quinta-feira, 29 de junho de 2017

Retirada de cobradores dos ônibus do transporte coletivo de Uberlândia é discutida na Câmara 

Audiência pública será nesta quinta-feira (29); cobrador e usuários comentam pontos negativos.

Algumas linhas já operam sem cobrador na cidade, afirma Sinttrurb (Foto: Prefeitura de Uberlândia/Divulgação)Algumas linhas já operam sem cobrador na cidade, afirma Sinttrurb (Foto: Prefeitura de Uberlândia/Divulgação)

Algumas linhas já operam sem cobrador na cidade, afirma Sinttrurb (Foto: Prefeitura de Uberlândia/Divulgação)

O cargo de cobrador no transporte público de Uberlândia está ameaçado em virtude da nova proposta das empresas em concentrar a função aos motoristas da frota.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Uberlândia (Sinttrurb), algumas linhas já operam no novo sistema e a categoria retoma a discussão sobre o tema durante audiência pública na noite desta quinta-feira (29), na Câmara de Vereadores.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett) foi procurado para comentar sobre o assunto, mas as ligações não foram atendidas.

A audiência será no plenário da casa, às 19h, e o objetivo é chamar atenção do Executivo para acatar o indicativo de projeto de lei enviado à Prefeitura que pretende assegurar a permanência desses profissionais nas linhas que não sejam expressas.

O indicativo teve unanimidade dos vereadores da Câmara em março, contudo não houve resposta da gestão. O G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran) para saber sobre a questão e não teve resposta da assessoria de comunicação.

No mesmo mês, a Promotoria de Justiça de Defesa do Cidadão fez uma recomendação à Prefeitura para alocar cobradores do transporte urbano nas estações de ônibus, depois de denúncia oferecida pelo sindicato alegando que a Prefeitura tinha a intenção de não colocar cobradores nos corredores da Avenida Segismundo Pereira.

Precarização do serviço

A categoria toma por referência cidades como Ribeirão Preto, São Paulo e Goiânia onde já ocorre o serviço sem a presença do cobrador. O presidente do Sinttrurb, Márcio Dúlio de Oliveira, citou que o aumento no índice de acidentes e criminalidade no transporte urbano é notável desde que o motorista passou a acumular a função.

Atualmente, a frota das três concessionárias do Sistema Integrado de Transporte (SIT) conta com cerca de 450 veículos e aproximadamente 36% dos usuários ainda pagam a tarifa em dinheiro. Se o plano for colocado em prática na totalidade, mais de 900 cobradores serão demitidos.

“A cada semana que passa as empresas estão implementando o projeto. A alegação delas é de que tirar o cobrador propicia uma tarifa mais acessível, mas há outras cidades como Uberaba, por exemplo, que tiraram os cobradores e a tarifa é a mesma. Hoje, em Uberlândia, algumas linhas noturnas, a partir das 19h30, já não contam mais com cobradores em dias de semana e também no fim de semana. Foram demitidos”, disse o presidente do Sinttrurb.

Este é o caso de Luiz de Oliveira, de 37 anos. Ele era cobrador da linha T120 (Luizote de Freitas/Mansour) e foi demitido em fevereiro, depois de seis anos trabalhando na profissão. Segundo ele, a extinção do cargo também afeta a qualidade do serviço, uma vez que nem todos os motoristas teriam habilidade para acumular a função e o tempo de viagem aumentaria.

O desempregado também disse que o serviço não está preparado para funcionar sem um auxiliar de bordo na atual conjuntura, uma vez que os passageiros e o próprio profissional do transporte ficam mais vulneráveis à violência.

“O cobrador é um braço do motorista. Ele ajuda a auxiliar no trânsito no caso do ponto cego do motorista e a olhar quem entra e sai do ônibus, pessoas suspeitas. Uma vez em fazia a linha A145 e vi que entraram quatro pessoas armadas dentro do ônibus. De forma discreta, consegui alertar o motorista e conseguimos despistá-los antes de chegar ao ponto final, evitando o assalto. Da mesma forma com o passageiro. O cobrador por estar mais próximo dos usuários consegue detectar o que está ocorrendo dentro do ônibus”, comentou Oliveira.

Passageiras defendem permanência do cobrador

A estudante Gabrielly Jordanne Andrade Silva, de 17 anos, mora no Bairro Segismundo Pereira e usa o transporte algumas vezes por semana. Na opinião dela, a ausência de cobradores vai aumentar o tempo do trajeto.

“Acho que a ausência deles vai trazer tumulto e desordem no transporte. Se o motorista ficar por conta de receber as passagens, vai atrasar ainda mais as corridas, o que hoje em dia, faz muita diferença para a população que depende dos ônibus”, afirmou.

Estudante faz mobilizações nas redes sociais sobre o assunto (Foto: Reprodução/Facebook)Estudante faz mobilizações nas redes sociais sobre o assunto (Foto: Reprodução/Facebook)

Estudante faz mobilizações nas redes sociais sobre o assunto (Foto: Reprodução/Facebook)

A doutoranda da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Fernanda Alvarenga Rezende, dependente do transporte urbano diariamente e tem feito mobilizações nas redes sociais em defesa da qualidade do serviço e, principalmente, em solidariedade à categoria.

Em uma postagem no Facebook, no dia 21 de junho, ela relatou que embarcou em um ônibus da linha A324 apenas com o motorista. A cobradora que estava no posto há sete anos tinha saído e o motorista estava fazendo a cobrança das tarifas.

“Sou usuária do transporte público desde sempre e sou totalmente contra a retirada dos cobradores. Tenho amizade e sou próxima de alguns que tenho costume de pegar o ônibus e estou bastante triste e insatisfeita sim, porque serão quase mil pessoas sem emprego. Mas, na verdade, isso não atinge só esses cobradores porque tem as famílias que dependem dessa renda no dia a dia também”, opinou a estudante.

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