quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Uberlandenses e ‘uberlandinos’ cooperam para o crescimento econômico do município

São pelas oportunidades de trabalho, estudo e pela busca à qualidade de vida que a “terra gentil que seduz” comemora 129 anos de emancipação e progresso. E como ela seduz. Passam anos, décadas, gerações e é cada vez mais comum a residência fixa de pessoas que veem em Uberlândia estímulo para os bons negócios. No aniversário da cidade, o G1 conta a história de alguns uberlandenses e uberlandinos que dão sua contribuição ao crescimento da cidade.

Quase metade da população residente de Uberlândia é de migrantes, aponta Cepes/UFU (Foto: Cleiton Borges/PMU)Quase metade da população residente de Uberlândia é de migrantes, aponta Cepes/UFU (Foto: Cleiton Borges/PMU)

Quase metade da população residente de Uberlândia é de migrantes, aponta Cepes/UFU (Foto: Cleiton Borges/PMU)

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU) mostra que o município aumentou 20,51% da população residente na última década. A porcentagem é superior ao comparativo observado para Minas Gerais e Brasil e ocorre devido ao saldo migratório positivo que a cidade tem em relação às demais regiões brasileiras. O estudo ainda revela que 49,1% dos residentes nasceram em outra cidade.

Esses migrantes são popularmente conhecidos como “uberlandinos” e o termo foi adotado a partir do jornalista Luis Fernando Quirino, no início da década de 70. O comunicador paulistano faleceu em 2005 e, como homenagem póstuma, teve o nome registrado em uma avenida no Bairro Jardim Inconfidência e escola do Jardim Célia, como contou o filho e chargista Maurício Ricardo.

“Meu pai queria um pouco mais de paz e proximidade dos filhos, por isso foi para Uberlândia. Ele falava que já que não era uberlandense, era uberlandino e esse termo pegou bastante. Ele sempre brincou com a gente que não iria deixar herança para os filhos porque era jornalista, mas o sonho dele era pelo menos virar nome de rua em Uberlândia. Realmente aconteceu”, contou ao G1.
Chargista Maurício Ricardo falou sobre o termoChargista Maurício Ricardo falou sobre o termo

Chargista Maurício Ricardo falou sobre o termo "uberlandino" que surgiu com o pai, o jornalista Luis Fernando Quirino (Foto: Carol Caminha/Gshow)

O decorador Rodrigo Magalhães Carneiro, de 48 anos, é natural de Patos de Minas, na região Alto Paranaíba, e se mudou para a cidade em 1993 para inaugurar a empresa no segmento de eventos. Hoje ele emprega cerca de 140 funcionários e comemora a expansão da antiga estrutura móvel para um centro de convenções de 12.500 m².

O novo espaço, situado na zona sul da cidade, conta com salas moduláveis e vai comportar até seis eventos simultâneos como shows, eventos sociais e corporativos. Mas o sucesso nos negócios após duas décadas já havia sido vislumbrado pelo ex-prefeito Virgílio Galassi, ainda nos anos 90.

“Eu lembro que em um evento o Virgílio nos elogiou por termos acreditado na cidade, pelo modelo do negócio. Disse que a empresa iria muito longe e naquela época foi um comentário de grande valia e nos inspirou para continuar os trabalhos até hoje”, relembrou Rodrigo.

Ponte Mato Grosso – Minas

O mesmo estímulo foi compartilhado pelo cirurgião dentista Mário Henry Neto, de 40 anos, que trocou o Mato Grosso do Sul pelo sossego mineiro. Ele conheceu Uberlândia durante os estudos de pós-graduação na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), se casou e teve três filhos na cidade. No ano passado, fundou uma clínica de odontologia digital e passou a conciliar os negócios mato-grossenses com os atendimentos em Minas.

Cirurgião do Mato Grosso buscou em Uberlândia qualidade de vida e investiu em clínica de odontologia digital (Foto: Beto Oliveira)Cirurgião do Mato Grosso buscou em Uberlândia qualidade de vida e investiu em clínica de odontologia digital (Foto: Beto Oliveira)

Cirurgião do Mato Grosso buscou em Uberlândia qualidade de vida e investiu em clínica de odontologia digital (Foto: Beto Oliveira)

“Me identifiquei com a cidade e no ano passado fizemos o investimento na clínica. O município recebeu muito bem a ideia e estamos satisfeitos com nossos resultados. O quesito qualidade de vida também pesou. Estando no Mato Grosso, em algum momento, eu teria que tomar a decisão de levar os filhos para estudar fora e escolhi Uberlândia para isso”, comentou.

Da feira livre à indústria de doces

A banca de doces artesanais do empresário Fausto Gabriel dos Santos, que antes percorria feiras livres nos bairros da cidade, se transformou ao fim da década de 90 em uma indústria com fornecimento para vários estados brasileiros.

A ideia de ampliar os investimentos e passar a rotular os doces partiu do incentivo dos próprios clientes. O empreendedor conta que eles falavam para ele começar a vender os produtos em grande escala para mercados e outros estabelecimentos, levando a tradição do doce mineiro artesanal para outros locais. Atualmente, o maior público consumidor está concentrado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.

“Apesar das dificuldades, estamos satisfeitos porque tudo o que nós conquistamos até hoje foi graças à cidade, ao povo de Uberlândia. O povo uberlandense é muito empreendedor, investe em conhecimento, por isso muitos se destacam a nível nacional e internacional”, comentou Fausto.

O publicitário Felipe César Lourenço foi outro uberlandense que optou por investir no setor de alimentos. Ao lado do sócio Luiz Otávio Nascimento Dias, ele abriu uma lanchonete em referência ao antigo “Bar do Bené” que foi fundado pelos avós Benedito Diniz e Orlanda Lourenço em 1958.

Quem frequentava a lanchonete naquelas décadas lembra-se facilmente do pioneirismo em oferecer o serviço drive-thru e servir catchup para acompanhar o delicioso sanduíche de pernil com pão francês. Foi a primeira lanchonete da cidade a funcionar 24 horas e, aos poucos, chegou a marca dos 500 sanduíches vendidos diariamente.

Antigo Bar do Bené foi a primeira lanchonete da cidade a servir catchup e oferecer serviço drive-thru em Uberlândia (Foto: Nosso Lanche Bar/Divulgação )Antigo Bar do Bené foi a primeira lanchonete da cidade a servir catchup e oferecer serviço drive-thru em Uberlândia (Foto: Nosso Lanche Bar/Divulgação )

Antigo Bar do Bené foi a primeira lanchonete da cidade a servir catchup e oferecer serviço drive-thru em Uberlândia (Foto: Nosso Lanche Bar/Divulgação )

Instalado no mesmo local da Rua Carmo Gifoni, no Bairro Martins, o neto do seu Bené junto ao amigo repaginaram o cardápio, o layout do bar e reabriram o espaço neste ano resgatando a história e preservando a tradição do estabelecimento da família.

“É muito bom ver o carinho que as pessoas tinham com meu avô e minha avó, que é viva e até já me ensinou o tempero especial do sanduíche de pernil [risos]. Todo dia ouvimos uma história e lá no bar e os antigos garçons até nos visitaram para compartilhar algumas delas. Realmente o Bar do Bené marcou época e agora resgatamos um pouco isso, mas com a nossa marca, em um negócio diferente”, explicou Felipe.

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