sábado, 26 de agosto de 2017

Defensoria Pública questiona liberdade a homem suspeito de manter família em cárcere privado em Fortaleza

Defensoria Pública questiona soltura de suspeito de manter filhos em cárcere privado

Defensoria Pública questiona soltura de suspeito de manter filhos em cárcere privado

A notícia da liberação do homem suspeito de manter a mulher e os seis filhos em cárcere privado após o depoimento à polícia foi questionada pela Defensoria Pública do Estado do Ceará, que acompanhou a denúncia. Para o órgão, a situação encontrada pelas equipes de investigação já caracterizariam o flagrante e, consequentemente, os motivos para que Massaharu Nogueira Adachi permanecesse recluso.

"Para a Defensoria Pública, na análise desse primeiro contato com a situação, a gente pode afirmar que estava caracterizado sim o cárcere privado, o abandono intelectual e talvez até os crimes de abandono material. Há de observar detalhadamente várias situações, mas que dependem também de uma colheita de provas, de ouvir testemunhas, de analisar com mais aquidade a situação concreta. Mas em princípio, há o fato de manter pessoas dentro de um recinto fechado durante anos. Inclusive, o cárcere privado é um crime permanente, que se prolonga no tempo. E isso tudo está a indicar a realização desse delito", explica a supervisora das Defensorias Criminais, Patrícia de Sá.

Dessa maneira, não haveria como alegar a ausência de flagrante, conforme a defensora, já que o cárcere privado é um crime permanente. Isso quer dizer que a consumação dele se prolonga no tempo, ou seja, a cada dia em que a pessoa está privada da sua liberdade de ir e vir, o crime estaria se renovando. "Esse é um crime afiançável, mas essa fiança tem de ser arbitrada pela autoridade judiciária, e não pela autoridade policial. Alguns desses delitos são afiançáveis, mas é preciso observar todo o contexto e a soma dessas situações todas. Nós não compreendemos porque não foi lavrado um flagrante, até porque a autoridade policial tem um prazo de 24 horas para comunicar à autoridade judiciária, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, caso o réu não indique um advogado. E a Defensoria Pública não foi comunicada do flagrante até agora", afirma Patrícia de Sá.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social foi questionada sobre os motivos para Massaharu não ter ficado detido, mas informou que não pode dizer nada, pois o caso corre em segredo de Justiça.

Família reclusa

Empresário foi conduzido para a Dececa sob suspeita de manter filhos em cárcere privado (Foto: Valdir Almeida/G1CE)Empresário foi conduzido para a Dececa sob suspeita de manter filhos em cárcere privado (Foto: Valdir Almeida/G1CE)

Empresário foi conduzido para a Dececa sob suspeita de manter filhos em cárcere privado (Foto: Valdir Almeida/G1CE)

Massaharu Nogueira Adachi é suspeito de manter a esposa e os seis filhos, com idades entre 4 e 19 anos, em cárcere privado. Ele foi levado à delegacia nesta sexta-feira (25) para prestar esclarecimentos, sendo liberado após cerca de cinco horas de depoimento.

De acordo com a Defensoria Pública do Ceará, as vítimas eram mantidas presas em um apartamento no Bairro Dionísio Torres, área nobre de Fortaleza. O local não tinha móveis e as crianças eram impedidas de ter contato com outras pessoas. Elas não frequentavam a escola e as duas crianças mais novas não possuem certidão de nascimento. Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso.

As crianças foram levadas para um abrigo institucional. O conselho tutelar vai procurar saber se há parentes que possam ficar com as crianças e adolescentes. Conforme o resultado do inquérito, elas podem ser destituídas da família. O casal foi encaminhado para a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente. O pai confirmou que os filhos não frequentavam a escola e ficavam trancados em casa.

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