atendeu e informou que não teria nenhuma informação para repassar. Quando a reportagem questionou sobre os maus-tratos, a ligação caiu e, mesmo insistindo, ninguém mais atendeu. As ligações também não foram atendidas nos demais telefones de contato disponíveis na página da clínica para que alguém se pronunciasse sobre o assunto.
De acordo com as informações da Polícia Militar (PM), a clínica fica a quatro quilômetros da cidade, às margens da BR-352, e o registro foi iniciado depois que dois internos conseguiram fugir do local e foram até uma chácara da região pedindo para que os moradores acionassem a polícia, pois estavam sendo torturados frequentemente e mantidos em cárcere privado pelos funcionários da instituição.
Em relato aos policiais, os internos contaram que conseguiram fugir junto a outros pacientes, mas que ao serem vistos, os funcionários entraram em luta corporal com os internos, desferindo socos, chutes, e alguns ainda foram arrastados pelo chão. Apenas dois conseguiram fugir.
O tenente da PM, Leonel da Silva Nunes, informou que foram deslocadas viaturas até o local e constatados os fatos. “Alguns internos estavam com escoriações e todos foram unânimes em relatar a pressão psicológica em que eram submetidos, além das torturas e o cárcere privado, que também ficou evidente. Os monitores e proprietários negaram todas as acusações, mas foram conduzidos à delegacia. Agora as investigações cabem à Polícia Civil”, informou.
Ainda conforme a polícia, as torturas físicas e psicológicas eram realizadas em ocasiões em que os internos não seguiam à risca as regras do local. Os nove funcionários e três proprietários assinaram um termo de comparecimento na delegacia para serem intimados durante as investigações.
O flagrante foi feito pela Delegacia de Plantão de Patrocínio, também na região do Alto Paranaíba, que manteve apenas um interno detido, já que havia mandado de prisão em aberto contra ele por roubo. Os demais, a pedido da Promotoria de Justiça, foram liberados e encaminhados às famílias.
O inquérito policial será instaurado em Coromandel. O G1 entrou em contato com a Polícia Civil local, mas a informação é de que a delegada responsável pela comarca está em férias e retorna na próxima semana.
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