Após o anúncio da indicação ao título de Patrimônio Mundial da Humanidade, os olhos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e dos governos voltam-se à Fortaleza de São José de Macapá. Há um longo plano de metas a ser cumprido e um dossiê a ser elaborado e entregue até 2019 para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Três reuniões e uma oficina foram realizadas para discutir como se dará a campanha do patrimônio amapaense, que concorre a uma indicação seriada, junto com outras 18 fortificações espalhadas por 10 estados brasileiros.
Rodrigo da Nóbrega Machado, arquiteto e urbanista do Iphan Amapá, explica que os trabalhos estão concentrados em três blocos de ações: elaboração de um plano de turismo para a Fortaleza, que não existe; discussões sobre a sua ocupação, uso e cuidados do entorno, ponto que deve ser definido com o envolvimento de empresários, sociedade civil, comerciários, governos estadual e municipal; e a segurança do bem.
“Fizemos o levantamento das situações mais emergenciais e faremos outras reuniões para montar ações e estratégias específicas para a fortaleza como patrimônio da humanidade. Em relação a revitalização, existe um projeto de reforma da Seinf e a empresa já atua no local”.
Sobre a elaboração do dossiê, o arquiteto diz já haver fragmentos dele, como parte da história já escrita e o levantamento dos valores culturais a se preservar.
O restauro mais robusto será na impermeabilização das casamatas (onde funcionava o alojamento dos guardas), para evitar que a umidade tome conta das paredes, e dar uso aos espaços. Além disso, será necessário reestabelecer os sistemas hidrossanitário, elétrico, reformar esquadrias diversas, fazer a caiação, dentre outros reparos necessários.
O fato é que o museu precisa estar pronto até 2019, quando uma comissão da Unesco visitará as 19 fortificações candidatas.
Marcelo Brito, técnico do Departamento de Articulação e Fomento do Iphan de Brasília, esteve em Macapá na última reunião e deixou recado.
“A Fortaleza de Macapá é a mais imponente, mas percebemos que tem muito trabalho a ser feito. No momento ela não está em condições de ser apresentada a Unesco. É preciso um olhar urgente de cuidado e decisões técnicas estratégicas e de gestão, que demandam posicionamentos políticos e institucionais”.
De acordo com o governo do estado, um investimento de R$ 3 milhões está sendo aplicado na revitalização da fortificação, cujos serviços estão em curso. O secretário de estado da Cultura, Dilson Borges conta que os trabalhos iniciaram em julho, mas que não há uma data prevista para finalizarem.
A Fortaleza de São José de Macapá já é patrimônio tombado pelo Iphan. O fato de ser reconhecida como patrimônio mundial, ainda de acordo com Marcelo Brito, abre muitas perspectivas para o estado, pois favorece dinâmicas econômicas, culturais, sociais e turísticas. Para além dos aspectos de elevação de autoestima e valorização da própria identidade local.
“Teremos a missão externa da Unesco que virá avaliar o monumento, e os membros precisam perceber que as pessoas da terra nutrem sentimento de pertencimento em relação a fortaleza, se as pessoas do lugar não a reconhece, como a gente pode esperar que o mundo faça o mesmo?”
O Brasil possui 21 bens reconhecidos como patrimônio mundial, nenhum deles é fortificação.
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