Duas casas, consideradas as mais antigas de Manaus, começaram a ser reformadas. As residências 69 e 77, situadas na Rua Bernardo Ramos, no Centro, foram construídas em 1819, datadas do período colonial. A obra, que começou há duas semanas, tem 120 dias para ser concluída e valor de R$ 540.623,20.
As duas casas foram construídas antes do tempo áureo da borracha, período em que boa parte dos prédios históricos de Manaus foram erguidos segundo o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro de Paula.
"Essas casas são os últimos exemplares dessa época e, para nós, têm um valor significativo de recuperação da história da nossa cidade. Elas compõem todo um conjunto arquitetônico que é muito importante pra revitalização do Centro Histórico de Manaus. Desejamos que essa história seja contada, que a sociedade e os turistas possam ter aqui, nessas casas, acesso a isso", afirmou.
Paula afirmou que será convocado um edital para apresentação de propostas para a cessão de uso das casas. "Teremos editais públicos de ideias para convocar a sociedade civil a propor usos destes espaços, desde que sejam resguardados o valor histórico dos mesmos", explicou o diretor-presidente da Manauscult.
Segundo a coordenadora técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Camyla Torres, o modelo construtivo, diferente do que é encontrado em pedra e tijolo, faz das residências "ícones da arquitetura colonial".
"Elas contam a historia de ocupação dessa área. Tem ainda a questão do patrimônio arqueológico. Então tudo está vinculado ao patrimônio cultural dessa área que a gente na bibliografia correlata que foi um ponto focal de crescimento da cidade", disse.
A casa 69 possui 137,86 m² e já funcionou um escritório de contabilidade há mais de dez anos, quando foi desapropriada pela Prefeitura por conta do valor histórico da residência. A casa de número 77, que faz esquina com o Beco José Casemiro, tem 151,24m² e já foi um bar antes de ter a desapropriação aprovada.
Depois de dez anos fechada, após a desistência de três empresas em operar a reforma, a Prefeitura de Manaus retomou a obra com recursos do Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultura (Funpatri), cujos membros elegeram as casas para aplicação do recurso.
Em Manaus, o Funpatri foi criado pela Lei nº 722, de 4 de dezembro de 2003, e regulamentado pelo Decreto nº 8.525, de 21 de junho de 2006. Além do presidente da Manauscult, o Fundo tem como membro do Conselho Curador o vice-presidente da instituição, José Cardoso. É composto por representantes do Iphan, Secretaria de Estado da Cultura (SEC), Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), além de membros de entidades da sociedade civil como Instituto Amazônia e Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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